Arthit acordou dolorido, com a cabeça que ainda doía, com um gosto ruim na boca. Lembrava-se vagamente de ter brigado com Kongpob... "daqui a pouco ele aparece" pensou consigo mesmo. Andou de um lado para o outro do lugar sentindo seu enjoo aumentar... Separar suas coisas das de Kongpob daria muito trabalho. Tudo deles estava junto. Os cds, os perfumes, as roupas, materiais de escritório. Sabia que o mais novo voltaria, como sempre, para pedir perdão por qualquer coisa que fosse. Ah! Kongpob... era tão altruísta e tão superior... ele era capaz de tudo para manter uma relação harmônica. Tinha que admitir que se tornou mal estabelecido com a solicitude do moreno perdoá-lo por tudo que se tornou mimado e intransigente. Aliás – mais mimado e mais intransigente que o normal. Sempre escapava impune de suas grosserias e maldades, porque o moreno cedia. E agora não seria diferente. Assim mesmo notou que Kongpob demorava para voltar. Lembrou-se das palavras que tinha dito para ele. Excedera-se na sua maldade para com o mais novo, que afinal de contas, era a única pessoa que importava. Tudo culpa dele! Como ele pode provocar o ciúmes desse jeito? E justo com Khaofang... Khaofang ! Sabia o quanto lhe irritava a comparação com a doce Nong da Universidade, mas mesmo assim... Um peso lhe sombreava a alma. Não devia ter dito aquilo. Ia se desculpar com ele; desculpas era uma das coisas que mais detestava fazer na vida, mas ponderou que o tamanho de sua ofensa, pesado junto ao amor que sentia pelo seu Nong, compensavam o embaraço.
Saiu pela porta e viu Tew. Ele viu no relógio antes de sair que eram umas oito da manha era um horário em que ele imaginava que o rapaz não deveria estar circulando por ai. O mais estranho foi quando o mesmo veio olhando fixamente e o sondando, pálido, como se não estivesse funcionando. Depois soltou uma pergunta completamente estranha "como você está P'Arthit?" . Intrigado o mais velho respondeu:
– Estou muito bem, por que?
– Você já viu a televisão?
– Não, ainda é muito cedo sabe... resolvi caminhar um pouco...
– Então você não sabe?
– Não sei o que?
– Estava na TV. Aconteceu um assalto no centro da cidade.
– Não sabia, mas o que há de tão especial em um assalto?
– Três pessoas foram baleadas na fuga dos bandidos. _ Tew continuou parecendo incerto de como continuar.
– É lamentável, mas... o que teríamos feito? Não somos policiais.
– É que... não sabe onde Kongpob está ?
– Ele deve estar em seu apartamento, onde o deixei. Eu ia mesmo procurá-lo e... a propósito... o que quer dizer com toda essa discussão sobre o assalto?
– P'Arthit, Kongpob estava no centro hoje... Ele foi baleado.
Arthit passou a língua nos lábios que embranqueceu levemente. Ficou em silêncio por alguns segundos. Em seguida respondeu muito lenta e calmamente:
– Baleado? Tew... isso é... Ele se machucou?
– Ele está morto.
– Como assim, morto? _ ele continuou com a mesma calma que já estava deixando Tew irritado. Compreendeu então as queixas de Kongpob, pensou que enlouqueceria com a convivência com um Arthit, que nem se abalara com tal noticia.
– Ele estava saindo da tinturaria onde ia pegar as suas roupas , e... provavelmente não prestou atenção... foi um tiro no peito... os ladrões bateram com o carro na fuga... parece que havia muita coisa. O socorro foi muito lento. Não podiam fazer nada por ele.
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Garoto ingênuo
FanficBaseado no episodio de Sotus S onde Arthit grita com Kongpob na frente de seus colegas de trabalho. E se aquele incidente rendesse mais do que apenas um andar de mãos numa noite escura? E se Kongpob realmente tivesse colocado seus sentimentos reprim...