OH MY CAPTAIN ; ( 𝒕𝒔𝒖𝒌𝒌𝒊𝒚𝒂𝒎𝒂 )

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– Yamaguchi, você vai entrar. – disse Ukai, a voz forte soando poderosa entre os gritos e barulhos característicos de uma partida de vôlei.

Yamaguchi, que estivera de pé junto aos outros garotos reservas analisando o jogo com os olhos afiados, ficou surpreso ao escutá-lo. Virou a cabeça para ele com o coração agitado.

– S-sim, senhor. – gaguejou pelo susto da notícia repentina e foi até Ukai quando o treinador fez sinal para que se aproximasse.

Keishin estava sentado no banco e Yamaguchi precisou se inclinar para ele para que pudesse ouvi-lo sobre os ruídos do ginásio.

– Esses garotos estão tão dessincronizados que meus olhos chegam a doer. – ele falou e colocou a mão sobre seu ombro, apertando para transmitir confiança. – Temos sorte que isso é só um treino, ou estaríamos ferrados. Eu quero que você entre lá e bote ordem na casa. Dê uma de Yamaguchi neles, ouviu? Você sabe o que fazer.

Foi inevitável corar e Tadashi estaria mentindo se dissesse que não quis sair saltitando alegremente pela quadra feito um cachorro liberto em um parque após longos dias trancado dentro de casa.

Eles estavam no acampamento de treino intensivo, composto por cinco dias de amistosos contra outros grandes times da província, como Nekoma e Fukurodani. Assim como nos outros anos, a Karasuno estava tendo dificuldades nos primeiros jogos, aprendendo aos poucos a organizar, aplicar e sincronizar as novas técnicas e os novos membros do time durante as partidas. Yamaguchi ficara no banco, igual a todos os outros jogos que tiveram ao longo dos meses. No início, Ukai o tinha deixado entrar para sacar e, às vezes, até bloquear, a fim de manter os jogos estabilizados e usá-lo como exemplo para os novatos – afinal, uma das maiores dificuldades dos garotos era ter harmonia com Tsukishima, e isso com certeza não era nenhum problema para Tadashi. Porém, conforme Naoko e Shiwenake aprendiam a lidar com o ritmo da Karasuno, Yamaguchi foi sendo deixado de lado. Agora, já fazia semanas desde a última vez em que entrara em quadra. Tadashi estava sedento por aquele tornado de adrenalina como um animal descontrolado.

No entanto, apesar do turbilhão de emoções e da agitação desenfreada que sentia correndo por suas veias, assim que o juiz apitou e anunciou a substituição, Yamaguchi não poderia ter se sentido mais calmo e sereno. Caralho, os monges tibetanos teriam inveja de sua paz de espírito no momento em que ficou em posição para entrar. Afinal, este era o seu território. Este era o seu time. Estes eram os seus garotos.

– Vai lá, capitão! – ouviu algum dos meninos mais novos gritar, mas não teve tempo de se virar para ver quem era antes de entrar em quadra no lugar de Shiwenake.

Ah, entrar em quadra. Como isso era bom. A sensação de ser rodeado pela densa atmosfera competitiva e de ter os olhos do outro lado da rede acompanhando cada um de seus movimentos, tentando entendê-lo, decifrá-lo, consumi-lo. Era fácil compreender porque Kageyama e Hinata eram viciados nisso feito droga. O próprio Yamaguchi também era, à sua maneira.

Andando pela quadra, ele era o rei. Ele era o capitão. E, se em algum momento no passado havia duvidado de sua autoridade sobre o time, isso já havia sido deixado para trás no momento em que passara pela linha. Ali, ele era a ordem. E aquele grupo de idiotas precisava de ordem mais do que qualquer outra coisa.

Assim que entrou, foi inegável a mudança no ar e na postura dos jogadores. Yamaguchi percorreu os olhos pelo rosto de cada um deles e fez sinal para que se aproximassem e formassem um círculo.

– Estamos com algum problema aqui? Que show de horrores é esse? – falou, rodeado pelos meninos. – Kageyama – chamou e Tobio ficou mais ereto diante de seu tom de voz, os olhos azuis elétricos fixos nos seus. – O que foi aquele levantamento de ponta? Não viu que os três caras do outro time estavam grudados no Naoko? Você está com medo de usar seus centrais por acaso? Qual é o problema?