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você nunca realmente acreditou em um deus. alguém todo poderoso e onisciente, parecia um grito distante por estrutura e auto-reflexão. ninguém queria viver encharcado de culpa e então eles se voltam para seu deus em busca de perdão. para uma sensação de segurança e retidão. para que eles não precisassem acordar de manhã e se sentirem enojados com as escolhas que fizeram. para você, um deus era como uma bússola moral, algo com que lidar. você nunca encontrou a necessidade de um.
e então você o viu.
era como se um anjo tivesse descido para lhe mostrar pessoalmente a prova de Deus. para te mostrar a luz e o puro. ele era santo por conta própria. obediente, mas nunca altruísta, ele fez o que queria, apesar das consequências que sabia que seguiriam. tentar descrevê-lo era difícil, não havia palavras perfeitas o suficiente para incorporá-lo. ele era sua própria definição e você finalmente começou a acreditar no divino.
você se lembra da primeira vez que o conheceu. as paredes e o chão eram de um branco estéril, o cheiro químico nunca saía, não importava o corredor que você virasse ou o quarto em que entrasse. o estalido monótono de seus saltos ecoava nas paredes do corredor, como um relógio marcando o tempo que restava para você passar aqui. você virou a esquina e de repente ele estava lá. você se assustou, quase derrubando seus pertences enquanto ele se movia para te segurar.
“Sinto muito, eu...” as palavras se perderam em você. você sentiu seu coração pular uma batida, um puxão em sua alma. olhos do oceano olhavam para você. olhou através de você. você respirou fundo e nunca mais soltou, como se um interruptor fosse acionado em seu subconsciente. anjo. você jurou que ele tinha que ser um anjo. roupas brancas e nítidas não muito diferentes das suas ou de qualquer outra pessoa, mas combinavam com ele. como se tudo isso fosse feito para ele, feito depois dele. ele sorriu para você e isso foi o suficiente para ele se infiltrar em sua mente. ele entrou em seus pensamentos e jogou fora a chave da entrada, para nunca mais sair.
naquele dia, ele passou por você, a imagem dele queimou em seu cérebro.
sua aura era como sua própria marca pessoal de heroína. algo que você sabe ser proibido, mas doce demais para desistir. você começou a vê-lo mais depois disso. seu tipo sorri enquanto ele passa por sua porta aberta. os olhares que ele lhe dispensaria enquanto observava as muitas sessões de treinamento do dr. brenner conduziu com as crianças. era como se ele soubesse onde encontrar você a cada momento. nunca tocar, mas apenas observar. ele estava se equilibrando no limite de sua mente entre a realidade e a imaginação. ninguém mais parecia notá-lo muito, mas ele era tudo o que você podia ver. como o fantasma de uma pessoa do passado. você estava ficando inquieto.
