Capítulo 28

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Me virei de frente para ele e segurei seu braços, o olhando nos olhos.

-Se você não me disser a verdade, não tem como eu te ajudar e nos ajudar, PA.

Ele fugiu o olhar do meu, neguei com a cabeça, suspirei. Sentei na cama.

-Eu cheguei em casa ontem e chorei tudo o que precisava chorar. Desabafei com a Nina tudo o que precisava desabafar. E olha que fazia tempos que não passava por isso...

Ele me olhou.

-É é. Ou ce acha que tudo o que eu sinto por você é bobagem? Cê acha que mudar só pra amizade vai ser mó de boa? Não PA... A gente conversou sério, e mesmo assim não consegui saber nada de você. Não sei se é isso que você quer também, você simplesmente não diz. Porra, lá fora, na internet, com os fãs, você agir de um jeito é uma coisa, mas nem comigo você não pode, não quer, se abrir? Você não me fala nada, eu não sei de nada. Tomo a decisão melhor pra gente, pra mim, e no outro dia cê não respeita e vem pra cima de novo. Me diz PA. Não quer assumir, não quer nada sério, o que então ce quer? Quer ficar comigo, mas ter brecha pra ficar com outras meninas também? Quer ficar longe? Não quer manter nem a amizade? Essa é a melhor opção pra você? Então fizemos isso. Só me diz, porque eu literalmente não aguento mais. Eu não preciso disso, e você sabe!!

Finalmente ele me olhou. Seus olhos estavam marejados. Lutou para que nenhuma lágrima descesse.

-Eu fiz tudo o que eu podia e o que eu não podia, desde o momento que eu saí da casa, até agora. Por nós. E isso que eu recebo? Zero reciprocidade? Eu mereço isso? Me diz PA. Você não quer nada, mas também não me deixa ir.

-Óbvio que tu não merece isso Jade. Ta maluca!!

-E se eu não mereço, porque você faz e continua fazendo????

Silêncio.

Nina entra no quarto empurrando com força a porta.

-Vaza PA

Ela aponta para a porta.

-Vamos, levanta e sai. Eu não vi ela chorar ontem e hoje tentar ficar bem, pra manter a amizade de vocês, por que ela gosta muito de você, e você vir aqui e acabar com tudo, mais uma vez. Por favor, sai daqui agora!!! Se você não quer levar ela a sério, logo aparece alguém que queira. SAI!! Porra.

Patrick escutava na porta, parado, não conseguiu impedir ela. PA também não sabia o que fazer. Me olhou.

-Nina, estamos conversando. Não precisa disso, vai. Estamos de boa.

-De boa Jade? De boa? Deu pra escutar tudo! Ele vai te dar as costas e continuar com as bobices de antes! Não. Não. Sai agora Paulo André!

PA levantou, pegou na minha mão, pegou na mão da Nina e nos puxou até a sala. Nos colocou no sofá. Sentamos. Ele então puxou uma cadeira da mesa de jantar e colocou de frente para nós. Sentou.

-Cês querem saber? Pois já vou falar pras duas pra poupar a Jade de ter que repetir depois.

Ele olhou pra Nina. Me olhou.

-Falta de reciprocidade? Pode ser que tu veja isso em alguns momentos, mas porra, fiquei uma semana indo atrás de tu e fui ignorado.

-Semana essa que ela te ignorou por que cê foi otário! Se você estava indo atrás, é por que sabe que fez burrada

-Nina...

A repreendi.

-Eu vi ao vivo tu dizer que era impossível um namoro aqui fora. Não só isso, vi vários outros. Minha cabeça confusa e quando a gente se encontrou, parecia que tudo tinha mudado, inclusive tua opinião.

Suspirou. Continuou.

-Todo mundo, principalmente o Patrick me contou como tu pulou na bala por mim aqui fora, ta ligado?

-E não deveria, duvido muito que ce ia fazer o mesmo por ela.

Nina respondeu. PA olhou pra ela e voltou a se concentrar em mim.

-E eu vou ser eternamente grato por isso. De verdade. Tu é foda demais. Um mulherão da porra. Que inclusive muitas vezes eu acho que é demais pra mim.

Concentrada, deixava ele falar e escutava tudo.

-Mudei passagem, mudaria de novo, passei uma semana mandando mensagem e sendo ignorado, faria de novo. Te levei no chalé, levaria de novo. Sou otário, concordo com tu. Mas Jade, infelizmente tem coisas e jeitos que não vou conseguir mudar. Eu não consigo ser menos lerdo. Eu não consigo surpreender. Não consigo fazer acontecer. Eu tenho medo. Medo de me magoar, mas principalmente te magoar, não ser quem tu precisa que eu seja. Lá dentro da casa foi uma coisa, aqui fora eu sei que é outra, e tudo o que estamos vivendo, está sendo maneiro e pá, mas se tu não consegue ter paciência com meu tempo, não tem o que eu fazer também.

Silêncio. Eu tinha vontade de abraçar ele e dizer que sim ele era suficiente pra mim, e que ele não precisava ter medo de nada, conseguiríamos juntos. Mas não. Engoli seco. Limpei uma lágrima que insistiu em cair. Nos olhamos fundo por alguns segundos.

Mais silêncio. Eu não sabia o que falar, mesmo querendo falar muito.

-Era esse rolê de amigos que ces tinham planejado?

Perguntou Patrick, alguns minutos depois, querendo quebrar o clima péssimo que estava ali, e o silêncio. 

-Vamos acalmar galera. Não da pra ficar assim não. Tudo o que ces viveram lá dentro, os fãs que ces ganharam. Vão carregar essa história pra sempre com vocês. O mínimo que vocês tem que fazer é ficar bem e serem amigos.

-Patrick tem razão.

Levantei do sofá e limpei novamente o rosto.

-Amanhã eu volto pro Rio, vamos tentar ficar bem hoje! Nina terminou os drinks? Vamos assistir um filme?

O clima estava péssimo! Eu queria sumir. Enfiar minha cara no travesseiro e chorar. Cheguei perto do PA, fingi um sorriso, estendi minha mão, fiz ele levantar.

-Eu acho que merecemos manter nossa vibe de amigos pelo menos né?

Ele concordou com a cabeça e soltou um breve sorriso. Me puxou, me abraçou forte.

-Marrenta, marrenta. O que eu faço com tu?

Antes de me soltar, puxou a Nina para nos abraçar também. Meio olhando torto e sem querer muito, mas ela aceitou e retribuiu o abraço. Ela gosta muito do PA. Só me defende com unhas e dentes quando é preciso.

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Peça-me O que Quiser ou Deixe-me | JadréOnde histórias criam vida. Descubra agora