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(Flashback on)

"Abro os olhos devagar, sentindo pontadas de dor em todo o meu corpo. As feridas abertas e recentes das torturas de choque, chicotes e lâminas, estou vulnerável diante do inimigo e pior... Preso. Tento me acostumar com as luzes o que é bem difícil já que estão no meu rosto, fecho os olhos de novo, dessa vez aguçando minha audição e olfato para descobrir o que está acontecendo. Farejo o ar sentindo cheiro forte de álcool e das substâncias químicas, ouço o tilintar dos bisturis com as agulhas, mais ao fundo alguns rugidos agonizantes.

- Ora, ora, ora...

Essa voz... Essa maldita voz!

- Diminuam as luzes por favor, quero admirar estas belas íris verdes.

Abro os olhos e aos poucos, minha visão volta ao normal, logo observo as silhuetas ao meu redor, estudando cada detalhe do lugar e dos humanos que estavam ali presentes naquela pequena sala.

- Que coisa mais linda, hoje será um dia que vai estar marcado na sua memória até seu último suspiro, querido. Vamos quebrar todos os seus limites para a chegada da grande revolução! Você salvará e condenará muitas vidas sob minha liderança e nunca mais será este ser desprezível que é, a partir de hoje. Dessa vez irei deixá-lo rugir durante o procedimento, quero que sinta esse poder entrando em suas veias, podem começar!

Quatro humanos se aproximam de mim com seringas grandes nas mãos, dentro delas consigo ver o líquido azul brilhante invadir minhas veias com brutalidade, aos poucos sinto meu corpo esquentar, com o passar dos minutos, meus músculos se contraem, meu corpo enrijece, meus batimentos estão acelerados, que sensação horrível. Sinto meus ossos estalarem alto, sem aguentar solto um rugido agonizando de dor, meus instintos estavam se aguçando, o ódio se acomodando no meu consciente, sinto meus músculos incharem como se meu corpo fosse explodir, minhas veias marcadas por todo o corpo pulsando mais do que nunca, minha pele arde, minha visão está vermelha... Não consigo raciocinar, o resto de consciência que me sobrou some aos poucos de mim, a criatura bestial que habitava em meu interior, já estava a flor da pele, implorando por liberdade, para fazer carnificina no lugar, acho que finalmente entramos em um acordo, minha querida besta, vamos dilacerar todos estes sacos de carnes pulsantes, juntos.

Com apenas um impulso, quebro as correntes que envolviam meus braços e pernas, me levanto da maca que já tinha sido esmagada por causa do meu peso, mostrando quem eu sou de verdade, minhas garras e pressas ficam a amostra, rosnando baixo, vou encurralando os humanos, sentindo o cheiro nojento do seu pânico, sem esperar muito, os ataco, sinto alguns dardos penetrarem minha pele, mais não sinto o efeito dos tranquilizantes, estou muito fora de mim, acho que aquele líquido azul tinha algum anticorpo que me protegesse desse tipo de efeito, a raiva que sinto é descomunal, se eu sair vivo dessa, será um milagre, o que será de mim depois de tudo isso? Um demônio selvagem? Afinal pode um demônio ter um milagre? Balas me atingiam mais eu não sentia nada, meu corpo estava dormente, a única coisa que se passava na minha cabeça naquele momento era apenas sangue e morte."

Flashback off.


Acordo rugindo com todo o ar que tinha em meus pulmões. Outro pesadelo, de novo!

Ela não mentiu quando disse que esse dia estaria marcado em minha memória, esse dia me persegue até a data de hoje, o ódio e a sede de vingança, sempre tomam conta de mim, quando penso que eu poderia ter salvado meus irmãos que foram levados, que estão sofrendo até os dias de hoje.. Dou um soco na parede deixando um buraco onde meu punho tinha acertado, deposito outros até chamar atenção do Adam, o macho se aproxima de mim ficando do meu lado com uma mão em meu ombro, sem manter contato visual, ficamos parados em pé, de frente para a parede danificada.

𝕾𝖆𝖙𝖆𝖓 - 𝕹𝖔𝖛𝖆𝖘 𝕰𝖘𝖕é𝖈𝖎𝖊𝖘 Onde histórias criam vida. Descubra agora