Prelúdio

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Meus dias estavam sendo péssimos, eu tinha faltado no trabalho mais uma vez e não coloquei meu pé para fora do apartamento. A notícia sobre minha foto quase vazou, mas logicamente meu pai abafou o caso. A filha rebelde do magnata Rodolfo Albuquerque, que decidiu cursar jornalismo, ao invés de assumir seu lugar de direito ao lado do pai. Não poderia ser pega enviando nudes para o namorado, aliás, que namorado? Eu nem tinha enviado a foto.

Argh!

Meu pai estava furioso comigo. Porém, isso não era o pior, eu me recusava a acreditar que o Nathan fez algo assim. Tanto que não o denunciei, não poderia mesmo que eu quisesse. Não iria ferrar a vida dele fazendo esse tipo de denúncia. Mas quem poderia ter vazado a foto? Se ela estava apenas no celular dele? Samuel até prometeu descobrir, rastreando o IP de quem divulgou, ele era nerd e conseguiria fazer o trabalho. Contudo, e se de fato fosse o Nathan, eu iria querer confirmar? A pergunta que não queria calar era, eu realmente queria confirmar que tinha sido ele? Algo dentro de mim se quebraria em mil pedacinhos se realmente fosse.

A faculdade, inclusive, recebeu um processo dos grandes pelo tempo de resposta em retirar minha imagem do projetor. Meu pai era implacável quando queria. Agora se ele fazia prezando meu bem-estar? Claro que não! Rodolfo só queria achar um culpado para descontar sua raiva. Visto que eu, querendo ou não, carregava o sobrenome Albuquerque e um deles jamais poderia ser exposto daquela forma, como eu fui. Inicialmente, cheguei até a cogitar meu pai, mas logo desisti da ideia, pois ele não faria algo assim. Não porque o próprio sobrenome estaria envolvido.

Resumindo: minha vida estava uma merda! Eu simplesmente não tinha forças para nada. Samanta e Sheila não desgrudavam de mim, preocupadas com meu estado emocional.

Eu estava de mãos atadas, até o Samuel descobrir quem havia feito aquilo. Bem, meu pai, obviamente, prometeu descobrir também. Contudo, eu não confiava nem um pouco nele. Algo dentro de mim gritava que, se tudo aquilo estava acontecendo comigo, era por culpa dele.

Respirei fundo, ainda deitada em minha cama, sem forças sequer para reagir. Eu não pisava mais na faculdade e tinha impressão que todos me olhavam. Julgando-me por ter enviado fotos sensuais para o namorado.

Hipócritas de merda!

Suspirei e, mais uma vez, tentei dormir. O que estava sendo quase impossível para mim. Sempre que dormia me lembrava das ameaças do meu pai ou da minha foto exposta na faculdade para quem quisesse ver.

Olhei no relógio, era 00:00 hrs.

Abri e fechei os olhos, o sono não vinha. Levantei e fui até a cozinha disposta a tomar um chá que me derrubasse. Podia tomar algum remédio, mas não deveria ficar dependente desses métodos para dormir.

Soube hoje que o Kaleb estava melhor. Ele tinha tomado uma droga alucinógena que alterava o temperamento das pessoas mediante a algum gatilho emocional. Ele realmente não queria me agarrar aquele dia. Ou queria, vai saber. Só pelo menos não o faria sem a ajuda da droga, eu acho. Pelo que parecia o barman do bar no qual Kaleb foi trabalhava para meu pai e não foi difícil juntar dois mais dois. Ou o útil ao agradável. Kaleb recebera uma foto minha com o Nathan e tinha saído para beber, talvez para espairecer a mente. Entretanto, meu pai entendeu o ato como uma oportunidade, porque me vigiava o tempo todo e tinha olhos e ouvidos na minha faculdade, no meu estágio e sabe se lá onde mais. Sabendo, assim, do interesse dele por mim.

Eu não tinha vida.

Se eu quisesse ajudar seria minha palavra contra a do meu pai e eu não tinha ninguém a meu favor. Aliás, eu não era ninguém.

Eu estava perdida, com um pai tirano e um possível hacker me perseguindo. Até porque, também me recusava a acreditar ser meu pai o responsável ou alguém a mando dele. Eu já tinha terminado com o Nathan, não fazia sentido a divulgação daquela foto e a minha exposição.

Meu adorável professor (Degustação)Onde histórias criam vida. Descubra agora