Eternidade (2.2)

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Chegamos à última parte do conto. Agradeço a todos que leram e participaram da vida de Roger e Calypso durante essa pequena história. Peço que, se gostarem, divulguem para outras pessoas também, de forma que o meu trabalho aqui fique mais conhecido. Abraços e obrigado novamente!

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Os tons do crepúsculo coloriram Ogígia, preenchida pelos sons típicos da natureza selvagem.

            Roger não podia acreditar que quase uma semana já se passara desde que conhecera as vizinhas da ilha de Calypso. Não que ele tivesse prestado muita atenção no decorrer do tempo, ocupado vivenciando alguns dos melhores dias de sua vida.

            O barco havia ficado pronto, e os dois passaram a semana garantindo que ele era estável o bastante para carregá-los. Percorreram inúmeras vezes o litoral circundante a bordo da criação de madeira, admirando a natureza e um ao outro. Roger não podia garantir que já tinha se apaixonado antes, mas, sem sombra de dúvidas, Calypso trouxera à sua vida algo totalmente novo. Era incapaz de descrever a sensação que o invadia ao tê-la em seus braços. Não precisava de mais nada.

            Em um fim de tarde perfeito junto dela, depois de uma sequência de dias igualmente especiais, os dois se deitaram no chão do barco, fincado na areia, observando as estrelas despontarem lentamente no céu.

— Posso fazer uma pergunta? — Roger pediu, acariciando o ombro esquerdo da garota.

— Claro. — Ela girou o pescoço para capturar os olhos dele, prendendo-o no oceano particular que os seus continham.

— Quando o... Você sabe, Ulisses esteve por aqui... Nunca aconteceu nada, não é?

            Primeiro ela o mirou com seriedade. Então caiu na risada.

— É uma pergunta séria — ele disse, embaraçado. — Eu...

— Desculpe, não é mesmo engraçado. Digo, não de verdade. A frase mais apaixonada que Ulisses já me disse alguma vez foi "obrigado pela hospitalidade" — contou ela.

— Hum... Não parece uma grande história de amor — Roger concordou.

— Não é. — Um sorriso ainda brincava no rosto da ninfa. — O seu ciúme bobo é uma história melhor.

            Ele abriu a boca para protestar, mas não conseguiu. Estava mesmo com ciúme sabendo que seu concorrente tinha sido um heroico semideus da mitologia. Calypso beijou sua bochecha, fazendo-o esquecer um pouco da preocupação sem sentido. Seus pensamentos voltaram-se então para outro tópico.

— Vamos amanhã — disse num tom sugestivo.

— Como?

— Partir de Ogígia — explicou. — O barco era nossa única preocupação. Ele está pronto e é resistente. Sem contar a sua habilidade com a água. Nada mais nos prende.

            Calypso afundou em uma quietudade anormal.

— Eu entendo o seu receio. Você tem medo do desconhecido — ele revelou. — Não há nada de errado nisso, Calypso. Mas eu vou estar com você. A ilha...

— Eu sei — ela o interrompeu abruptamente —, a ilha não precisa ser meu mundo inteiro...

— Não precisa — ele repetiu com segurança.

            Ela respirou fundo, perdendo-se no céu estrelado.

— O que você acha — ela indagou — que eu faria quando chegasse lá?

CalypsoOnde histórias criam vida. Descubra agora