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Ela se afastou exuberante no seu vestido preto justo cheio de brilhos, me deixando quase que invisível no jeans surrado e no cropped de listras preto e branco. Ergui o queixo deixando um suspiro perceptível quando ele ficou a minha frente. Meus olhos faiscaram automaticamente e foi difícil não revirar os olhos para o seu sorriso de lado.

— Iai, princesa?

— Nada bem.

Ele franziu levemente o cenho, fingido preocupação.

— O que houve?

— Eu pensei que você não viria e que amanhã no noticiário estaria: Salva vidas é morto depois de ter a bunda arrancada por um tubarão.

Ele gargalhou alto atraindo os olhares do nosso grupo de amigos em comum, de um pouco mais de cinco pessoas, que logo desviaram para suas bebidas gaseificadas.

— É realmente uma grande decepção seu sonho não ter se realizado, mas sempre tem o amanhã. Não vamos desanimar.

Abri um pequeno sorriso teimoso e cruzei os braços contra o corpo. Ele estava próximo demais e sem camisa, o que deixava o meu cérebro confuso e erroneamente estúpido.

— Já pode voltar para os seus amigos.

— Tentando se livrar de mim?

— Sempre! — sorri.

Ele deu um passo para frente e eu dei um passo para trás. Minhas costas baterem na grade da piscina.

— Princesa, você está ferrada! Porque eu vim até esse mundo para transforma sua vida em uma grande aventura. Se quiser se livrar de mim, vai ter que ser mais persistente. — Ele piscou e ficou ao meu lado passando os braços pelo meu ombro. Apertei os braços sobre o peito com mais força, o que ele percebeu já que senti seu hálito quente sobre meu ouvido. — Podemos fazer isso à noite toda, ou você pode tornar as coisas mais interessantes. Você faz as regras princesa e eu posso tentar obedecê-las, mas nunca se esqueça: foi você quem começou.

Eu sabia que a culpa era minha, mas tudo começou quando erámos crianças. A brincadeira se tornou um hábito... Amigos que virão inimigos? Era divertido. Esse era o nosso perfil e eu não sentia orgulho disso, mas gostava.

— Eu odeio esse apelido! — falei entre dentes com o coração acelerado.

— Claro que gosta, foi você que escolheu.

— Nós éramos crianças! Faz um bom tempo, época onde você era uma pessoa decente, mas ironicamente irritante.

— Irritante? — Ele riu. — Vamos relembra: Yasmin, a princesa nerd com mania de controladora que adotaria todos os cachorros do planeta terra se pudesse.

Bufei. Ele levou a lata de refrigerante à boca, mas aquele maldito sorriso convencido estava ali. Meu cérebro ignorou a parte boa da frase e focou na: controladora?

— Desculpa prodígio que aprendeu a nadar com quatro anos, sozinho. Não é culpa minha que você não sabe tomar suas decisões e eu tenho que fazer por você! Graças a mim, você é um pouco inteligente!

Senti seus deslizarem pelo meu braço e tentei ignorar.

— Graças a mim você sabe nadar! Mesmo que goste de fingir que não sabe como bater as pernas quando estamos na praia com sua família. Como você diria para eles que invadia a casa do seu vizinho para nadar na piscina dele?

Fechei os olhos por um segundo sentindo meu rosto esquentar. Idiota cretino!

— Eu odeio você! — Fiz questão de olhá-lo bem dentro dos olhos. Ele abriu um grande sorriso e se inclinou me deixando parcialmente paralisada.

— Eu sei, princesa. Também odeio você! Odeio você para todo sempre.

Vi Eric se afastar indo até a piscina com seus dois amigos que olharam para mim e acenaram. Revirei os olhos para eles que riram em resposta. Eles podiam explodir junto com o melhor amigo que achava que ainda tinha o direito de dizer qualquer coisa sobre mim.

Ele não me conhecia!

Não exatamente como antes...

Nós crescemos praticamente juntos. Éramos os vizinhos bagunceiros, que botavam o terror na Vila Alameda. Ele era o garoto mais legal que eu tinha conhecido, até virar um homem lindo, gostoso e que pegou minha melhor amiga e partiu o coração dela, assim como o meu. E eu virei a mulher que deu um fora nele bem no dia dos namorados aos 20 anos. Estávamos quites. Ambos quebramos o coração do outro.

Antes de Eric Garcia, eu não tinha uma lista de inimigos. Hoje, seu nome estava sublinhado com caneta vermelha com várias bombas ao lado com tinta permanente preta. Mas apesar do drama agudo, nos dávamos bem porque era difícil ignorar os pontos em comum e os tempos que éramos amigos com um crush mútuo e principalmente pela ameaça:

— Você ainda vai me amar para todo sempre!

Eu te odeio para todo sempre! (Conto)Onde histórias criam vida. Descubra agora