Capítulo VII

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 Timothy Phivarish nunca esperou muito do mundo e em troca o mundo lhe deu as costas. Sabia que estava muito acima de todos do planeta e por isso se importava pouco com todo o resto a não ser recuperar seu trono por direito.

Mas sempre havia variáveis, ele sabia, ele tinha consciência. Só o que não esperou foi aquilo...

O príncipe conseguiu trazer o homem da CASF para ele e quando o olhou...

Seu mundo estagnou por segundos que duraram uma eternidade.

Minsell tinha olhos arredondados ainda que asiáticos. Suaves e muito humano, embora naquele momento ele parecia extremamente estressado. O terno claro que ele usava estava amassado em alguns pontos, prova de que a viagem foi emergencial e cansativa e a pele parecia precisar urgentemente de descanso e sol. Ele era elegante...

E ele era seu compatível.

Naquele segundo tudo o que ele quis foi ir até ele e tocá-lo e ao mesmo tempo se sentir ainda mais furioso com o mundo. Claro que seu intelecto era primoroso e sabia bem que aquele homem era real e não fruto da sua imaginação, claro. Mas por algum motivo a inevitabilidade da situação o deixou chocado diante da irrealidade... Seu compatível era um deles, um da escoria... Um noelítico.

E não só isso como todos os seus instintos mais primitivos gritavam dentro do seu corpo e da sua mente que devia pegá-lo e colocá-lo para dormir por longos dias. Ele precisava de descanso, ele precisava de Timothy. E Tim...

Foi irracional pela primeira vez na vida.

— Alteza, deixe-nos a sós.

O príncipe assentiu e saiu do seu salão o deixando a sós com seu Compatível e ele... Lhe olhou confuso, claramente sentindo a ligação, mas sem entender, ou talvez compreendesse tudo já que ele era a ponte e conhecia todos os trâmites e tradições da tríade.

E suas crenças e conhecimentos também.

— Príncipe Timothy Phivarish?

Tim ouviu e percebeu em sua pele o tom, a cor e as nuances daquela voz rouca e exausta e seu corpo agiu sozinho. Ele foi até o homem que foi feito para si e nasceu precisamente onde não devia. Mas tudo podia ser corrigido se soubesse como e onde modificar.

O mundo lhe devia tal coisa como lhe devia muitas coisas naquela vida.

— Que bom que sabe quem eu sou. Podemos pular as apresentações.

Tim o puxou pela cintura e cobriu os lábios macios com os próprios.

E os lábios eram quentes, acessíveis, doces. Aquela pessoa era sua e sempre seria sua. Só sua.

O homem tentou o empurrar sem sucesso e então virou o rosto negando seu acesso a ele.

— Você não tem esse direito, alteza!

— Você é meu compatível, você sente. Eu tenho esse direito!

Recebeu um olhar cortante e então um soco no estômago que o fez soltá-lo por cortesia. Não que um golpe daquele lhe machucasse, mas era melhor não irritar o seu futuro amante.

— Não importa! Primeira lição é conquiste, seu idiota estúpido!

Tim sorriu. Qualquer outra pessoa que o ofendesse poderia muito bem arrancar a cabeça, porém para aquele noelítico birrento ele daria a cortesia de ignorar a ofensa.

— E isso significa...?

O olhar revoltado que recebeu foi engraçadinho e Tim quase riu.

Quase. Mas por fora se mostrou interessado a qualquer coisa que ele lhe dissesse e o que ouviu foi:

O acordoOnde histórias criam vida. Descubra agora