Capítulo 1 - Joseph, o estranho de olhos brilhantes

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Era uma vez um tempo em que uma simples cerveja ruim de uma taverna qualquer foi uma das causadoras do maior escândalo da Coroa em anos.

Havia um príncipe de nome Eric, filho de uma rainha respeitada, chamada Nadia, de um grande reino, cujo pai fora morto em uma guerra sangrenta que durou exatos sete dias. Por conta disso, o príncipe sentia falta do pai e, a despeito de sua falta de interesse em assumir o reino assim que necessário, ele o faria, pois achava que tinha um dever com o pai morto, que lutou contra o exército do Reino de Victoria por sete dias ininterruptos e morreu no fim do sexto dia; achava que tinha um dever com a mãe viva, que fez tudo o que podia pelo reino sendo a rainha; achava que tinha um dever com o povo, que confiava em sua família.

Em meio a tantos deveres, Eric um dia foi visto andando cambaleando, com uma garrafa de cerveja nas mãos, pelas ruas vazias e sujas de Aurora, a capital do reino, por muitos moradores da cidade e esses moradores pensaram se aquele seria o herdeiro ideal para assumir o trono no futuro. A Rainha tentou entender o que havia acontecido para que o príncipe agisse daquela forma, tentou entender o que se passava na cabeça do jovem príncipe, mas, no fim, entendendo ou não, tinha que fazer seu trabalho de mostrar para o jovem Eric que ele tinha deveres com a Coroa e perambular bêbado nas ruas de Aurora não era um deles.

— O que é isso? — A Rainha entrou no quarto onde Eric tropeçava nos móveis com a camisa suja e a calça rasgada. Ele sorria enquanto olhava para a mãe.

— “Isso” sou eu, mãe — o príncipe respondeu, bêbado e sorrindo.

A Rainha ficou em silêncio por um tempo. É muito provável que ela, naquele momento, queria abraçar o filho e dizer que estava tudo bem, mas como não podia, apenas disse, com um tom de voz que Eric estranhou:

— Lave-se, durma e amanhã conversamos.

E o príncipe sorriu. Ele queria conversar agora. Queria falar. Queria contar que tinha conseguido o primeiro lugar no treinamento de três anos no Forte Real e não porque era o príncipe, mas porque ele realmente lutava muito bem. Queria contar que foi por isso que ele achou que poderia comemorar. Queria que a mãe ficasse orgulhosa de sua conquista. Queria.

Mas a porta pesada de madeira se fechou antes que ele pudesse sequer abrir a boca.

Era uma vez um tempo em que uma simples cerveja ruim de uma taverna qualquer foi uma das causadoras do maior escândalo da Coroa em anos, mas o escândalo não foi a única consequência, longe disso. A reunião do Conselho em que um dos conselheiros, Victor Sierra, apontou (com uma certa razão, Eric reconheceu depois, quando tudo já tinha acontecido) que a atitude do príncipe era deplorável, por exemplo, o príncipe já considera atualmente, muito menos ruim que todo o resto. Ali, ele apenas aceitou a contragosto, passar uns dias no Norte, fazendo algumas aparições com o General Frost no Front e a situação com o Conselho estaria, relativamente, resolvida. Todo o resto, entretanto, nunca o foi.

Dois dias depois, Eric estava de partida.

— Isso vai te ajudar, meu filho — A rainha disse e Eric apenas sorriu. Nadia continuou: — Eu te amo.

— Eu sei, mãe.

Eric subiu na carruagem. O ar abafado da cidade estava fresco naquela madrugada. Era melhor sair de madrugada, assim, era possível chegar na residência ao Norte quando já estivesse anoitecendo e não era preciso viajar durante a noite.

— Fique bem — Tamara disse só para que ele ouvisse.

— Estou bem, não posso perder uma oportunidade de ficar longe daqui por um tempo, mesmo que sejam poucos dias.

Tamara sorriu com um sorriso amarelo.
Ela queria que as coisas fossem diferentes e que Eric não tivesse que passar por determinadas coisas, mas deveres eram deveres e ela não podia fazer nada. Ninguém podia.

O conto do Príncipe e da Tempestade [Romance Gay] [Concluída]Onde histórias criam vida. Descubra agora