Aqui se faz, aqui se paga

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Minha mãe ficou desesperada, começou a se debater e a gritar, esse homem com raiva de todo o escândalo a empurrou fazendo ela cair no chão, a arma que estava com ela caiu perto de mim e antes que eu pudesse pensar em alguma coisa ele sacou a arma e atirou na cabeça da minha mãe, na quele momento tudo pareceu em câmera lenta, eu conseguia ouvir os meus batimentos cardíacos acelerado, minha respiração forte, sentia nitidamente o meu estômago embrulhando, meu corpo tremendo, minha garganta fechando e os meus sentimentos completamente bagunçados e quando eu olhei pra baixo e vi a arma na minha frente eu a peguei e apontei pra esse homem e sem um pingo de hesitação eu puxei o gatilho, sim, eu tinha tirado a vida de um homem com apenas quatorze anos.
Alguns anos depois quando eu completei os meus vinte e dois anos o meu pai se matou tomando veneno em uma taça com vinho, sentado na grama olhando o por do sol, ele já não aguentava mais a dor de se sentir o vazio gritante em seu peito, minha mãe era a pessoa que animava a casa, aquele sorriso cativante e a animação que a fazia parecer uma garota de doze anos em um parque de diversões, aquela chama que ela fazia ter em nossos corações avia se apagado, o meu pai só não aguentou mais sentir esse peso, mas antes que ele pudesse ir ele me treinou e me ensinou tudo que eu sei hoje, ele falava que não queria isso pra mim, mas na quele dia em que ele me viu puxando o gatilho sem se quer hesitar ele percebeu que eu não era uma simples garotinha e ele sabia que mesmo não querendo eu iria vingar a morte da minha mãe de um jeito ou de outro, eu achava que o meu pai iria querer o mesmo que eu, mas ele tinha se tornado fraco, abatido e sem luz, ele já não ligava mais pro resto e sendo sincera, nem pra mim ele ligava mais, afinal eu nunca tinha sido tão próxima dele.
Tá, mas aí você me pergunta o que aconteceu? Como você se sente? Qual sentimento você tem? E entre outras perguntas que com certeza você deve estar super curioso(a), bem eu vou responder elas agora. Após eu ter apertado o gatilho tudo ficou em silêncio por alguns segundos, eu olhei no rosto do Coruja e apontei para ele também, afinal tudo aconteceu por sua culpa, mas antes que eu pudesse puxar o gatilho novamente o meu pai rapidamente tirou a arma da minha mão e gritou dizendo que se eu tirasse a vida dele estaríamos mortos, o Coruja começou a bater palmas como se aquilo fosse um show, ele chegou perto de mim colocou sua mão em minha cabeça, deu um sorriso e falou que gostou de mim, ele se virou para ir embora e eu gritei que me vingaria da morte da minha mãe e tomaria posse do que lá seja a tal da máfia, ele simplesmente saiu andando e foi embora.
No enterro da minha mãe eu lembro de ter segurado sua mão, eu tinha dado um beijo em sua testa e a prometi de que eu me tornaria uma mulher foda na qual ela vivia falando que queria que eu me tornasse, na quele momento eu não derramei uma lágrima se quer e dês da quele dia eu treinei até esgotar os meus limites, aprendi tudo sobre a nossa máfia, estudei noite e dia, me tornei a melhor atiradora, eu nunca errei um tiro se quer, o meu nível de inteligência era surreal, tudo que eu aprendi foi graças ao meu pai, mas aí chegou o dia em que eu fui em seu enterro, eu apenas dei um beijo em sua testa, agradeci por tudo que ele fez por mim, virei as costas e fui embora friamente.
Com a morte do meu pai obviamente os chefes das máfias surtaram, afinal o meu pai também tinha parcerias e por conta disso muitas coisas iriam foder com todo o sistema, então eles marcaram uma reunião entre si e enquanto todos conversavam sobre quem eles iriam colocar no lugar do meu pai eu apareci dizendo que tomaria o lugar dele, todos entraram em uma gargalhada surreal, fui taxada de piada, perguntaram como que uma garotinha tomaria conta de uma máfia, falaram que eu não teria coragem de apertar o gatilho de uma arma, até que mais um chega na sala, o famoso Coruja, ele havia chegado dizendo para se lembrarem de um drástico acontecimento em que um homem foi assaltar a nossa casa e que uma garotinha de apenas quatorze anos havia puxado o gatilho sem hesitar, no momento eles não acreditaram que a tal garota era eu, falaram que eu parecia uma boneca de tão indefesa que eu parecia ser e que em hipótese alguma eu poderia sujar minhas mãos de sangue, eu fiquei com tanta raiva de me sentir impotente na hora que eu saquei uma arma e atirei no shot de tequila que estava na mão de um dos homens, todos ficaram de boca aberta, eu simplesmente falei que não me importava se eles iriam ou não me querer no lugar do meu pai, porque eu ia entrar de um jeito ou de outro, bem como essa prova do tiro eles me aceitaram, dês desse dia me apelidaram de bonequinha do diabo, uma garota com aparência frágil, mas que carrega sangue nas mãos sem ao menos sentir remorso.
Sentada na mesa eu olhava na cara do Coruja com o mesmo olhar de quando ele havia mandado matar minha mãe na minha frente e ele nem se quer olhava na minha, mas na hora de ir embora ficou apenas eu e ele na sala, o silêncio o tomou o lugar e eu apenas perguntei aonde estava a tal guerra que ele havia declarado oito anos atrás e qual era o maldito do motivo de todo aquele show, ele apenas se levantou andou para as minhas costas, colocou o meu cabelo de lado, segurou o meu rosto, beijou o meu pescoço lentamente e disse sussurrando no meu ouvido sobre o quanto eu estava bonita, eu levantei lentamente dei um sorriso e o empurrei contra a parede, sem ele perceber eu havia pegado uma faca da mesa e a enfiei em uma das suas pernas, pra não gritar eu coloquei minha mão na sua boca e sussurrei em seu ouvido sobre o quão ele ficava lindo de terno, mas pedi desculpas por ter rasgado uma parte dela, virei as costas e fui embora.

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