OH MY CAPTAIN ; ( 𝒕𝒔𝒖𝒌𝒌𝒊𝒚𝒂𝒎𝒂 )

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O barulho agudo de tênis escorregando pela quadra de vôlei unido às conversas e ao som ritmado de bolas sendo rebatidas preenchiam o ginásio. Era perto do final do treino da tarde e o sol já estava se pondo, mas Yamaguchi não queria ir embora. E, ao que parecia, ele não era o único. Kageyama e Hinata estavam agitados, movidos por uma força sobrenatural enquanto rebatiam as bolas que Yachi lançava durante o exercício; e os alunos do segundo ano também, empenhados em darem tudo de si para conseguirem o posto de titular do time, assim como parte dos primeiranistas. A quadra se encontrava cheia de alunos, muitos deles ansiosos pela oportunidade de jogar lado a lado com a famosa dupla imbatível e a muralha impenetrável da Karasuno. Afinal, Kageyama, Hinata e Tsukishima haviam se tornado famosos após o time ter chego tão longe nas Nacionais nos últimos anos.

No primeiro dia, machucou um pouco quando os novatos não pareceram se importar com Yamaguchi da mesma forma com que se importavam com os outros mais velhos do time. Depois, incomodou como vários demonstraram surpresa por Yamaguchi ser escolhido para ocupar o posto de capitão. Pareciam duvidar de sua capacidade, esperando que falhasse a qualquer instante para apontar o dedo. "Um capitão que só fica no banco?", ouviu alguns deles comentarem entre si, "O treinador ficou maluco?".

Entretanto, Yamaguchi procurou manter-se centrado e sem duvidar de si mesmo. Aqueles garotos não o conheciam, eram apenas crianças sendo precipitadas ao rotulá-lo como inútil meramente porque se consideravam mais inteligentes do que o próprio treinador. Estava tudo bem.

Naquele final de tarde, no entanto, sua paciência chegou ao limite. Da mesma forma como havia muitos se dedicando aos exercícios de treino, também havia aqueles que não faziam nada, parando a todo momento para conversar e fingir tomar água pela enésima vez. Tadashi estava ciente de que isso aconteceria em algum momento. Karasuno era um time famoso agora, era normal que houvesse novatos inscritos na equipe somente pelo status. Todavia, isso não significava que ele fosse tolerá-los.

Devido ao número grande de membros do clube de vôlei, Ukai os havia dividido entre grupos de cinco, cada um com sua própria atividade. Depois, precisou se retirar para resolver um assunto com a diretoria da escola. Yamaguchi estava junto de Kenjiro, Anko, Tomo e Shiho; todos primeiranistas. Ukai queria que ele os ajudasse com o fundamento do toque, e Tadashi estava mostrando a Tomo a posição certa dos dedos da mão quando sua visão lateral captou um movimento: um dos grupos havia largado a bola na quadra e caminhava em direção à porta, conversando entre si e rindo alto.

O grupo era formado por novatos, tanto do primeiro quanto do segundo ano. Yamaguchi sabia o nome de todos – afinal, dedicou-se a aprender no mesmo dia em que Ukai lhe entregou a lista de inscritos – e, inclusive, já chamara a atenção de alguns deles outras vezes após o treino, repreendendo-os por conversarem demais. Dessa maneira, não ficou exatamente surpreso por vê-los prestes a sair do ginásio pela terceira vez naquela mesma tarde, fingindo que pretendiam tomar água. Alguns até levavam consigo garrafas cheias, acreditando que ninguém perceberia. Mas Yamaguchi percebeu. Ele sempre percebia.

– Ei. – falou alto antes que pudesse se conter, interrompendo a explicação que dava para Tomo. Colocou a bola embaixo do braço e se virou, ficando de frente para a porta. O grupo pareceu não escutá-lo, então repetiu ainda mais alto: – Ei, vocês! Aonde pensam que vão?

Sua voz era firme, autoritária, sem o mínimo tremular. Ela ecoou pelo ginásio, forte feito um trovão, e ele viu vários grupos interromperem suas atividades e conversas, repentinamente interessados na mudança de postura do capitão.

O grupo de alunos parou antes de passar pela porta, surpresos por terem sido notados.

– O quê? – disse um deles, o mais corajoso e que estava no centro da roda de conversa. Yamoyo. Ele sempre parecia ter respostas rápidas na ponta da língua para as repreensões de Yamaguchi.