Only love can hurt like this

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Josie estava entorpecida enquanto encarava a paisagem do lado de fora do quarto de hóspedes em que havia levado Hope. Demorou aproximadamente três horas - que para a morena pareceram mais  uma eternidade - para que a ruiva conseguisse se acalmar minimamente e eventualmente ceder ao cansaço. 

Agora, estando finalmente sozinha consigo mesma, a mais nova tenta dar algum sentido aos seus pensamentos que pareciam surgir em sua mente a cada segundo, pois tudo estava acontecendo rápido demais para que ela pudesse conseguir processar adequadamente. O momento em que Hope a olhou após o instante em que a realização do que realmente havia acontecido decaiu sobre seus ombros passava por sua mente em um tortuoso loop infinito; a morena chegou a sentir até mesmo uma pontinha de inveja da namorada pela mesma estar dormindo, pois tudo o que ela queria agora era conseguir dar um tempo do furacão que Niklaus Mikaelson havia causado em suas vidas. 

Mas se não fosse por ele, será que algum dia Hope poderia ter se lembrado do que fizera por conta própria? Será que algum dia ela dormiria ao seu lado e no dia seguinte acordaria e se lembraria da noite do acidente? E se ela lembrasse, será que teria contado para ela? Ou será que esconderia? Será que a mente dela havia mesmo bloqueado o que havia acontecido? Ou será que ela mentiu por todo esse tempo? Pensar na possibilidade de Hope esconder algo daquela magnitude não só a deixava enjoada, como também fazia com que uma dorzinha fina surgisse dolorosamente em seu peito. 

Querendo deixar esses pensamentos de lado, Josie soltou um suspiro, balançou a cabeça negativamente e fechou os olhos com força; definitivamente tudo o que menos precisava era começar a levantar questionamentos desnecessários sobre o tipo de pessoa que Hope era. 

Mas será que eram realmente desnecessários? Será que não havia um fundo de verdade do qual Josie estava desesperadamente tentando ignorar? Talvez sua mãe estivesse certa em odiar todos os Mikaelson, talvez todos eles fossem mesmo todos iguais e Hope fosse só mais uma deles.  

Talvez, se Josie se esforçasse para acreditar nisso, as coisas seriam mais fáceis. A morena poderia simplesmente odiá-la e a dor que estava sentindo não existiria porque ela nunca teria entregado seu coração para a britânica; nunca teria dado a ela o poder de a destruir, mas agora parecia ser simplesmente tarde demais, pois seu peito doía como o inferno e seu corpo parecia congelado, incapaz de  responder a qualquer comando que sua mente fizesse. 

A mais alta não deveria estar tão surpresa assim, afinal de contas, " amar é destruir e ser amado é ser destruído". Não foi essa a lição que Valentim havia ensinado ao Jace quando o mesmo era pequeno? Ao menos, era essa parte que ficou marcada em sua mente. 

Aquela provavelmente era a primeira vez em muito tempo que a morena queria que sua mãe estivesse aqui só para se ter o luxo de desabar em seu colo como há muito tempo não o fazia; Josie sabia que não teria melhor momento do que aquele para sair dali evitando todo o peso emocional que sua próxima conversa com Hope teria, contudo, ainda assim ela não conseguia se forçar a deixar a ruiva sozinha. E sim, estava sendo insuportável para ela, mas Josie tinha a plena ciência de que seria ainda mais difícil para a sua namorada. 

Deixando um suspiro cansado sair por entre seus lábios; a morena não tinha a menor noção de quando fora a última vez em  que bebeu água e a ideia de tirar a secura que estava presente em sua boca era cada vez mais atraente, então, depois do que pareciam ser horas parada ali na frente da janela a mais nova se moveu. Ela virou, e deu um passo em direção a porta. Foi o que bastou para Hope abrir seus olhos azuis sem seu brilho característico que Josie passou a amar. Mas ainda que não o tivesse, o olhar da britânica era tão penetrante, que a morena não conseguiu fazer outra coisa senão encará-la de volta. 

-Fica

Foi um pedido. Josie poderia negar e simplesmente ir beber a sua água, ou até mesmo ir embora, mas ao invés disso, ela apenas diz: 

-Claro - E se deita na cama ao lado da ruiva, puxando o corpo da mais velha para si. 

(...) 

Tudo era um borrão em sua mente. 

Ela se lembra de ter caído no sono ao lado de Hope, se lembra do olhar confuso em seu rosto quando ela se sentou na cama rapidamente, e , também se lembrava de ter ouvido gritar seu nome quando subitamente saiu da cama e simplesmente foi embora sem olhar para trás; quando tudo parecer demais para que pudesse suportar. 

Agora, a mesma se encontrava em frente à porta do escritório de sua mãe e, vergonhosamente, não fazia a mínima ideia de como tinha ido parar ali; e antes que pudesse realizar qualquer movimento para sair dali, ela ouviu a voz de sua mãe ressoar: 

-Josie? 

A morena se virou para Caroline quase como se estivesse em algum tipo de transe. Pelo modo que a expressão de sua mãe mudou drasticamente ao ter seus olhos avaliativos sobre si, Josie tinha certeza de que, provavelmente, sua aparência entregava que algo muito grave havia acontecido. 

Josie abriu a boca e fechou a boca diversas vezes, mas a única coisa que saiu por entre seus lábios foi um soluço engasgado que logo foi abafado por suas mãos enquanto ainda lutava para se manter ereta e não desabar ali mesmo, no corredor da Salvatore School. 

Notando que sua filha não conseguiria se segurar por muito mais tempo, Caroline destrancou rapidamente a porta de seu escritório e tentando ser o mais delicada possível a segurou pelo braço e a guiou para dentro; para longe dos olhos curiosos dos alunos que passavam por ali; a loira só teve tempo de trancar a porta antes de Josie se jogar em seus braços e esconder o rosto em seu pescoço tendo uma intensa e desesperadora crise de choro. 

Tudo o que Caroline fez foi segurar Josie com força em seus braços, pois ela não tinha certeza do que deveria fazer tendo em vista que Elizabeth era normalmente a pessoa pra quem Josie sempre corria quando havia alguma crise. Era um território totalmente novo para a mais velha, ela até pensou em ligar para a sua mãe para que a mesma viesse até aqui, contudo, Josie se agarrava tão fortemente em si que era difícil realizar qualquer movimento. 

-Josie, o que aconteceu? - Caroline perguntou atônita - Você precisa me falar para que eu possa te ajudar, okay? 

A morena apenas emitiu um ruído engasgado incompreensível e se segurou ainda mais forte na loira. 

-Feche os olhos -  Caroline pediu em uma última tentativa desesperada de ajuda-la a se acalmar

E pelo que parecia ser a primeira vez em muito tempo, Josie não a contestou, e assim que fechou seus olhos Caroline começou a cantar. 

Safe and Sound. 

Era uma de suas músicas favoritas da Taylor Swift e sua avó sempre a cantava quando a mesma começou a ter pesadelos após a morte de seu pai. Não a ajudava a dormir novamente, mas sempre a fazia se acalmar - mesmo que fosse minimamente.  

E, então, por um instante deu certo. Josie se acalmou. 

Caroline estava quase deixando um sorriso de alívio escapar, entretanto, Josie só teve tempo de se soltar rapidamente de sua mãe e virar para trás antes de vomitar tudo o que estava em seu estômago. 

-Eu… -  Caroline começou a encarando com o choque escancarado em sua expressão - Eu vou ligar para a sua avó 

-É uma boa ideia. 

(...) 

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