OH MY CAPTAIN ; ( 𝒕𝒔𝒖𝒌𝒌𝒊𝒚𝒂𝒎𝒂 )

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Yamaguchi havia ficado para além do horário de treino naquele dia a pedido de Naoko, um aluno do segundo ano que estava interessado em melhorar seus saques. Ele não era novato no vôlei; na verdade, estudara em escolas com clubes muito bons antes de decidir pedir transferência para a Karasuno. E ele foi um dos únicos a levar Yamaguchi a sério como capitão desde o primeiro dia, não desobedecendo suas ordens e sempre buscando conselhos para melhorar. Tadashi gostava dele.

Ensiná-lo os princípios de um saque flutuante e ajudá-lo na prática foi divertido. Naoko era simpático e, de certa forma, seus gestos meio tímidos e inseguros faziam com que Yamaguchi lembrasse de si mesmo, quando mais jovem. Ele era mais baixo do que Tadashi, mas estava caminhando para atingir sua altura até o final do ano letivo. Ele seria um excelente jogador no próximo ano e pesava em seu coração saber que não estaria ao lado dele em quadra para ver isso acontecer, embora com certeza estaria nas arquibancadas, torcendo e berrando a todo pulmão.

– Eu encontrei o Yamoyo esses dias no centro da cidade. – disse Naoko, durante um dos exercícios que Yamaguchi lhe dera. No fundo da quadra, ao lado de uma cesta de bolas, ele ensaiava os passos e movimentos de braços para sacar, jogando a bola para cima, mas não chegando a tocá-la. Seu cabelo loiro era de um tom escuro, quase um amarelo queimado, e longo, um pouco além da altura de seus ombros. Ele o usava preso em um coque e Yamaguchi gostava de pensar em Asahi quando o observava.

– Sério? – falou após tomar um belo gole d'água. Estava sentado contra a parede do ginásio, o peito subindo e descendo em uma respiração rápida e o suor escorrendo pelas laterais de seu rosto. Estava ansioso para chegar em casa e tomar um banho. – Eu não o vejo desde que ele saiu do clube. – continuou, deixando a garrafa de lado e esticando as pernas sobre o chão. – Ele não tinha mudado de colégio ou coisa assim?

– Ele mudou. – concordou e parou de fazer o exercício, segurando a bola debaixo do braço e virando-se para ele. Seu rosto estava muito vermelho, talvez fosse certo dar-lhe uma pausa. – Foi para a Shiratorizawa. Ele me disse que tinha entrado no time de vôlei de lá, mas eu não sei se é verdade. Quero dizer, Shiratorizawa não aceita qualquer um, não é?

Yamaguchi maneou a cabeça.

– Depende de quanto dinheiro seus pais estão dispostos a gastar. – disse com mais crueldade do que o intencional, mas Naoko riu mesmo assim, fechando os olhos e balançando a cabeça. Tadashi sorriu para ele. – Vem cá, senta um pouco. – falou, indicando o seu lado. – Você precisa tomar um ar e um pouco de água, acho que peguei pesado demais contigo hoje.

O garoto retribuiu o sorriso e pareceu mais do que contente em devolver a bola ao cesto e se aproximar.

– Nah, eu poderia aguentar mais, capitão. – falou e se sentou ao seu lado, também apoiando-se contra a parede.

Capitão. Yamaguchi ainda estava se acostumando a ouvir essa palavra sendo dirigida a ele. Não possuía o peso e a conotação de quando era Tsukishima quem o chamava assim, mas continuava a ser bom. Quase bom demais para alguém como ele.

Os dois ficaram em silêncio por um momento, cada um concentrado em normalizar sua própria respiração e se refrescar. Naoko pegou sua garrafa d'água, bebendo alguns goles enquanto respirava fundo, e Yamaguchi aproveitou para refazer seu rabo de cavalo. Diferente do outro garoto, seu cabelo não era tão grande, indo apenas até a altura de seus ombros; então, por conta disso, era difícil encontrar um penteado que o prendesse de forma decente a ponto de não atrapalhar durante uma partida de vôlei. Por praticidade, ele o usava preso somente na parte de cima, formando um pequeno rabo, enquanto o resto dos fios esverdeados caíam em ondas suaves sobre sua nuca. Seus avós, às vezes, tentavam convencê-lo a cortar e retornar ao penteado de antigamente, mas Yamaguchi havia gostado da forma como os fios longos pareciam valorizar sua aparência. Talvez, quem sabe, ele até chegasse a deixá-lo crescer ainda mais, porém isso era apenas uma hipótese.