Revoltas inesperadas

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O sinal para o recreio mal havia tocado e Jisung já corria igual um louco pelos corredores, com cuidado para não pisar nas linhas do rejunte, mesmo tendo o risco de dar de cara com um dos inspetores desagradáveis. Segundo alguma regra estúpida do regulamento escolar, era proibido correr pelos arredores e afins da unidade escolar durante o período regular de aulas.

Rodava o pátio todinho com os olhos, um tanto afobado demais enquanto batia o pé esquerdo no chão de maneira constante. Até que as íris redondas e escuras capturaram a imagem perfeita de Lee Minho, do outro lado do ambiente, com seu amiguinho australiano inseparável e uma bandeja sobre as mãos, prestes a sentar-se numa mesa isolada dos demais.

Sorriu curto, voltando a dar passos largos, em uma velocidade moderada dessa vez.

- Bom dia, hyung! - Deu um chega pra lá no loiro estrangeiro, como se sua presença fosse desnecessária.

Bang Chan revirou os olhos, passando a mão sobre os cachinhos descoloridos. Estava sem paciência para Han Jisung hoje, mas também não se sentia afim de discutir com aquela criança no momento.

- Bom dia pra você também, Han - o beta mais velho cumprimentou irônico.

Jisung ignorou.

- Mas que porra... bom dia, Jisung. O que eu fiz pra merecer sua ilustre presença na hora do meu lanchinho, uh? - Minho ao menos se deu o trabalho de erguer o rosto, focado demais em seu sanduíche natural.

O alfa, nem ligando para o mau-humor costumeiro, puxou um papel amassado do bolso da bermuda, batendo sobre a mesa.

- Trouxe a ideia pro clubinho.

Minho não queria dar bandeira, mas teve suas anteninhas completamente voltadas ao assunto. Merda!

- Como assim? O que você tem a ver com o BSU? - Chan curvou a coluna na intenção de fuxicar, pois, num todo, aquilo também era de sua conta.

Jisung o olhou, mas não fez questão de responder.

- Vai ser a melhor atração daquele festival!

- Minho...?! - o australiano tentou.

O rapaz citado, então, parou de encarar o papel sobre a mesa, balançando a cabeça, no mesmo instante em que outra bandeja havia sido colocada na superfície branca.

- Jisung vai entrar para o nosso clube de betas - disse o Lee de forma atônita.

- O quê!?

Acredite ou não, o beta sorria largo.

- Que história é essa Christopher? - Changbin, o recém chegado, beta musculoso e frequentador fiel da academia do próprio pai, questionou, sequer sentando-se no banco para prosseguir com sua refeição.

- E você pergunta pra mim, Bin? - O estrangeiro bufou, passando a mão mais uma vez pelos cachinhos descoloridos, tratando de desenroscar a tampa de sua garrafinha d'água. - Minho, você tem ciência de que o nosso clubinho é para betas e esse moleque é um alfa? Céus, foi tu quem criou a nossa associação, homem!

E Minho tinha plena consciência daquilo, o que feria ainda mais o seu ego e sua dignidade, junto de todos os seus órgãos do corpo. Odiava ter que admitir, mas havia feito um trato com o Han, e ele tinha se superado com aquilo.

Não teria escolha. Ou o alfa... ou nada, aparentemente.

- Pois é, meninos, para a sorte de vocês, agora eu faço parte do BJU. - Fez uma pose exagerada.

- Também não viaja na maionese, Han, é BSU!

[...]

- Just dance? Sério, Minho? - Chan tinha as pontas do indicador e do dedão sobre a ponte do nariz, respirando profundamente em decorrência de toda aquela situação.

𝐁𝐒𝐔 𝐂𝐥𝐮𝐛: 𝐀 𝐑𝐞𝐯𝐨𝐥𝐭𝐚 𝐝𝐨𝐬 𝐎𝐩𝐫𝐢𝐦𝐢𝐝𝐨𝐬 | minsung Onde histórias criam vida. Descubra agora