it happens

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Talvez eu nunca tenha parado para analisar como funciona a "escuridão de Kim Taehyung" mesmo que eu a entenda de certa forma, mas a coisa certa nesse lado dele é seu transtorno de personalidade borderline. Eu sei, talvez pareça muito estranho dizer que aquele garoto metido a saxofonista tem TPB, mas é a verdade.

Ele toma medicamentos com frequência pra não ter um enorme surto, mas Daegu é o gatilho dele sempre que voltamos para casa. E o maior gatilho dele são seus vizinhos, dois garotos em específico, que apenas não gostam dele de modo algum, então o infernizam sempre que ele aparece. Por isso Tae sempre surge com um machucado novo quando estamos em Daegu: Taehyung se mete em brigas.

Tae fazia terapia quando era mais novo porque a tia trabalhava no ramo e achava que ele precisava de algum tipo de companhia já que os pais sempre estavam tão longe e ela mesma já ouviu de sua boca que ele tinha problemas na escola e na vizinhança, além dos traumas que o garoto já passou, então descobriu no começo da adolescência que ele tinha aquele transtorno complicado.

Mas ele parou de fazer terapia quando entramos no colegial, e então age como se nunca tivesse feito terapia e finge que nunca soube sobre seu transtorno. Ele acha que ignorando completamente o fato, deixaria de ser realidade. Mas ele nunca parou com os medicamentos que sua tia ainda o aconselha a ter quando eles conversam e ela da aquelas dicas de psicoterapeuta.

E é também por isso que Namjoon também se machuca quando está com Taehyung em Daegu.

Namjoon sente a necessidade de salvar ele de si mesmo e dos vizinhos dele, por isso sempre o acompanha quando vamos a Daegu. Ele odeia saber que Tae se machuca por não conseguir ignorar aqueles garotos, então desde que nos conhecemos ele sempre está atrás do nosso mais novo, tentando impedi-lo de machucar alguém ou se machucar como consequência.

Mas a questão de tudo isso é: Kim Taehyung resolveu lidar com a própria escuridão hoje, e estamos na terapia, exatamente como ele disse que faríamos.

Jin acabou tendo um imprevisto na escola e teve que ficar para resolver as coisas, então eu estou na sala de espera da clínica sozinho enquanto a sessão do mais novo não termina NUNCA! Eu juro, nunca achei que sessões de terapia poderiam demorar tanto quando se está na sala de espera, mesmo sendo apenas uma hora. Não sei se é pelo fato de eu estar sem internet e ter vergonha de pedir a senha do Wi-Fi para a recepcionista para gastar o tempo trocando mensagens com o meu não-namorado ou apenas porque eu cansei de encarar o relógio na parede bem a minha frente fazendo esse tic-tac insuportável que eu não aguento mais, mas eu odeio qualquer uma das opções.

Eu amo Taehyung, ele é como um irmão mais novo para mim e como o meu melhor amigo de infância — mesmo que nós apenas tenhamos começado a nos falar quando entramos na nova escola, já que naquela época ele era só o garoto que eu via de vez em quando na rua porque morava um quarteirão ao lado —, mas eu acho que qualquer lugar é mais interessante que salas de espera.

— Cara, você ta tentando fazer o que olhando o relógio desse jeito? Desenvolvendo telecinesia? Controlando o tempo? — E falando no diabo, o mais novo apareceu em pé ao meu lado, com uma das mãos dentro do bolso da calça de cetim e com o casaco por cima do braço.

— Acho que controlar o tempo ia ser legal. — Então eu me levantei, sentindo até as pernas doerem de ter ficado sentado do mesmo jeito por tanto tempo.

Ele passou na recepção enquanto eu tentei acordar minhas pernas e fomos embora.


[ . . . ]


Eu me sinto muito nervoso em ficar sozinho, e eu percebi que eu odeio me sentir nervoso e odeio me sentir e realmente estar sozinho. E Namjoon não está no nosso quarto e Taehyung quer ter aquela conversa séria com Jimin sobre terapia e transtornos de personalidade, mas eu não quero estar sozinho. E por sorte eu sei que um certo cara do quarto 37 não poderia negar minha presença.

Love, Hoseok. [hiatus]Onde histórias criam vida. Descubra agora