A Rebeldia do Príncipe

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O sol estava quase desaparecendo no horizonte quando um jovem beta corria apressado pelo grande quarto real, carregando vários tecidos delicados em seus braços. Duas omegas costuravam enfeites de ouro em um sobretudo branco, enquanto outros cervos poliam as botas pretas de gala.

Alheio a tudo estava o belo príncipe, que permanecia sentado em uma poltrona circular sem encosto, enquanto alguns omegas o vestiam e maquiavam com dedicação e cuidado.

Choi Beomgyu tinha os pensamentos distantes, mirando um ponto qualquer além da janela que dava visão ao jardim que ele tanto amava, mas que agora parecia tão distante.

O príncipe omega sentia um nó na garganta, e um calafrio pelo corpo todo. Certamente não carregava a felicidade de um omega prestes a se casar. Pelo contrário, se sentia profundamente triste naquele dia.

Pensar que no dia seguinte sua vida seria totalmente diferente, lhe trazia um gosto ruim na boca.

Ele se controlava para não chorar e dificultar o trabalho dos cervos que o arrumavam. Mas não podia controlar seus sentimentos tampouco os pensamentos, afinal, tudo que lhe restava daí em diante seriam suas lembranças da felicidade.

Era a primeira noite da primeira depois de um inverno rigoroso. Os camponeses fizeram uma festa em comemoração à colheita farta do dia, e o regresso do calor.

A rainha alfa estava igualmente feliz, no entanto a família real não compareceu ao evento, não costumavam sair dos muros do castelo, e isso incomodava o príncipe, pois este gostaria de participar mais da vida de seu povo. Queria ser um bom rei no futuro, queria que as pessoas sentissem que o poder estava em boas mãos.

No entanto, não tinha permissão para sair, principalmente para estar com plebeus. Era um discorde um omega frequentar este tipo de evento sozinho, e Beomgyu sabia perfeitamente disto.

Mesmo assim decidiu cometer seu maior ato de rebeldia.

Usando uma roupa emprestada por seu criado pessoal e também omega, Beomgyu conseguiu sair do castelo sem ser visto.

Andando sozinho pelas ruas escuras da cidade, não foi difícil descobrir onde acontecia a festa, pois a música rústica era ouvida mesmo em uma boa distância. O príncipe se aproximou curioso, e então se deparou com inúmeras pessoas cantando e dançando ao redor de uma fogueira.

Todos riam e pareciam tão felizes que arrancaram um sorriso singelo do omega.

Ele se aproximou de uma mesa cheia de carnes, comidas, pães, e doces. Com a boca cheia d'água escolheu um pãozinho coberto de açúcar. Na primeira mordia percebeu o quão aquilo era saboroso e se perguntou porque não cozinhavam coisas assim no castelo.

Era sua segunda vez fora dos muros, a primeira foi quando ainda era filhote e presenciou um discurso de sua mãe alfa para o povo, junto de sua mãe omega. Agora adulto as coisas não pareciam ter mudado muito de como ele lembrava.

Encantado com as músicas, as cantorias e as danças, Beomgyu foi caminhando sem rumo entre as pessoas, só percebeu ter afastado-se demais quando já caminhava por uma trilha na floresta.

Iluminado pelas estrelas ele continuou andando, em sua opinião tudo era tão bonito naquele lugar. Quando a trilha acabou ele encontrou um lago de águas cristalinas. Decidiu aproximar-se da margem, e sorriu ao ver seu reflexo com aquelas roupas simples de servo, emprestadas pelo outro omega.

Foi tudo muito rápido, num instante ouviu um galho se quebrar atrás de si, e pelo susto pisou em falso, o que o fez perder o equilíbrio e cair na água em seguida.

Ômega de Pêssego - TaegyuOnde histórias criam vida. Descubra agora