Mosaico [Hiatus]

Preocupação

Foi terrível. Uma multidão de vilões aquáticos induziram um tsunami na cidade litorânea de Shizuoka, cidade com a maior concentração de heróis por conta de uma conferência prevista para aquele mesmo dia. All For One deu as caras na TV renunciando seu posto como o maior vilão do país, na verdade, do mundo. A cidade estava devastada, o tsunami foi apenas o começo de dois dias intensos de batalha, nada tirava os vilões de lá. Sem ter o que fazer, os cidadãos foram evacuados e os heróis bateram em retirada, os vilões tomaram uma das maiores cidades do país.

- Foi uma operação arriscadissima, justo no momento em que tinha uma maior concentração de heróis lá? - questionava Gran Torino para seus colegas na sala de reuniões, dessa vez em Musutafu.

- Você não percebeu, meu amigo Gran Torino? - Nedzu, o novo (e exótico) diretor da renomada escola de heróis, U.A, disse. - Ele fez essa jogada para mostrar seu poder, ele quer que saibamos que ele não se intimida, não está para brincadeiras. - explicou o roedor anormalmente sério.

As coisas estavam difíceis para os heróis e Toshinori sabia disso.

- Bom dia, filho! Como você está? - perguntou Rika Yagi, matriarca da família. Ela havia acabado de chegar de uma consulta de rotina e, mesmo estando sempre sentada na cadeira de rodas e sendo empurrada por um de seus filhos, ela ainda parecia fraca e cansada, mas seu sorriso nunca morria. No momento, ela estava folheando um livro grande e antigo, mas o deixou de lado quando percebeu a presença de seu filho.

- Estou bem, mamãe. - respondeu o loiro, forçando tanto um sorriso que mais pareceu uma careta, fazendo a mulher rir.

A risada de Rika Yagi poderia curar qualquer depressão.

Sem perceber, Toshinori sorriu de forma mais sincera, adorava o bom humor de sua mãe. Ele aproveitaria o máximo possível.

- Como foi a consulta?

- Ah, como sempre. - disse a mulher como se aquele tópico fosse sem importância. - Você parece mais pra baixo do que de costume, querido.

A genitora sabia que o filho não lhe contava tudo, ela não era boba. Para ela, quanto mais velhas as crianças de mais privacidade elas precisam e seu Toshi era um homem quase feito, ela confiava no filho ao ponto de não lhe dizer tudo sobre sua vida, mas sabia que aqueles segredos estavam prejudicando seu "pequeno", que de pequeno não tinha nada.

O Yagi mais novo estava de novo sendo consumido por aquele sentimento intrusivo, que o perseguia desde que foi abençoado com o One For All, ele se sentia um inútil.

- A escola exige muito dos alunos do terceiro ano, mas estou confiante. - assegurou Toshinori, mas claro que uma mentirinha do bem não convenceria uma mãe experiente.

Rika direcionou seus olhos para o livro que repousava em seu colo. Com curiosidade, o mais novo também olhou para o livro e reconheceu o álbum da família; tinha muitas fotos indecentes dele quando bebê, fotos que ele não gostaria de ver outra vez.

A mulher passou seus dedos magros e pálidos pela capa do livro, uma foto de toda a família foi recortada e colada ali. Toshinori viu na foto seu falecido pai, o homem abraçava Rika e ela segurava o próprio Toshinori recém nascido (que chorava mostrando sua falta de dentes) e Ichigo estava na frente dos três, de pé, todos sorrindo. Rika abriu o livro, folheando como quem já fizera aquilo várias vezes, ela conhecia cada página, cada foto. Ela parou numa página específica e apontou para uma foto.

- Você sempre pediu para fazer esse penteado, ficava uma gracinha.

Na foto em questão, Rika e Toshinori estavam no banheiro daquela mesma casa em que moravam, a mãe estava com um pote de gel nas mãos e o menino se olhava no espelho, verificando seu penteado com duas mechas da frente para cima e o resto lambido para trás.