[12] Estúdio

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— Você produziu essa? — Jimin perguntou, pelas caixas de som ouvia animado a batida que Yoongi colocou pra tocar.

— Já faz um tempo, eu nunca descarto nada que faço. — Estava internamente orgulhoso de ter um bom portfólio para poder mostrar do que era capaz, ainda mais com a reação encantada do outro.

Depois de explicar como a câmera funcionava e fazer o possível para escondê-la das vistas do mais velho, Jungkook deixara os dois no estúdio e agora eles estavam sentados em frente ao computador, procurando por ritmos e estilos que agradassem os dois.

— Nunca se sabe quando você pode dar uma nova vida pra eles. — Jimin completou seu raciocínio. — Ficou muito bom! — O sorriso de Yoongi aumentou com o elogio, mas mordeu a boca quando se virou pra frente e notou a luz piscando da câmera ali, seriam dias difíceis. — E a melodia que você me disse?

— Qual? — Ele sabia qual.

— A que nos trouxe aqui, agora é uma boa hora pra me mostrar. — Jimin tinha um brilho no olhar, como uma criança tentando convencer os pais a deixá-lo abrir o presente de natal mais cedo. — Se você acha que não está pronto, não precisa, ainda tem muita pesquisa pra fazer, mas se decidir mostrar prometo falar a verdade, hyung.

Yoongi tinha ela muito bem formada em sua mente desde o dia em que o vira dançar, mas tocá-la na frente da pessoa que foi sua inspiração seria bem diferente. Mas sabia que esse momento seria inevitável, Jimin tinha razão, foi por causa dessa melodia que sem pensar duas vezes colocara os dois no projeto, então foi rápido em decidir sua cabeça dessa vez também. — Eu mostro. — Jimin sorriu. — Mas tem que cumprir sua promessa.

Observou o outro ajeitar a postura na cadeira – criou uma nota mental de arranjar uma almofada depois – e fechar os olhos, como se estivesse dando mais privacidade a ele, o que de certa forma funcionou. Yoongi moveu sua própria cadeira até o teclado do estúdio, respirou fundo e deu uma última espiada em Jimin, que permanecia imóvel e pacientemente esperava por seu tempo, antes de começar a tocar.

O som que preencheu o estúdio começou baixo, quase hesitante. O ritmo era lento e o tom grave. Ele se lembrou dos movimentos do loiro no palco. A intensidade da dança de Jimin transcrita em cada tecla que Yoongi aperta. Embriagado pelo cheiro doce do perfume dele, misturado a suas lembranças do auditório ele se deixou levar.

O ritmo aumentava conforme seus sentimentos cresciam, sentimentos esses que ele nem sabia nomear ainda. Além dos efeitos óbvios que Jimin causava nele, tinha essa paixão que os dois compartilhavam em fazer o que amavam, apesar de todas as adversidades que seguir por esse caminho poderia trazer. Também era o comprometimento de todo o grupo em ajudar seu irmão caçula a realizar tudo que ele quisesse. A ambição de mostrar o seu melhor e se superar cada vez mais.

Assim como Jimin, Yoongi também contava uma história. Mas o loiro tinha feito um espetáculo mais sombrio, talvez até melancólico e apesar dele acreditar fielmente na capacidade das emoções negativas, principalmente no poder delas em criar arte, sentiu que devia a Jimin um final aberto a possibilidades, não necessariamente um final feliz, apenas a chance dele se erguer novamente quando acabasse. Como um interruptor, a música chegava em seu fim em um tom mais leve, ainda sem rumo certo, mas definitivamente mais esperançoso.

Ele parou de tocar e o estúdio ficou em silêncio.

Quando se virou, Jimin continuava na mesma posição de antes, ainda de olhos fechados, mas tinha um brilho nas bochechas gordas. Yoongi arregalou os olhos. Ele chorou? Isso é bom? Ou foi de tristeza? O que ele faz agora? Imaginou seus divertidamente correndo em desespero na sua cabeça.

O Ritmo Entre Nós [myg + pjm]Onde histórias criam vida. Descubra agora