Enlouqueci?

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Estou ajoelhado diante o buraco que fiz na terra, e me levanto logo após perceber que não tinha nada no saco ali presente. Me viro e começo a olhar para a casa de Campbell - que aparentemente não está me vigiando. Seria estranho se ele me observasse fazer o que fiz agora.

Em mim, percorre um alívio por saber que não possui nada neste saco. Entretanto, por que há uma pá aqui e o saco em si? Será que eu bebi e usei drogas naquela festa? Ao ponto de me fazer alucinar... é a resposta mais plausível. Aliás, não sei como cheguei em casa ontem. Christie deve ter me deixado na cama, enquanto eu estava dopado. Espero que tenha sido isso. Apenas isso. Se tudo foi alucinação, Christie ainda deve estar por aí; só não sei como achá-la e nem faço ideia de como começar a procurar. Será que eu disse algo que lhe deixou magoada...? Não sei, sou incapaz de lembrar. De qualquer forma, ela voltará; assim espero.

Cansado e suado. Meu biotipo, ruim, me faz suar bastante. Não há muito benefício em ser magro, mas, olhando outras pessoas que não são, agradeço às divindades por ser assim. Atrasado em minhas tarefas, preciso estudar para um trabalho da faculdade. Cursar Direito não é fácil; eles comem você vivo; preciso ficar atento. Sem mais enrolar, agarro a pá e cubro novamente aquele buraco com a terra que se espalhou pelo meus pés e do outro lado do buraco em relação a mim.

Posteriormente me direcionei à porta de casa, com o intuito de tomar banho e ir direto para a mesa, estudar.

"Sempre uso uma camiseta de manga longa preta, um colar barato e frágil que achei no chão da rua, calças jeans azul escuras - não muito largas - e um par de tênis totalmente desgatados. As vezes - por conta do meu cabelo - chego a usar toucas.

Não que meu cabelo seja feio, ele apenas voa muito quando saio de casa - muitas das vezes se torna insuportável. Não tenho lá muita paciência para arrumá-lo também! Apenas acordo, tomo banho, estudo, almoço e vou para a faculdade; e isso já é o maior grau de suficiência para um homem, em minha opinião.

Arrumar o cabelo, não vai além de um trabalho chato de vaidade. Mas, como todos, nem eu posso fugir da vaidade; seja onde ela estiver. Penso assim, porém, de qualquer forma acabo me importando com a aparência. Me sinto até estiloso com algumas roupas que tenho no guarda-roupa!

Eu ando sendo muito sociável ultimamente, alguma diferença aqui. As pessoas me respeitam - maioria delas. Tenho alguns "amigos", que, eu sei que são falsos. Mas os deixo por perto, apenas para manter as aparências. Não quero que haja novamente um deslocamento entre mim e as pessoas.

Acima de tudo, tento ser verdadeiro, empático e bom. Não consigo sempre. Por exemplo, ajudar alguém que me pede dinheiro; eu não ajudo, pois existem duas probabilidades ali existentes: eu dar o dinheiro e esta pessoa não usar para se ajudar; ou eu dar este dinheiro e a pessoa se ajudar, mas pular em cima de mim sempre que estiver necessitada, eventualmente, para me usar - sugar todo meu dinheiro. Não me usar, apenas tentar, pois eu não caio nessa armadilha.

O fato é que: eu estou feliz, muito feliz! Tudo que eu tenho é suficiente, não preciso de mais nada. Eu tenho tudo que alguém normal sonharia em ter."

Vou até meu quarto. Está muito calor, irei tirar essa roupa logo. Imediatamente depois de remover meus tênis, começo a tirar a camiseta de manga longa que eu estava usando.

Sem consciênciaOnde histórias criam vida. Descubra agora