Capítulo seis

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– Não tem problema nenhum, querida! – A resposta de Donna me faz murchar, antes de examinar o cenário ao meu redor, os meninos ainda estão tomando café da manhã e para meu completo alívio eles parecem estar levando a sério o que a Sra. Han falou (seja lá o que for). – Desde que eles se comportem direitinho e não arrumem confusão, eles são muito bem-vindos!

– Jura? – Tento esconder o tom de desespero na minha voz, sem sucesso, já que a mais velha começa a rir do outro lado da linha.

– Juro, meu bem – suspira. – Eu realmente preciso de você aqui hoje, quinta-feira é o dia dos Clubes e você sabe como eles adoram o seu entusiasmo sobre os assuntos deles...

Praguejo internamente, quase tinha me esquecido desse pequeno detalhe: quinta-feira, o Dia dos Clubes.

Uma das vantagens de se morar em uma cidade grande é o completo desinteresse geral pela sua vida, afinal a menos que você seja uma figura política ou uma celebridade, o que você veste ou faz tem um total de 0 importância na vida das outras pessoas – o que eu, tendo sido criada em cidade do interior, acabei demorando um pouco a me acostumar (apesar de ter amado desde o primeiro momento).

O Dia dos Clubes é, como o próprio nome diz, o dia da semana em que os clubes se reúnem e debatem sobre a pauta da vez.

A ideia de ter um dia assim foi da Donna e, apesar de contar com um movimento moderado de clientes assíduos, o estabelecimento fica por conta de atender os membros durante o período que quiserem ficar lá – contanto que não passem demais do horário de fechamento.

É o meu dia favorito e, não ironicamente, o dia em que recebo mais gorjetas – desde que conversei, por um bom tempo, com um membro de um Clube de Motoqueiros sobre os lugares que ele já tinha conhecido (não me pergunte como isso aconteceu, quando eu me assustei, estava ouvindo as histórias de vida de todas as pessoas da mesa).

Admito que, não por acaso, sempre me divirto nesses dias. Especialmente porque é um dia descontraído.

Já conversei com todos os clubes e acabei me apegando um pouco aos membros deles, desde os motoqueiros barbudos e tatuados às senhorinhas bem-humoradas do Clube de Tricô – sim, esse é um dia bem confuso da semana.

– A Sra. Collins disse que vai terminar aquele cachecol para você – Donna insiste. – E o Dodge estava contando sobre a vez em que ele quase morreu durante uma perseguição em Las Vegas e a Sabrina-

– Já entendi, Donna – suspiro derrotada. – No horário de sempre?

– Você sabe que sim – ela quase cantarola do outro lado da linha. – Se precisar, eu te libero mais cedo, mas por favor... sabe como esse dia é importante para nós!

– Sim, eu sei – sorrio um pouco. – Até logo, Donna.

– Até, Lucy.

E desliga.

Guardo o celular no bolso traseiro da calça jeans, respirando fundo três vezes, enquanto penso em cenários minimamente otimistas – é só o meu segundo dia como babá e, vamos lá caramba, o fato de eles estarem se comportando durante o café da manhã tem que ser um bom sinal.

– Já terminamos o café da manhã – a voz de Yoongi me dá um susto, quando olho para trás, encontro o híbrido de braços cruzados enquanto me encara com uma expressão entediada. – E aí... conseguiu resolver ou não?

– Vocês vão comigo para a lanchonete – a resposta sai firme, o que me faz sentir internamente saltitante, acabei de soar como uma adulta! – A Donna precisa de mim hoje, e a Sra. Han permitiu que-

– Já entendi – interrompe. – Guarde os detalhes para quem se interessa.

E, sem dizer mais uma palavra, gira em seus calcanhares e sai.

The "Babysitter"Onde histórias criam vida. Descubra agora