Era uma noite, por volta das oito horas. Faity estava brincando no tapete da sala enquanto sua mãe lia um livro no sofá. Ela estava grávida, nos últimos dia de gestação, tinha medo que a bolsa estourasse enquanto ficava sozinha, no escuro, com uma criança. Na rua, não se ouvia um barulho se quer, nem se via nada, já que não havia energia desde bem cedo por causa da chuva. O tempo todo ela diminuía e ficava forte, mas nunca parava. E como esperado, a chuva ficou mais forte, com muitos relâmpagos, e carros apitando por conta dos raios que caíam no asfalto.
Estavam as duas bem tranquilas, quando um raio caiu bem perto da casa. Causou um clarão, e se percebia a silhueta de uma pessoa pela janela. Era o pai de Faity chegando do trabalho. Ele destrancou e abriu a porta, entrando todo encharcado. Segurava uma taça na mão esquerda, que brilhava com o reflexo de cada raio que caía lá perto. Estava bêbado. Era raro ele beber, e parecia ter bebido muito.-Amor, o que aconteceu? Você está bem? Você voltou sozinho nessa chuva? E nesse estado?-ela disse Cassidy, mãe de Faity, olhando para ele preocupada
-Não. Não, eu não estou bem. É, eu voltei sozinho. Você queria que eu voltasse como? Fui demitido, queria me ver feliz? E tudo culpa sua e dessa garota que vive doente! - disse Chester, fechando a porta e colocando seu paletó de lado - Saí cedo tantas vezes que não perdoaram e me despediram. Tentei explicar, mas não adiantou muita coisa.
-Olha, isso não é culpa de ninguém! Seus chefes são muito insensíveis, não pensam em ninguém! - dizia Cassidy tentando se acalmar.
-Não é culpa de ninguém? Se Faity não fosse para fora com as outras crianças toda vez que chove, então sim, não seria culpa de ninguém! - Chester coloca a taça em uma pequena mesa do lado do sofá. Faity vai de vagar para o lado do braço do sofá para que não fosse intrometida na briga, que sem dúvida aconteceria.
-Não fale desse jeito, ela ainda é só uma criança, é normal brincarem na chuva.
-É normal... Ela é só uma criança... Isso tudo é papo de mãe que passa a mão na cabeça do filho mimado! Já aviso que quando Liam nascer, não vai ser desse jeito - diz Chester ficando mais nervoso.
-Quando Liam nascer? Você nunca fala do Liam! Todas as vezes que eu falo dele... Você nunca comenta nada! Não sai uma palavra dessa sua boca! Agora você quer falar de como vamos cuidar dele? - Cassidy se estressa com o comentário e começa a apontar o dedo para o homem.
-Claro! Andei percebendo que fazemos tudo que ela quer. Ela já tem seis anos, Cass, não dá mais tempo de mudar isso. Só podemos fazer diferente com Liam. - diz Chester tocando o rosto com as mãos com certa preocupação.
-Não fazemos tudo que ela quer, fazemos tudo que ela merece! Ou você acha que ela não merece? Tão nova, ela arruma o quarto inteiro, varre, passa pano, e passa as próprias roupas, e ainda acha ela mimada? O que seria alguém que se esforça, para você, então? - Cassidy se levanta, com certo custo, enquanto falava de forma alterada, apontando para o rosto de Chester, que segurava seus pulsos com força.
-Não aponte para mim! Me respeite! Você sabe como estamos. Vendemos os carros e ficamos comprando vários brinquedos pra ela. Você não trabalha por causa da gravidez, e eu...
Chester fica com raiva e dá um soco na mesinha, fazendo a taça cair e quebrar, seguido de um raio forte bem perto da janela. Todos ficam calados, assustados, com Faity tentando segurar o as lágrimas. O homem pega o restante da taça que sobrou, e os cacos do tapete.
-E tudo isso que você disse... Que ela faz. É o mínimo que ela poderia fazer. Vai ficar muito tempo fazendo nada sozinha em casa? Hein, pirralha? Eu sei que você está ouvindo! Você pega muito leve com ela... Leve de mais. - diz ele chegando perto do rosto de Cassidy.
-É você quem pega muito pesado com ela! Você acha que ela merece tudo isso? Hein? Família completamente desestruturada, ninguém liga pra ninguém! Sequer uma pessoa quis falar comigo quando Faity nasceu. Sem contar, é claro... Ela é uma criança! Entendeu? A menina nem deveria ficar sozinha! Ela nem dev...
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"He Wanted to Kill Us"
HorrorUma garota que queria afeição do pai e fazia de tudo para que ele a amasse, mas a relação de pai e filha nunca foi recíproca. Essa atitude "paterna" terá consequências, com certeza.