O sol entrava pela grande vidraça na sala de estar. Com a brisa do outono, Aelin saboreava uma fatia de bolo de chocolate como café da manhã.
Cada mastigada parecia um delírio deliciosamente hipnotizante. Como Aelin gostava daquilo, da brisa em seu rosto, da sensação de tranquilidade naquela manhã... de pode respirar preenchida por uma paz que jamais imaginou que conseguiria alguns anos atrás.
Depois da guerra, tudo estava finalmente entrando nos eixos. Dorian reinava com prosperidade em Adarlan e Aelin começava a ver o frutos das novas governança em Terrasen e nos territórios vizinhos.
Sua corte de sonhadores, seus amigos. Conseguiram o que tanto queriam.
E agora, depois de tantos meses, algo a mais acontecia. Algo completamente inédito.
Talvez Mala ou qualquer outra deusa tivesse abençoada a coroa para receber essa nova dádiva justamente agora, quando tudo terminava de se encaixar nos eixos.
Foram longas noites sem dormir e muitos problemas até Aelin finalmente poder sentar nessa manhã e se sentir completamente realizada.
A brisa vinda de fora mudou de direção, trazendo um aroma de pinho e neve que fez o coração da rainha se agitar.
– Bom dia, Coração de Fogo – a voz rouca, ainda com o leve resquício de sono, vibrou por todo seu corpo.
Rowan depositou um beijo carinhoso na têmpora de sua parceira, sentando-se ao seu lado para tomar o café da manhã.
Aelin piscou, observando seu marido e parceiro. As vezes parecia que tudo isso era um sonho. Uma benção com data para expirar, a qualquer momento ela poderia acordar e perceber que seu tempo emprestado se esgotou.
A luminosidade da manhã refletiu nos olhos de Rowan enquanto seus olhos a estudaram, curiosos.
– Está tudo bem?
– Sim – o sorriso de Aelin foi genuíno ao se dar conta da cor daqueles olhos.
Ao se dar conta de tudo.
– Aedion deve chegar ao fim da manhã – ele comentou, se servindo de um pedaço do mesmo bolo que Aelin comia.
– Sim, ele e Lys precisam nos encontrar para resolvermos o resto das pendências em Terrasen.
Rowan murmurou em concordância, saboreando o bolo.
Uma lembrança percorreu a mente de Aelin, um bolo compartilhado há anos, quando a guerra ainda não tinha chegado e ela e seu parceiro eram apenas colegas que estavam aprendendo a conviver em harmonia.
Naquela época, Aelin jamais imaginou que chegaria até o dia de hoje.
Com um suspiro satisfeito, a rainha relaxou em sua cadeira. Sabia que estavam seguros, então deixou o resquício de magia, que ainda corria por seu sangue, se encolher.
O cheiro que vinha disfarçando com certo esforço nas últimas semanas fluiu para fora de si. Era a primeira vez, desde quando começou a desconfiar da vida sendo gerada em seu ventre, que deixava suas defesa completamente baixas. Nunca correu o risco de qualquer outro férrico sentir seu cheiro modificado pela gravidez. Nem mesmo Rowan.
Parecia surreal demais para Aelin e o medo de ser apenas um sinal falso falou mais alto. Ela não queria que seu parceiro passasse por uma falsa esperança.
Então se escondeu com a própria magia, esperando o momento em que teria certeza.Nessa manhã, ela teve a confirmação. O enjoo da manhã anterior, seguido pelo desejo do delicioso bolo de chocolate dessa manhã, foi mais do que suficiente para confirmar e sanar qualquer resquício de dúvida.
Aelin, em toda sua maestria e autocontrole, se manteve relaxa em seu assento, observando cada respiração do parceiro ao seu lado.
Ela viu o momento em que Rowan dilatou suas narinas, pouco antes de levar mais uma colherada de bolo a boca. Viu a colher escorregar de seus dedos e o choque assumir forma em suas feições.
– Aelin? – o verde de seus olhos pareceu se tornar mais intenso quando a olhou sem piscar. – O que é isso?
– Isso o que, busardo? – A rainha ainda teve capacidade de se fazer de desentendida.
– Não brinque comigo, por favor. – Havia um tom frágil na voz de Rowan que desmontou qualquer resquício de dissimulação de Aelin.
– Teremos algo a mais para nos preocuparmos nos próximos meses – a frase quase não saiu da garganta apertada de Aelin.
Antes que ela pudesse se dar conta do que estava acontecendo, Rowan pulou da cadeira, se ajoelhando ao seu lado, com o rosto próximo ao seu ventre.
– P-por que...? – os olhos do macho brilhavam, dançando entre Aelin e sua barriga.
Ele não precisou terminar a pergunta para Aelin saber o que perguntava.
– Eu tive medo de estar enganada.
– Coração de fogo, você cheira como o sonho mais lindo que já tive, impossível ter qualquer dúvida – a voz de Rowan estava completamente embargada com uma felicidade que Aelin jamais havia visto.
Uma risada profunda escapou de sua garganta no momento em que seu parceiro a puxou nos braços.
– Eu te amo tanto, Coração de Fogo – a voz de seu parceiro vibrou por todo seu corpo. – E essa criança vai ser a mais amada de toda Terrasen.
– Eu também te amo – as lágrimas de felicidade brotaram em seu rosto.
Isso não era um sonho. Era real. Tudo era real. O tempo emprestado não era mais só um tempo emprestado. Era um vida. Eles estavam construindo o tempo que queriam. Juntos.
A luz do sol banhou o casal um pouco mais forte, como se abençoados por seus antepassados.
Aelin e Rowan se demoram naquela manhã durante o café. Se demoraram ao dizer em cada beijo e carícia que se amariam dessa vida até as outras.
Rowan e Aelin finalmente conseguiriam criar um mundo para sonhadores. E aquela criança no ventre da Rainha de Terrasen seria a primeira prova de que o mundo tinha se tornado um lugar seguro.
Um mundo melhor.
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One Shots
FantasyAqui vou deixar algumas one shots que já escrevi ou que vou vir a escrever, geralmente de algum casal/livro que eu goste muito. . Será uma por capítulo e os personagens principais ficarão destacados no nome do capítulo. . Não vou me responsabilizar...