Revoltas externas

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Assim que Han Jisung nasceu, num quarto de hotel minúsculo, chorão e com apenas dois fiapos de cabelo, seu pai percebeu que poderia se declarar a pessoa mais feliz do mundo. Quando, contudo, o ômega observou a alfa jovem a qual mantinha uma relação conturbada, teve certeza de que, na verdade, aquela não seria a família que idealizou em sua cabeça sonhadora.

Após três dias completos, ela foi embora, sem ao menos despedir-se do filho.

Foram, então, de mala e cunha, direto para a Malásia, na tentativa de construir uma vida estável e feliz. Até que o senhor Han descobriu que tinha outro filho na Coreia, algo que aconteceu em uma das férias agitadas de final de ano. Jisung carregava cinco anos nas costas quando voltou de vez para o país natal e enfim conheceu o irmão, que estava prestes a completar quatro.

Foi estranho, Seungmin era um ômega agitado e adorava brincar de jogar coisas em sua cara, mas era fofo o suficiente para causar um quentinho no coração do pequeno alfa — e um pouco de ciúmes também, porque criança às vezes tem dessas.

Jisung demorou a adaptar-se à vida nova, não gostava nem um pouco da escola e não ia muito com a cara da madrasta, a única coisa que lhe deixava eufórico era passar o tempo livre na casa da vovó lendo as partituras de Mozart e tocando ukulele. Isso até descobrir sua outra paixão: vôlei.

Hyunjin veio em consequência, mas ele sempre foi chato demais, então às vezes duvidava se essa parte podia ser incluída no pacote de "melhores coisas" — p.s.: lá no fundo Jisung o considerava uma das principais pessoas de sua vida.

A partir daí, ele virou o menino prodígio, um dos atletas da escola, alfa cobiçado e, segundo o próprio, o genro que toda sogra gostaria de ter. Gostava de toda essa fama, apesar de sentir-se pressionado a fazer praticamente tudo apenas e somente para não decepcionar ninguém.

— O cheiro dela era meio enjoativo, mas eu juro, nunca, nunquinha vi alguém tão gostosa e peituda, meu lobo quem o diga, certeza que tava uivando de tesão! — Yeonbin falava presunçoso enquanto limpava o suor que escorria pelo próprio pescoço com uma toalhinha já encharcada, revirando os olhos como se estivesse presenciando novamente toda a situação.

Jisung também revirou as orbes grandes, porém em puro tédio. Odiava quando o assunto passava de treino sério e jogadas bem arquitetadas para ômegas e hormônios nojentos de alfas no cio — literalmente ou não.

— Cara, não existe esse lance de lobo interior, é lenda — pontuou, quase escrevendo seu desinteresse na testa com o papo furado.

Seus colegas de quadra deram risada, provavelmente zombando mais uma vez de sua pessoa.

— Ah, qual é, Han!? De tudo que eu disse, você só prestou atenção nisso? — Deu um empurrãozinho camarada no ombro do citado.

Jisung não gostava daquela intimidade que fingiam ter, parecia forçado ao extremo. Não o levem a mal, a narrativa sempre foca no quão apaixonado esse alfa é pelo vôlei, porém não é deixado de lado o desapreço dele por certos colegas de time. A Cunning Wolf era formada por ótimos jogadores, uma pena alguns terem um caráter tão duvidoso.

— Não, também prestei atenção na parte que você diz sobre a voz fina, a mãe chata e o cheiro enjoativo. — Finge pensar, obviamente debochando da maneira estúpida que Yeonbin há pouco falava. — Sério, se nem do cheiro natural da pessoa você gosta, por que continua com ela?

O riso parou, trazendo ao ginásio apenas o barulho de Hyunjin treinando sozinho ao longe, para em seguida um som debochado escapar dos lábios fartos do alfa sem noção.

𝐁𝐒𝐔 𝐂𝐥𝐮𝐛: 𝐀 𝐑𝐞𝐯𝐨𝐥𝐭𝐚 𝐝𝐨𝐬 𝐎𝐩𝐫𝐢𝐦𝐢𝐝𝐨𝐬 | minsung Onde histórias criam vida. Descubra agora