Carta de Amor III

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Um grupo de guardas apareceu para socorrer seus companheiros caídos. Os ferimentos não eram sérios, mas tudo indicava que continuariam dormindo por dias depois dos ataques que receberam.

Um pombo branco foi se aproximando, até pousar no meio do ar para encará-los.

— E-ele está flutuando! - exclamou um novato.

Um camaleão se tornou visível, suas escamas naturalmente púrpuras eram capazes de se camuflar em qualquer superfície, além disso, calçava um par de luvas e tênis customizados, e tinha um chifre amarelo na frente do rosto, destacando a sua silhueta. O pombo, tranquilo em seu braço, começou a falar:

— Pru, pru! - Inclinou a cabeça algumas vezes, e continuou: — Pru, a Prefeita mandou vocês subirem até o último andar da torre. O que vocês estão esperando? Um aumento? Ela disse para se apressarem! Pru!

O pombo voou para longe.

— Fiquem aí - disse o camaleão, rumando o prédio. — Tomem conta dos outros guardas, eu vou ir sozinho.

— Ei, o que está acontecendo? - perguntou o novato. — Quem são esses animais?

— Se ele está aqui é um mal sinal - afirmou outro guarda. — É melhor não se meter nisso, nós não sabemos quem tentou invadir a torre mais cedo. Eu comecei a suspeitar quando o Pombo Mensageiro nos mandou ficar de fora, mas agora eu tenho certeza, as coisas estão muito ruins se tiveram que mandar Espio, o líder da Divisão de Investigação.

—×—

Enquanto o vento soprava em seu rosto, Honey aguardava seu "anjo da guarda" aparecer para salvá-la outra vez. As luzes da cidade perderam sua intensidade, quando percebeu, o mundo que a cercava havia se tornado cinzento e morto, nada estava se movendo, era como se... o tempo tivesse congelado. Ela sentiu o calor de alguém segurar sua mão. Seus olhos foram subindo até encontrar a figura que lhe puxava para cima, uma sombra com duas asas largas de energia nas costas.

Apesar de não conseguir enxergar com clareza, já que seus óculos tinham caído enquanto estava mais preocupada em não se espatifar do que qualquer outra coisa, era possível decifrar o suficiente da silhueta para que começasse a acreditar que fora uma gata antropomórfica como ela que a salvara... na verdade, seria certo dizer isso? Pois só poderia ser ela a responsável por tê-la empurrado, e talvez até mesmo por ter armado a luta de antes.

— Controle... do Caos...

Sim, era mesmo aquela voz... O peso de Honey não estava lutando contra sua ascensão, parecia até que a gravidade parou de existir, ela nunca se sentiu tão livre antes. Por outro lado, aquele mundo era intocável como um reflexo, por mais que estivesse longe de tudo, apenas olhar para os prédios fazia Honey pensar que seriam tão palpáveis quanto os de uma fotografia.

— Talvez seja minha fixação pelo gênero de garotas mágicas, mas isso me lembra da Magical Princess Sunset Butterfly... todo ser vivo tem uma alma, e é dela que nasce o poder que se manifesta com nossos pensamentos, era isso que estava me protegendo! Essa pessoa é assustadora, mas... ela é como eu! - pensou Honey.

Honey sentiu o calor esfriando. Quando a sombra aterrissou no topo da Torre de Armstone com ela, tudo voltou ao normal, e a cidade barulhenta e colorida estava funcionando como se nada tivesse acontecido.

A sombra apenas se distanciou a passos calmos. Honey engoliu em seco, e cerrou os punhos.

— Por que você está me perseguindo? - perguntou com sua voz firme.

A sombra se virou, suas íris vermelhas pareciam um par de argolas flamejantes flutuando na frente de Honey. Mesmo que todo o resto da silhueta fosse apenas uma mancha, aquele olhar era algo que ela jamais esqueceria.

Anjo Carmesim - Honey the CatOnde histórias criam vida. Descubra agora