Capítulo 10

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Naquele dia, eu não vejo mais Diego e passo o tempo com meus amigos na praia. À noite, Vitor pede que jantemos sozinhos em um restaurante e eu aceito, já que realmente desde que chegou a gente não fica sozinho nunca.

De certa forma, é conveniente pra mim, porque depois do que rolou com Diego, comecei a sentir um desconforto em ficar com Vitor, sem me sentir uma fraude.

Eu queria esquecer a traição — não tem uma maneira bonita de nomear o que fiz –, mas é difícil.

Agora, enquanto voltamos andando pela areia, com Vitor segurando minha mão e conversamos sobre assuntos banais, como a preparação para minha festa dali a uma semana, eu me pergunto quando é que as coisas vão voltar a ser como antes.

E estava bom com Vitor antes?

Uma vozinha inconveniente sussurra em meu íntimo, mas eu a afasto. Não é justo culpar Vitor quando fui eu quem errou.

Quando chegamos ao jardim, Vitor me beija e eu deixo.

O quintal está silencioso, pois Caio, Babi e Flavia foram dançar na Sirena.

— Vitor, meu pai pode ver. — Eu paro a mão dele, que desce para minha bunda.

Vitor ri, contra meu pescoço.

— Então, vamos fazer direito.

Ele me puxa pela mão, pela escada externa, até que estejamos no meu quarto.

Ele me abraça de novo, enterrando o rosto em meu pescoço e me levando em direção à cama.

Eu suspiro quando sinto os lençóis frios sob minha pele e Vitor com sua beleza loira e sorriso charmoso pairando acima de mim enquanto tira a camisa.

Vitor é lindo, tem um corpo magro, porém com músculos suaves, bem cuidados nas duas horas de academia que faz todo dia.

Teve um tempo que eu o achava perfeito. Houve um tempo em que eu o desejava.

Mas não hoje.

Ele se abaixa, distribuindo beijos por meu colo, mas aquela constatação pesa como chumbo no meu estômago e me retraio.

— O que foi? — Ele levanta a cabeça quando percebe que estou parada feito um cadáver.

— Desculpa, não estou a fim.

Vitor se senta na cama, irritado.

— De novo? Qual a sua desculpa hoje?

Eu me sento também.

— Não é desculpa...

— Estamos com algum problema? — Ele me encara, esperando a resposta.

Eu posso dizer que sim. Nós temos. E o problema se chama Diego Pupo e é meu meio-irmão que me odeia, mas por quem sinto um tesão que não deveria existir.

Mas como posso sequer pensar em contar algo assim para Vitor?

Ele não entenderia.

Ninguém entenderia.

Caramba, nem eu entendo!

— Só não estou no clima, Vitor. Não faz drama, tá? — Eu saio da cama. — Acho melhor ir para o seu quarto.

— Vai me dispensar assim mesmo? Desde que cheguei está estranha!

— Não estou! É impressão sua!

— Nós nunca ficamos sozinhos e quando ficamos, você não parece curtir minha companhia.

— Não é nada disso, mas essas férias são para curtir com os amigos e meu pai e Márcia... — Evito falar o nome de Diego. — E não me sinto à vontade para transar, sendo que meu pai está no quarto ao lado!

Verão CruelOnde histórias criam vida. Descubra agora