BłȺȼꝁ Sħɇɇᵽ - Crepúsculo

P̶r̶ó̶l̶o̶g̶o̶

Hollywood, Califórnia - 1978

Quando tinha dezessete, Lilian era uma jovem cheia de vida e com um longo caminho pela frente. Era veterana na academia que estudava a e pretendia cursar artes visuais no Instituto de Artes da Califórnia.

Lilian Monteiro era a garota popular, mas não do tipo estereotipado. Ela era uma adolescente meiga que sempre se voluntariava para participar de trabalhos sociais e sempre estava ao redor de amigos por sua personalidade e sorriso irresistível. 

Uma vez, voltando de uma festa, Lilian se encontrava levemente embriagada e perdida pelas ruas da cidade dos artistas. Alguns rapazes de sua escola sempre a consideraram demasiadamente bonita e com bebida envolvida, o pior de cada um se mostrou quando a perseguiram por quadras e a encurralaram em um beco escuro que nem os ratos visitavam. 

Seu corpo foi violado e seus gritos abafados pelas mãos gordas dos meninos insolentes que a atacaram. Não houve uma única alma que lhe ajudasse durante seu momento de maior vulnerabilidade. 

Fraca e traumatizada. Seus soluços ecoavam pelas paredes do beco que a cercavam e a lua iluminava seu rosto borrado de maquiagem. Com o coração partido, Lilian foi capaz de reunir forças para conseguir se levantar e sair daquele lugar horroroso. 

As luzes a cegaram quando se encontrou na calçada e o efeito recente da bebida misturada com sua cabeça confusa a guiaram para o meio da estrada, na qual motoristas desatentos e apressados dirigiam a toda velocidade e não frearam rápido o bastante para impedir o choque de seu carro contra o corpo magrelo de Lilian. 

O impacto arremessou Lilian para o outro lado da rua e uma comoção de pessoas se reuniu ao redor de seu corpo inerte na medida que seu coração batia cada vez menos. Uma lágrima solitária escorreu de seus olhos aos observar pela última vez com olhos humanos as estrelas que lhe envolveram com sua magia em seu leito de morte. 

Antes que os paramédicos chegassem, o coração da estudante pulsava de forma tão fraca e devagar que apenas os ouvidos atentos de um vampiro conseguiriam distinguir alguém lutando para sobreviver enquanto o corpo falhava. 

Carlisle Cullen estava visitando a cidade da época do ano e por sorte ou destino estava a poucos metros do local do acidente quando tudo aconteceu. 

Ele ouviu o coração de Lilian pulsar do outro lado da rua e correu para ajudar. Embora fosse um vampiro, morder a garota foi a última coisa que fez enquanto buscava formas de salvar sua vida. 

Momentos antes das presas de Carlisle pousarem no pulso de Lilian, a garota sussurrou a ninguém em específico: "Cui-cuide de Elle... por-por mim...." logo antes de seu coração parar de bater eternamente e o veneno do vampiro começar a circular em suas veias. 

Dizem que a mordida de um vampiro para transformação é a pior de todos. É uma queimação que envolve todas as células de seu corpo. Parece que toda sua pele está em fogo, devido a mudança na sua estrutura celular para lidar com o vampirismo.

Embora o corpo de Lilian estivesse inerte quando o veneno chegou ao seu coração, ela gritava. Gritava. Gritava. Gritava e se esperneava, mas nada acontecia e ninguém ouvia. Era como estar presa em sua própria mente sem nem saber o que está acontecendo. 

Quando a dor finalmente cessou e ela abriu os olhos, tudo estava diferente. A luz parecia mais brilhante, as cores pareciam mais vivas e as nuvens pareciam feitas de algodão doce, mas algo não estava certa. Lilian não sentia seu coração bater. Não sentia dor. Não sentia o sangue e os ossos quebrados devido ao acidente. Por um momento, pensou estar no paraíso e até que a fome veio.

Uma fome imensurável por algo que não era comida ou bebida, mas sim sangue. O líquido vermelho lhe atraía e implorava para ser drenado até a última gota. 

Carlisle lhe explicou o que aconteceu e o que teve de fazer para salvar a vida de Lilian e embora uma parte ainda humana da garota sentisse gratidão pelo que o médico fizera, a récem-criada nunca foi capaz de perdoa-lo pelo monstro que a tornara. 

Desde então, Lilian Monteiro não existia mais. Agora era Lilith que ocupava o corpo eternamente adolescente da garota. Uma vida repleta de rancor e saudade até que o mundo deixasse de ser mundo ou até o momento que o monstro interior de Lilith tomasse conta de sua mente e o último resquício de sua humanidade fosse desgatado com o passar amargo dos anos.