Capítulo 1

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Trinta segundos.

Foram necessários exatos trinta segundos para que Porchay entendesse o que acontecia na sua frente. Deu um passo para trás ao ver que a briga começava a vir em sua direção. Dois garotos estavam discutindo, quando de repente um deles acertou um soco na mandíbula do outro e daí começou o que o menino que observava a cena chamava de briga mais ridícula de todas. Pelo que tinha ficado sabendo por seu amigo, o motivo da troca de soco entre os dois tinha sido uma garota. Aparentemente, um deles havia sido visto saindo com a namorada, ficante ou o quer que fosse do outro.

Mas por mais besta que fosse a razão, um deles estava em clara desvantagem. O mais baixo dos dois, embora parecesse inofensivo, desviava dos socos do outro, bem maior em altura do que ele, com precisão. Seu punho foi de encontro com o nariz do mais alto, fazendo-o cair no chão como se fosse nada. Após isso, cuspiu ao lado do garoto caído no chão e lançou um olhar de desprezo ao mesmo. Seu rosto se contorceu ao olhar para a platéia que o encarava.

—Estão olhando o quê? —ameaçou. Seu olhar passou como uma linha dura por todos que assistiam a briga. Porchay sentiu seu estômago afundar ao ver que o garoto tinha parado a inspeção nele. A expressão do moreno era confusa, mas ao cerrar os olhos para encará-lo melhor, sua face brilhou em reconhecimento.

Chay estava pronto para perguntar o que ele tanto encarava, porém o garoto já saia andando, deixando todos, e ele, perplexos pela sua atitude estranha. Enquanto o observava ir embora, sentiu alguém o cutucando.

—Cara, que bizarro o olhar que ele te deu—disse seu amigo, estremecendo ao pensar em ser encarado daquela forma. —Vocês se conhecem de algum lugar? —Porchay tentou puxar na memória de onde aquele menino poderia ser, mas nada lhe veio à mente, então apenas negou com a cabeça.

—Parecia que ele te conhecia... —o menor o interrompeu.

—Deixa pra lá, ele deve ter me confundido com alguém— falou, dando uma última olhada na direção que o garoto tinha ido.

—Deve ser. Enfim, hoje é dia de pizza na cantina. Vem? —sorriu ao ver a ansiedade do amigo em pensar na sua comida preferida. Assentiu e os dois saíram caminhando na direção contrária que o desconhecido tinha ido.

***

Porchay prendeu a respiração ao ver Tankhun acenar de longe para ele no portão da escola. O menor estranhou a ação, mas mesmo assim foi em sua direção. O mais velho sorriu ao ver o menino se aproximar.

—Ah minha nossa, a cada vez que eu te vejo parece que você está maior! —disse puxando-o para um abraço —Ele não está maior? —perguntou, se virando para o guarda-costas, que se assustou levemente ao ver que o mais velho tinha perguntado a ele, mas assentiu, fingindo avaliar o menino. Porchay apenas deu um sorriso sem graça e o encarou.

—O que faz aqui? Pensei que não gostava de sair de casa—perguntou o mais novo.

—Como o bom irmão mais velho que sou, vim te buscar—retrucou, olhando para ele como se tivesse feito a pergunta mais estúpida do mundo.

—Mas... —o maior apenas o interrompeu.

—Sem "mas". Vamos, vamos—apressou, fazendo-o entrar no carro.

Após isso, Porchay foi submetido a uma longa tarde de tortura, sendo obrigado a ir em várias lojas de animais. Segundo Tankhun, eles tinham que encontrar o peixe perfeito, porque Porsche tinha assassinado os seus antigos filhos. Nessa hora, tinha olhado para Porchay, buscando traços do irmão para que pudesse culpá-lo também, como cúmplice do assassinato. Mas logo em seguida gargalhou, vendo a expressão de espanto do garoto. Seus pés já estavam doendo quando, enfim, foram para casa.

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