Gaslighting for Breakfast

F R E S H A V A C A D O

26 de setembro de 2015 13h37

Peter abre os olhos e imediatamente se arrepende. A luz do sol da tarde acima de sua cabeça faz um buraco diretamente em seu cérebro. Ou pelo menos parece que sim. Ele fecha os olhos rapidamente, mas isso não ajuda muito. Quando a dor o acorda, ele finalmente sente seus ferimentos. Ele já foi atropelado por um carro. Isso dói mais.

Cada respiração envia uma nova onda de dor através de seu peito, mesmo com seus pulmões não inflando tanto quanto deveriam. Ah merda. Normalmente, uma boa noite de sono cuida principalmente das costelas quebradas, mas ele pode senti-las se mexendo e rangendo. Ele provavelmente precisa de comida.

Peter geme e finalmente consegue enfiar a mão intacta na mochila, que está usando como travesseiro. Ele sente ao redor, mas só é capaz de retirar uma barra de proteína. Ele amaldiçoa baixinho. Ele deveria ir às compras na quinta-feira. Ele rasga a barra de proteína com os dentes para evitar usar a mão. Ele mastiga a barra lentamente e engole em pequenas mordidas para evitar balançar suas costelas mais do que o necessário. Ainda é torturante.

Muito cedo, a barra acaba e Peter ainda está morrendo de fome. Ele tenta se sentar para poder comprar mais comida, mas só chega na metade antes que a dor aumente demais. Um fogo branco e quente enche seu peito e a respiração se torna mais difícil. Ele se deita com um pequeno gemido. Ele vai ter que comer mais tarde.

Para tentar esquecer a dor, Peter foca sua super-audição na área ao seu redor. Dentro da imobiliária, alguém acabou de aceitar uma oferta de um novo condomínio. Duas ruas abaixo, um bebê está gritando. Há tráfego nas ruas e buzinando a alguns quarteirões de distância. Os sons de casa. A dor desaparece o suficiente para que Peter adormeça novamente.

26 de setembro de 2015 19h05

Na próxima vez que Peter acorda, o sol já se pôs, então sua cabeça dói um pouco menos. Ele respira devagar e com cuidado, observando como suas costelas se movem. Elas curaram o suficiente para estarem rachadas em vez de quebradas. Elas doem como uma cadela, mas ele pode lidar com elas. Ele fecha os olhos por um momento, preparando-se, então lentamente se senta. Suas costelas gritam para ele quando ele se move, e sua respiração fica presa. Tudo o que ele pode sentir é a dor ardente em seu peito. Um pequeno soluço escapa, mas ele consegue evitar gritar. De uma posição sentada, ele se inclina contra a parede do beco e depende principalmente de sua mão ilesa para se levantar. Ele não quebrou ou torceu nada nas pernas, mas há uma queimadura muito ruim na panturrilha direita que continua esfregando na perna da calça.

Peter não quer nada mais do que deitar e dormir por uns 20 anos, mas se ele quiser que a dor pare, ele precisa de comida. Ele consegue dar um passo trêmulo depois outro, mantendo a mão contra a parede para se apoiar. Uma vez que ele chega à abertura do beco, ele está andando perto o suficiente do normal para que nenhum nova-iorquino dê uma segunda olhada nele. Sua bodega normal está muito longe, mas ele consegue tropeçar em um Taco Bell.

Ele provavelmente parece uma merda, mas o adolescente um pouco mais velho que ele atrás do caixa nem pisca. Peter pede 30 dólares em tacos, o que o faz estremecer quando seu clipe de dinheiro de repente fica muito mais fino. Ele ainda tem algumas centenas, mas isso é para emergências e ele vai precisar esticar ainda mais. A mão que ele quebrou é a sua dominante. Ele não poderá trabalhar por um tempo.

Ele também não poderá ser o Homem-Aranha por um tempo. Não só ele está sem fluido de teia, mas seu traje improvisado estava totalmente arruinado. Até suas botas e máscara precisavam ser jogadas fora. As únicas coisas que ele deixou de seu traje original são seus atiradores de teia, e eles precisam de manutenção pesada... o que ele não pode fazer sem o uso de sua mão. Os materiais para seu terno custarão dinheiro que ele não pode usar. O Homem-Aranha está fora de serviço por enquanto.