Não como esperado

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9 anos depois, Faity teria uma festa de 15 anos incrível. Ela sozinha preparava tudo; enfeites, temas, músicas, design dos convites, até o próprio vestido. Jamais esqueceu de como sua mãe costurava, e sua tia, Clover, também era boa com a máquina de costura.
Em um dia que ela pensava em mais idéias para o desing dos convites, seu tio, Derek, chamou sua atenção por alguns minutos. Lhe disse que seu pai queria vê-la. Não teriam uma conversa formal ou séria, mas queria apenas um papo.
De início, ela não quis. Na verdade, ela não lembrava de muita coisa que aconteceu àquele ano, mas lembrava do histórico de violência que ele tinha na vizinhança. O fato de ela não se recordar de quase nada do rosto do pai, a incomodava um pouco, então ela aceitou visitá-lo.
Quando ela e seu tio chegaram no presídio, não permitiram que ela conversasse com ele frente a frente, então tiveram que se falar pelo telefone, que ficava no canto das mesas, se olhando através dos acrílicos transparente.

-Você se lembra de mim... Não lembra? - diz Chester, dando um sorriso sínico enquanto encostava o telefone no rosto.

-É, eu... Eu acho que sim. Bom, pelo menos das suas atitudes. Não muito, mas o suficiente.

-Ora, isso são águas passadas! Eu me arrependi! Mas acho que isso não adianta para a polícia.

-Arrependimento. Você acha que eu acredito? Posso não me lembrar de você, mas me lembro perfeitamente do que minha mãe me dizia antes daquela porra toda acontecer. - ela fala com um tom mais alto, e batendo os dedos na mesa, anciosa.

-Boca suja, né! Não é a filha que queria, com certeza. Sabia que Cassidy não conseguiria fazer a menina perfeita.

-Você chega longe de ser um pai perfeito! Ou o conceito que você tem de "perfeito" não é muito comum - ela faz as aspas com os dedos, falando ainda mais alto, o que alertou os policiais vigiando ao redor.
Chester olha aquela sala e vê os policiais atentos ao comportamento da menina. Eles começaram a desconfiar assim que ela chegou. Viram que ela usava botas altas e negras, usava muitos acessórios, e havia uma pequena tatuagem no antebraço de um X dentro de um círculo, avermelhada, quase como sangue. Uma maquiagem pesada, com o cabelo um tanto bagunçado, mas parecia ser proposital.

-Eu quero que você fique o resto da sua vida nessa prisão - ela diz em um tom baixo, logo após colocar o telefone no gancho com raiva do pai - Eu quero que você morra aqui dentro.

-Calma aí, garotinha! Você não vai conseguir o que quer tão cedo! Ainda mais depois que sua mamãezinha morreu. - ele fala com convicção.
Faity dá uma batida forte na mesa, o que faz todos ao redor olharem para ela e os policiais pegarem as armas em seus bolsos, mas ela não se importa.
-Cala sua boca! Você não merecia aquela mulher! Tudo que ela fez pra você! Sem contar que você matou o filho que você tanto queria! -diz ela com ar de ironia.

-Realmente, eu queria aquele filho. Ele seria perfeito, criado apenas por mim. Seria completamente diferente de você! Mais bonito. E, quem sabe, com uma mãe melhor também...
Faity dá um soco forte no acrílico a sua frente, o que faz rachar e sair pequenos pedaços, e ficar algumas manchas de sangue e cair sobre o telefone. Chester dá gargalhadas ao ver a reação da filha, e ao vê-la sendo ameaçada com armas para sair da sala. Sua risada dura mais alguns segundos depois da saída da garota.
Ela saiu nervosa do presídio, batendo os pés. Entrou no carro do tio, e a viagem seguiu sem que trocassem nenhuma conversa.





"He Wanted to Kill Us"Onde histórias criam vida. Descubra agora