VIII- Magia

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O colar brilhava e a puxava levemente na direção de Alexander, Claire a seguia olhando fixamente para o colar, queria possuí-lo e mostrar que poderia ter algum talento com magia para Alexander e assim o conquistasse, mas ainda tinha um problema, tirar o colar de Fur. Devido aos acontecimentos da noite passada, Claire pensaria duas vezes antes de ter algum confronto físico com Fur.

–Você não é nem um pouco feminina, você é feia, parece um garoto– Claire provocou.

–Se garotos são feios então Alexander também é feio– Fur deu de ombros.

–Você é burra? Não foi isso que eu quis dizer!– Defendeu-se.

–Só sei que se você continuar enchendo o meu saco, eu vou cortar tua língua e te deixar aqui sozinha– Fur disse com frieza.

Claire fechou a cara, emburrada, calou-se e continuou a seguir Fur. Depois de atravessar o mercado a empregada notou a lentidão da senhorita e ao se aproximaram notou seu calcanhar inchado.

–O que diabos você fez no pé?– a garota resmungou.

–Não te interessa!– Claire murmurou.

Claire saiu mancou até um poste e caiu, suspirando, Fur foi até ela e tirou seu sapato.

–Por que tens sapatos tão pequenos e desconfortáveis? Você é tão idiota ao ponto de não saber que não se deve comprar coisas desconfortáveis?!– a empregada reclamou.

Fur suspirou mais uma vez. Ajoelhando-se sinalizou para que Claire subisse, envergonhada, ela exitou, não tendo muita escolha, subiu em suas costas, agarrando-se no pescoço de Fur.

Ambas chegaram em uma loja de aparatos mágicos, Fur deu uma risadinha, esse era o único lugar que alguém como ele iria. Fur desceu Claire, que estava sonolenta, já havia anoitecido.

Adentrando na loja, foram recepcionadas por um atendente.

–Boa noite minha senhorita, o que deseja?– o atendente perguntou gentilmente à Claire.

–O s-senhor Alexander, ele está aqui?– Claire questionou esperançosa.

–Ah sim, ele está aqui, irei informa-lo que está o procurando, senhorita...?

–Claire Dives– respondeu triunfante.

Ela sentou-se em um sofá e relaxou, enquanto Fur olhava os itens mágicos. A loja era enorme, cada produto exalava um brilho mágico encantador, a garota tentava não pegar algo escondido.

Haviam livros extremamente velhos com capas desbotada; frascos de poções relusentes; os mais diversos tipos de ervas; pedras de mana de diferentes cores; pássaros de ouro que se mexiam, Fur não entendia o propósito deles; animais que ela nunca tinha visto antes.

Enquanto passava pelo corredor dos animais, um deles chamou sua atenção: um gato de pelagem escura, com duas cabeças e um par de asas sorria para ela, a mesma sentiu uma arrepiu ao ver seus dois olhos a encarando.

–Não me olhe assim, é estranho– a garota murmurou.

–Peço desculpas, vossa Alteza– uma das cabeças respondeu.

–Assim vai assusta-la mais ainda, idiota– a outra reprimiu.

–Cala a boca, você que é o estúpidos aqui!– a outra retrucou.

–Vai se ferrar, dentre nós você é o mais sem noção!

Fur ficou os encarando por um tempo, perplexa, embora compartilhassem o mesmo corpo, não se davam bem.

–Hm... até quando vão continuar discutindo?– Fur interviu.

–Oh, nos desculpe vossa Alteza, nos esquecemos que estava aí– desculpou-se

–Sem essa de "vossa Alteza", apenas me chamem de Fur.

–Às suas ordens vos- Fur, aliás eu sou Aquilae e ele Callidus.

–Fur você vai nos tirar daqui? quero dizer, seria uma honra servir a senhorita– Callidus clamou.

–Ah, bem... eu não tenho dinheiro, além do mais o patrão não iria permitir que eu lhes trouxesse comigo– ela cruzou os braços.

–Fur, estamos indo– Alexander apareceu repentinamente atrás da garota, fazendo os "gatos" se encolherem.

–Ah, finalmente, vejo vocês por aí– a garota despediu-se.

Saindo do corredor, Alexander olhava para Fur com curiosidade.

–O que estava conversando com aquele felicus?– ele indagou.

–Felicus? Se refere ao gato de duas cabeças?– Fur perguntou.

–Exatamente.

–Nada de mais...– a empregada desconversou.

–Onde você esteve esse tempo todo?

–A senhorita se perdeu, então estivemos tentando encontrar onde o senhor estava– respondeu fazendo uma careta.

–Eu não deveria ter a levado junto se soubesse que isso aconteceria– Alexander suspirou.

Chegando na recepção, avistaram Claire dormindo no sofá, Fur a colocou em seu colo e levou-a até a carruagem, Alexander foi em seguida, depois de pagar o que comprou.

Ao chegar no quarto, Fur colocou Claire em sua cama e saiu, quando passou pela porta se deparou com Lucy.

–Eu sei que não deveria lhe falar isso, mas acho que você precisa saber– Lucy começou.

–Alexander me informou que depois da partida da senhorita, você poderá se reencontrar com eles, é claro, se você tiver feito um bom trabalho cuidando da jovem senhorita– completou sorrindo.

Os olhos de Fur brilharam, mas logo o brilho se foi, dando espaço a uma feição preocupada.

–Hm, você poderia ter dito isso antes– Fur fez uma careta.

–O que você fez?– a empregada fechou a cara.

–Nada, não... agora eu vou indo, tchau, tchau– a garota saiu de mansinho.

Entrando em seu quarto a garota pulou em sua cama e apagou. Tivera um dia longo e estava tão cansada que não ouviu Claire entrado sorrateiramente em seu quarto.

A garota revirou suas gavetas, silenciosamente à procura do colar, mas não encontrou nada, assim que olhou para Fur, que estava adormecida, reparou em seu pescoço o colar.

–Droga!– ela sussurrou.

Com o máximo de cautela, ela retirou o colar e saiu do cômodo, comemorava silenciosamente.

Tudo estava ocorrendo perfeitamente, entretanto acabou trombando com Lucy e escondeu rapidamente as mãos atrás das costas.

–Senhorita, o que está fazendo acordada tão tarde?

–Ah, eu estava apenas passeando pela mansão, mas já estou indo para o meu quarto, adeus!

Ela saiu correndo, mas isso não impediu que Lucy visse o colar em suas mãos, ela encarou-a seriamente, "Devo contar ao senhor".

Em seu quarto, Claire trancou a porta e correu em direção à penteadeira. Colocou em si o colar e se admirou no espelho.

–Isso combina mais comigo do que naquela vira-lata sem classe!– Claire riu.

De repente, Claire sentiu-se sonza, com fortes dores de cabeça e começou a ouvir vozes:

"Tu não és digna!"

Ela cambaleu até sua cama e arrancou o colar de seu pescoço e jogou-o no chão.

–Mas que merda?! Isso deve estar amaldiçoado!

Com medo, Claire se aconchegou em sua cama e voltou a dormir como se nada tivesse acontecido.

Antes mesmo do sol nascer, Lucy foi até o quarto de Claire naquela madrugada e destrancou o quarto  com a chave mestra. Adentrando o quarto, notou o colar roubado jogado no chão, perto da cama.

"Isso já está passando dos limites"

I'll Be The VillainOnde histórias criam vida. Descubra agora