Sem fugir

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POV CAMILA

Sabe quando você acorda e não é um sonho, tipo você e seu melhor amigo realmente ficaram - e mais de uma vez - e dormiram colados um no outro.

Ou eu voltei a ter 18 anos o que é impossível porque minha vida não é baseada no de repente 30 - invertido - ou, eu e Raphael piramos e depois de velhos queremos brincar de amizade colorida.

Agradeço infinitamente de ter acordado sem ele ao meu lado, porque eu precisava pensar e ele perto não me ajudava. Se eu tivesse tendo uma crise assim por causa de algum homem eu ligaria para o Raphael, ele não saberia dar ótimos conselhos mas só de desabafar e ouvir que ia dar tudo certo já me aliviava.

Mas se ele é o motivo dessa confusão dentro de mim, pra quem eu ligo?

Hoje tinha jogo, então pelo menos eu tinha a melhor distração possível. Vamos Palmeiras o humor da minha semana está nas suas mãos, não me decepciona. Jogo importante, vale a liderança e é contra um adversário direto que está brigando pelos mesmos títulos que a gente como favorito.

No próximo jogo eu aviso o Raphael que se ele quiser me dá passe livre, pra ele mandar dois pelo menos. Caíque estava me cobrando de fazer esse tipo de programa com ele, falou que é ano de copa e quer aprender sobre futebol, mas as intenções dele são bem diferentes.

E com intenção quis dizer a beleza de um certo jogador ao qual também sou melhor amiga.

Passe dado não é algo que você possa reclamar, mas eu preferia ficar nos gols, mesmo tendo preferência pelo gol norte, mas tudo bem. Tem dia que simplesmente não dá, e se não fosse só o jogo duro e com baixo rendimento de ambos os lados, aos dez minutos eu tive que ver Raphael interromper uma corrida e colocar a mão sobre a coxa.

Meu coração se apertou na hora, enquanto eu pedia a Deus pra não ser nada demais, é só um incômodo, é só um incômodo. Três minutos depois vi ele pedindo a substituição, estava longe mas ainda conseguia ler a feição preocupada dele. Dali pra frente foi só para trás, além da bola não entrar, minha mente estava aflita pensando o quão chateado ele podia estar.

Tivemos desentendimento em campo, Gabriel mais alterado que o normal, dois gols perdidos um por Navarro e outro pelo Scarpa. Mas tem dias que parece que não vai, o jogo acabou 0 x 0, a preocupação maior no entanto foi a possível lesão do melhor jogador do nosso time, e nossa peça essencial.

Ir embora do estádio sempre foi a parte que eu mais odeio por muitos motivos, eu amo estar no tumulto mas sair dele era horrível, eu não tinha paciência de esperar. É logo hoje que meu coração estava na mão, e que eu precisava vê-lo, a multidão pareceu demorar bem mais pra ir embora, me deixando ainda mais apreensiva.

Fui em direção ao estacionamento, enquanto tentava ver se ele tinha me enviado alguma mensagem, perguntando também ao Scarpa se ele tinha notícias, e nada. Cumprimentei alguns dos meninos que estavam tão desanimados quanto eu, quando avistei Raphael vindo devagar e mancando senti meus olhos encherem de lágrimas.

Por favor, não seja nada grave, por favor.

Quando se aproximou não deixei que falasse nada só me lancei em seus braços, encaixando meu rosto no seu pescoço. Tentava acalmar as batidas do meu coração e me acalmar porque ele precisava disso, eu precisava mostrar pra ele que estava ali caso precisasse colocar pra fora.

Eu não podia pirar.

Demoramos um pouco para encerrar nosso abraço, e antes que ele se afastasse completamente eu dei um selinho, foi rápido e totalmente sem pensar.

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