As manhãs de sábado são agradáveis quando se tem 8 anos e tudo o que deseja é aproveitar o primeiro dia de folga da escola depois de cinco dias acordando para cumprir obrigações escolares. O parque parece ser um complemento no cenário bucólico de duas crianças correndo pela grama verde, salpicada de outras cores das folhas que caem das árvores e canteiros de jardim.
Gemma é dois anos mais velha do que eu, mas minha irmã parece manter a mesma sensação que eu sobre as manhãs do fim de semana, enquanto brincamos de pega.
Em algum momento ela dispara na frente e eu apenas preciso concentrar a força em minhas pernas para correr ainda mais rápido do que ela para alcança-la na única missão que tenho no momento, capturar e transformá-la em pegador.
Mas ela consegue correr bastante antes de parar abruptamente e com os olhos brilhantes, ao encarar a lona azul e amarela que desponta a nossa frente.
- Olha Harry! Um circo! Isso é muito divertido! Vamos entrar, rápido! - Ela diz sem me dar tempo para responder, correndo em direção a ele, levantando uma borda da lona e passando por debaixo dela.
- Gemma! - Eu tento chamá-la sem sucesso, já que ao fim do meu chamado ela já sumiu para dentro do picadeiro.
Nesse exato momento, o clima solar que predominava muda instantaneamente para um céu nublado e um vento úmido e frio abraça o meu corpo como um pressentimento ruim. Eu odeio esses pressentimentos ruins, mas eles estão acontecendo com certa recorrência nos últimos tempos.
Eu olho para os lados e não vejo mais qualquer pessoa, sendo todo o entorno do circo um grande vazio e silêncio. Eu procuro com os olhos por nossos pais ou qualquer outro adulto, mas estou completamente sozinho.
Uma águia passa dando um rasante pela minha cabeça. Eu não consigo vê-la exatamente, mas sinto o seu vulto passando no alto dos meus ombros soltando um grito alto, que ecoa pelo vazio do parque. O som dela bate na lona e volta para meus ouvidos em um eco que me causa um arrepio ruim. Apenas sinto medo e acho que o melhor é ir atrás da minha irmã e usar a cobertura do circo para me abrigar.
Levanto o tecido plástico e passo pela mesma abertura por onde a minha irmã entrou. Assim que estou dentro, olho em volta e vejo que tudo também está completamente vazio, estando ao centro um pequeno picadeiro.
- Ge-Gemma? - eu tento chamar por ela, mas minha voz não sai tão alta e forte como devia.
Eu não a vejo por lugar nenhum e estranhamente o circo não parece ter uma porta de entrada e saída. Uma música de circo toca em um mono tom, como em uma caixinha de música, o que é irritante pelos compassos repetitivos.
Eu caminho lentamente para o picadeiro, ainda olhando em volta tentando assimilar tudo e procurando por minha irmã enquanto a musiquinha repete e repete sem interrupção.
Assim que piso no picadeiro, as luzes do palco todas se acendem em minha direção me iluminando. A musiquinha para instantaneamente.
Eu começo a ouvir uma risada macabra por toda a arquibancada, ora em um canto, ora em outro. E eu me viro em meus calcanhares na mesma velocidade que as risadas mudam de lado ao meu redor na arquibancada.
Até que em um dos cantos eu o vejo. Claro e nítido.
É o W.
Ele está parado em pé, com uma roupa de palhaço branca com detalhes em vermelho. Uma maquiagem forte de arlequim que não me permite reconhecer suas feições. Na mão esquerda, ele tem um cigarro aceso, que ele apenas leva à boca para dar uma forte tragada que consome quase um terço do papel do fumo de uma vez.
- Surpreso em me ver, Harry? - Ele pergunta sem olhar para mim, fitando seus olhos apenas no cigarro - Pois não devia ficar. Este tipo de pesadelo é tão clichê...
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W - [Larry Stylinson]
FanficHarry Styles-Tomlinson é um psicólogo forense que auxilia o FBI na busca por um serial killer responsável por uma série de assassinatos brutais. Mas tudo o que se sabe até agora é a assinatura do assassino, W, e que este usa uma macabra fantasia de...