"Isso é completamente deprimente." Fala a voz de Pansy enquanto Draco está deitado no sofá com doninha no colo e Timber a seu lado. Doninha, que é uma filhote, não parava de morder os botões de sua camisa.
"Não tem nada de deprimente nisso... é simplesmente incrível, eu não tenho culpa de você ser solteira e deprimida." Draco falou, e Pansy falou uma quantidade tão grande de palavrões que se fosse um programa de tv o Pi que eles colocam para ocultar os palavrões seria quase infinito. Ele havia contado sobre o beijo para Pansy e Blaise que o loiro tinha quase certeza de que estava dormindo, por isso se surpreendeu quando sua voz calou a dele.
"Sério, antes de você encontrar novamente o Potter você só falava nele, agora que você o encontrou, você liga a UMA DA MANHÃ para contar que se beijaram? Me poupe." Realmente, Draco era obcecado por Potter desde os 13 anos, e agora que finalmente o tinha beijado estava nas nuvens.
"Credo, parece que vocês estão em um funeral." Draco falou evitando que a cachorrinha mordesse o botão da sua calça. "Estamos felizes por você, só que... você não deveria entregar seu coração assim de bandeja... Potter é desastrado pode simplesmente quebrá-lo, talvez até sem querer." Pansy fez uma pausa antes de continuar: "Você sabe se ele não está só usando esse amor contra você para se vingar? Porque vamos ser francos, você judiou do pobre garoto, para você ter noção até eu quase tive pena."
"Pela primeira vez, eu concordo com ela, ele te beijou no primeiro encontro e pulou logo em seu colo? Sério mesmo, você espancava ele... a não ser que ele seja sadomasoquista." Draco revirou os olhos, levantou do sofá e começou a subir as escadas com os dois cachorros em seus calcanhares... era estranho a casa vazia, sem sua mãe, mas ela estava feliz viajando pelo mundo, já que sempre foi seu sonho, pela manhã ela havia ligado para ele lá da Rússia.
"Eu não sou burro de entregar meu coração assim tão fácil, e além do mais, ele me convidou para ir lá na casa dele sábado, vou de noite tenho coisas para resolver durante o dia."
"Ai ai Draquinho, você esquece que eu te conheço bem demais para você esconder seus sentimentos atrás de uma voz fria, e eu garanto que você está com uma cara fechada." Sério essa mulher realmente o assustava, era a única que o conhecia como a palma da própria mão. "Não vai dar um mês e você vai pedir o fedelho Potter em namoro." Ela falou com sua voz debochada.
"Vocês me dão enjôo, parecem um casalzinho ridículo, se Draco não fosse gay garanto que fariam um trio, vocês e Potter." Blaise sempre foi rabugento, mas se intensificava quando ele estava com sono.
"Eu não vou pedir ele em namoro tão rápido assim, quero ir com calma, para que tudo dê certo desta vez, já basta o que aconteceu com o Nott." Realmente, ele não queria que esse episódio se repetisse, eles começaram bem, foram rápido demais e terminaram quase como inimigos, por Nott trata-lo como um estranho quando não estavam sozinhos, morria de medo de descobrirem sobre eles, isso acabou destruindo Draco aos poucos, já que não queria ser o segredinho de ninguém, anida mais quando seu namorado ficava com outras enquanto namorava com ele.
"E eu acho que Harry realmente... eu sinto que agora vai sabe?" Nisso eles escutaram um ronco forte, que com certeza vinha de Blaise.
"Porque nós somos amigos dele mesmo?" Draco pediu bufando, mas rindo um pouco "Olha também não sei."
Eles começaram a rir depois de um segundo ronco, só que desta vez muito alto. "Vou indo lá, eu realmente preciso dormir, essa beleza não se mantém sozinha né?" Não existe mulher mais vaidosa que ela, sua aparência vinha em primeiro lugar sempre. "Tudo bem Pansy, vai lá... tchau dorme bem."
Ele deitou em sua cama, mas o sono não vinha, ele se virou de um lado para o outro, nunca teve um sono realmente adequado, sempre demorava para dormir, e tinha pesadelos regularmente. Ele levantou, passou a mão pelos cabelos úmidos ainda do banho, vestiu o roupão e foi para a sacada olhar as estrelas.
O loiro tentava ao máximo não demonstrar emoção nenhuma na frente dos outros, afinal esse era o principal lema dos Malfoys, mas quando estava sozinho ele chorava, quando não tinha ninguém para observá-lo sufocando com as próprias lágrimas.
E lá estava ele novamente, sentado em sua sacada, chorando, pensando em o que seu pai lhe havia dito da última vez que o visitou na cadeia, as palavras ainda soam frescas em sua mente, que junto do cansaço e a falta de sono fazia ele desabar "Pensei que você iria virar gente, mas não poderia esperar muito de uma bichinha como você, seu covarde."
Ele nunca teve uma relação próxima com seu pai, mas mesmo assim as palavras doíam, e o cortava como lâminas, mas ele escondia esse passado terrível de todos, para que ninguém pudesse ver, e assim ele podia continuar com a famosa frase: Relaxa eu estou bem, e continuar seu teatro incrível, onde ele atuava perfeitamente bem em frente aos demais.
Mas covarde? Ele era um pouco sim, isto não dá para negar, principalmente quando se trata de conflitos, mas é preciso coragem para assumir uma empresa com 18 anos, e ainda ter que tomar a decisão de pôr ou não seu pai agressivo na cadeira. Ou botava e ele com certeza viria atrás dele depois, ou o deixava livre e ele acabaria matando sua mãe, ou até ele próprio de qualquer maneira.
Mas tudo que fez nunca vai ser esquecido pelo loiro, cada tapa que ele deu em sua mãe, ou a cicatriz que ele carregava em seu pescoço, toda a vez que bateu nele... Ele que era o covarde, que colocava crianças de doze anos fazerem seu trabalho sujo, e ainda tratava mal as únicas pessoas que estavam a seu lado.
Levantou e foi até o banheiro lavar o rosto, vendo sua imagem no espelho, talvez ele fosse covarde, mas ele daria seu máximo para ser um pessoa melhor que seu pai, não iria deixar a frase: tal pai, tal filho, se concretizar nele.
Analisou a pele queimada de seu pulso, e sentiu nojo de si mesmo por um dia ter orgulho de ter esta tatuagem em seu braço, de ter permitido tal coisa, de ter feito tudo o que fez.
O loiro se jogou na cama, completamente exausto, já eram 3 da manhã e nem havia pregado o olho ainda, então afastou seus pensamentos ruins, e finalmente se deu um tempo para pensar em hoje... Ele finalmente teve Harry em seus braços, a sensação era de... nossa.
O problema era que agora ele tinha muito peso sobre os ombros... Nada poderia dar errado, ele tinha que cuidar para que tudo funcionasse perfeitamente, ele nunca teria outra chance caso fudesse com tudo.
Não acreditava que um dia realmente tinha socado aquele lindo rosto, ou que realmente ousou gritar com aquele garoto, estava cego de raiva, por aquele garotinho esquisito da escola ter roubado tão facilmente seu coração, de fazê-lo questionar se era realmente de garotas que ele gostava, e ficou com tanta raiva daquele pirralho ter recusado sua amizade... mas agora ele sabe, que nunca foi raiva, sempre foi amor não compreendido.
Mas puta que pariu, como ele beijava bem. Não sabia se Pansy e Blaise estavam certos, mas se estivessem o garoto já tinha conseguido o fisgar apenas com um beijo... mas QUE BEIJO.
Ele não se importava se Harry fosse quebrar seu coração, ele realmente merecia, mas não queria se preocupar com isso agora.
Se o plano do moreno fosse o destruir, ele com certeza sairia vitorioso desta, mas não se importava, já estava mais do que acostumado a juntar os pedaços de seu coração pelo chão.

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Uma vida sem magia- Drarry
RomansComo seria a vida do salvador do mundo mágico se a magia na verdade nunca tivesse existido, e ele fosse só Harry Potter, um garoto comum sem magia? E a de seu rival da escola, um gostoso de cabelos loiros e um olhar extremamente debochado? E por que...