Não quero que me solte

Nao quero que me solte

Quando cheguei ao local eles já estavam passando o som, o publico já estava chegando e cantando as musicas com eles, olhei para o palco e lá estavam os quatros muito animados, eles eram estrelas, mesmo ensaiando, sem todo aquelas luzes do show, sem a roupa propria, eles brilhavam por si só. Quanta presunção a minha, achei que uma dessas estrelas havia me notado, na verdade achei que a mais brilhante delas havia chegado perto de mim, quanta bobagem. Morram todas suas borboletas malditas que quiseram alimentar esperança falsa.

Fui receber os dirigentes do fandom para combinar como seria o encontro com os integrantes, já havia sessões de fotos e autógrafos programados para aquela noite, alguns poucos poderiam ver a banda e tirar fotos. Organizamos tudo e em seguida fui repassar as informações aos integrantes nos seus respectivos camarins.

Quando estava chegando ao do Sammy, meu coração começou a acelerar, e minha barriga estava cheias daquelas borboletas de novo, que caos, por que isso agora?

Era o ultimo show, tudo tinha ido bem ate então, porque agora estava acontecendo isso, passei um ano inteiro sem me iludir, e agora no final isso, mas tenho que superar, serei profissional, vai dar tudo certo.

Bati na porta:

- Posso entrar?

- Sim, pode - ele respondeu imediatamente.

Estava sentado em frente ao espelho, fazendo exercícios vocais.

- Está nervoso? Porque é o encerramento?

- Um pouco - Virou-se para mim, puxou a cadeira ao seu lado, novamente batendo nela, me fazendo entender que queria q eu sentasse ali - Pode ver se consegue ajeitar a sombra no meu olho, eu sei que tenho uma maquiadora, mas não sei, pedi pra ela acho que ela não entendeu, e acho que este esta mais forte que este.

Sentei na cadeira, me aproximei para conferir o que ele estava falando, nossos olhos se encontraram de novo, e dessa vez estávamos bem mais perto, o bater das asas no estomago e o palpitar do meu coração se chocaram e eu quase tive um colapso, por algum tempo ficamos assim, nenhum dos dois se moveu. Quando percebi que havia paralisado, tentei levantar, mas fui impedida, as mãos dele estavam nos braços da cadeira e seu tronco havia se movido para frente para que eu pudesse ver de perto os olhos, em segundos ele as colocou sobre meus ombros, voltei meus olhos para ele, ele continuou a me olhar, eu não consegui desviar, uma das mãos se moveu para o meu pescoço, e levemente me puxou para ele, seus lábios tocaram os meus, meus olhos não se fecharam, eu paralisei, mas aquele selar era quente e doce, eu não resisti, me deixei levar e quando percebi, estávamos nos beijando calorosamente, meus braços em volta do pescoço dele, suas mãos em minha cintura, e o ar se extinguindo de nossos pulmões, devíamos parar?

Sim, nos paramos, e ele sorriu, a coisa mais linda do mundo é o seu sorriso, eu estava em êxtase. Fiquei olhando para ele sem dizer nada, que conste ainda com os braços envoltos no pescoço dele.

Ele então zombou da situação tentando quebrar o gelo, porque percebeu como eu estava, inclusive soltando meus braços que estavam inertes sobre seus ombros, segurando minhas mãos ele falou:

- Se eu soubesse que ia ser assim já teria feito isso antes, acho que você também estava apaixonada por mim, você disfarçou muito bem, achei que era unilateral.

Ele selou nossos lábios dessa vez levantando da cadeira, e indo em direção ao espelho.

- Acho que ninguém vai ver a diferença nos meus olhos.

Eu voltei do meu transe. O que havia acontecido? De qualquer forma as informações ainda estavam sendo processadas em minha mente, eu voltei ao ponto de estabilidade que estava mais próximo e sai do assunto.

- Acho que não - Falei e comecei a passar as informações das fotos que teriam a seguir - As fotos vão ser ao lado do palco, já foi organizado o espaço, você pode ir pra lá, você já sabe como funciona, então não tenho que te dar maiores detalhes.

- Sim, eu sei. Bom trabalho, você se esforçou muito esse tempo, obrigado pela sua ajuda.

Ele falou se voltando para mim e vindo em minha direção. Meus pés pareciam que estavam pulando grudados ao chão, queria ir, mas queria ficar, o que ele faria agora? Vai me beijar de novo?

Isso foi isso que ele fez, enroscou seus braços na minha cintura e me beijou novamente, doce, gentil, e empolgado a seguir, quando separamos o beijo, ele continuou com os braços ao meu redor e com a cabeça encostada na minha, com os olhos fechado e a voz suave, ele disse.

- Você ficou muito assustada? Eu te beijei de novo. Parecia que você ia  fugir. O que eu sinto, não é só eu certo? Fiquei com essa duvida o tempo todo, por isso não fiz nada, mas hoje você pareceu me olhar diferente na praia, depois se afastou de novo, e agora eu vi o mesmo olhar, mas mesmo depois de me beijar, você parece querer ir embora correndo. Você quer que eu pare, quer que eu te solte?

Não com certeza eu não queria que ele me soltasse, mas antes que eu pudesse responder alguém bateu na porta, a voz do outro lado falou:

- Vamos Sammy esta na hora;

Nos soltamos assustados, ele parecia um pouco apreensivo.

- Tá na hora - ele pôs suas mãos no meu rosto, chegando próximo - Você pode me responder isso depois, me responda depois do show - Beijou minha testa e continuou - Pense sobre isso e me responda.

Acho que se eu esperasse o fim do show, eu fugiria mesmo, aquilo era repentino e um pouco assustador, mas não queria que ele soltasse. Aquele calor que eu havia sentido nos braços dele, mesmo que ele tivesse me soltado só há alguns segundos, eu já estava sentindo falta. Assim que ele virou de costas, eu segurei em sua blusa.

- Não quero que você me solte.

Foi o que consegui falar e ele virou para mim novamente, me abraçou bem apertado, ficamos assim por alguns segundos.

- Não vou, vou grudar em você, não vale voltar atrás.

Mais uma vez ouvimos as batidas na porta:

- Estão todos esperando, esta tudo bem?

Rapidamente ele respondeu:

- Sim esta tudo bem, já estou indo.

Ele me soltou, pegou a jaqueta na no cabide, levemente tocou nossos lábios e saiu, com um sorriso perfeito.