Capítulo 4

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Elizabeth Sartori era um gênio. Seu sangue, sua descendência e seu sobrenome não davam qualquer brecha para que ela fosse menos do que isso. Desde quando era apenas uma criança, já tinha acesso livre a livros, artigos e qualquer fonte de informação científica, diferente de Nathan Sartori, Elizabeth sempre demonstrou interesse pelo conhecimento e pelo poder que ele trazia. Aos 6 anos, ela estudava por pura diversão, fazendo experiências, teorias e pesquisas que qualquer garota da sua idade sequer pensaria em fazer, Elizabeth adorava acompanhar seus pais até o laboratório, ela os enchia de perguntas sobre como e porquê certas coisas aconteciam. A coisa que Elizabeth mais amava sobre a ciência era como ela dava poderes para pessoas comuns: era possível criar, descobrir e até mesmo destruir incontáveis tipos de coisas com o conhecimento. Elizabeth não tinha muito interesse na parte da destruição, ao menos não naquela época. Mas sua grande paixão era construir, pensar em algo, fazer um plano para isso e então vê-lo se tornar real. A menina não conseguia enjoar daquela sensação, o sentimento de ser capaz de fazer qualquer coisa.

Quando tinha 8 anos, Elizabeth fez seu primeiro protótipo de robô, ele cumprimentava as pessoas com um aceno de mão e também fazia uma dança engraçada, ela o mostrou para seus pais.

— Uau, isso é incrível, Lizzie. — falou Nathan, surpreso.

— Como você fez isso, querida? — Marie estava tão chocada quanto o marido.

Os dois observavam o robô de 10 centímetros dançar mecanicamente, apesar de parecer muito frágil e desengonçado ainda assim era quase inacreditável pensar que uma criança da idade de Elizabeth o construiu sozinha.

— Eu usei o manual da biblioteca do papai, usei os fios do abajur e a bateria da minha antiga boneca dançarina para fazer ele ligar, depois programei alguns movimentos no chip de controle que tirei do videogame, mas ele não tinha muito espaço de armazenamento — Elizabeth explicou detalhadamente — Usei madeira de base porque foi o mais fácil de achar... Ah, sim, também usei a placa do computador. Foi um pouco difícil usar as ferramentas, mas deu tudo certo! — ela levantou os polegares, revelando os curativos dourados nos dedos.

Nathan e Marie ficaram sem palavras diante daquela revelação, primeiro porque Elizabeth tinha feito tudo sozinha e segundo, ela havia destruído uma porção de coisas para montar aquele robô; Nathan quis chorar em luto pelo seu computador destruído. Elizabeth aguardou ansiosamente a reação deles; ela sempre ficava inquieta quando mostrava algo novo para os dois, apesar de admirar e gostar de muitos cientistas famosos, as maiores inspirações de Elizabeth continuavam sendo Marie e Nathan.

— Filha, isso é realmente incrível, você fez um ótimo trabalho. — Marie elogiou, acariciando o rosto dela.

Elizabeth colocou as mãos para trás e olhou para o chão, suas bochechas sardentas ficaram coradas.

— Tem muitos erros. — ela murmurou.

— Para alguém da sua idade, essa é uma quantidade assustadoramente pequena de erros. — Marie afirmou — Você tem uma mente maravilhosa, querida, eu posso imaginar quantas coisas grandiosas você ainda vai fazer.

A garotinha começou a enrolar uma mecha de seu cabelo ruivo nos dedos, ela sempre fazia isso quando estava envergonhada ou nervosa. O olhar de Elizabeth se voltou para Nathan, que continuava em silêncio, ela mordeu o lábio inferior e sentiu vontade de chorar, pensando que ele não tinha gostado do robô.

— Você não gostou, papai? — Elizabeth sussurrou a pergunta.

Só então Nathan pareceu voltar para a realidade; ele olhou para a filha, vendo seus olhos verdes começarem a ficar úmidos. Elizabeth era muito sensível quando o assunto era ele e Marie.

Kátharsis: O Pesadelo CelestialOnde histórias criam vida. Descubra agora