Revolta utópica

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Jisung deu um passo maior ao encontrar mais uma linha no asfalto, alcançando em seguida a mão desocupada de Minho logo à frente. Arrumou os próprios cabelos que o vento insistia em bagunçar e sorriu quando teve as palmas unidas encaminhadas até o bolso canguru do moletom alheio.

As nuvens escuras tapavam o sol, alguns trovões ressoavam vez ou outra e a escassez de pessoas na rua indicava que a previsão do tempo acertou em dizer que poderia chover a qualquer instante do dia.

— Andei pensando com meus botões… — começou.

— Uau, não sabia que alfas pensavam — o cortou, falando de forma pacata e sorriso ladino, acariciando por debaixo do tecido quentinho a palma áspera do Han com o polegar, num carinho singelo.

— Alguns sim, eu por exemplo, penso bastante em você. — Não se deixou abalar. Minho revirou os olhos. — Voltando: estava pensando com meus botões e cheguei à conclusão de que talvez eu não realize todos os itens da minha lista.

O beta franziu a testa, parou por um momento e voltou a caminhar.

— Que lista?

Jisung era uma caixinha de surpresas, sempre aparecia algo em relação a ele que Minho não esperava. Porém gostava mais assim, era bom conhecer o alfa um pouquinho mais a cada dia.

— Lista de coisas para se fazer antes de morrer. Não sei quando isso vai acontecer, então pretendo cumprir pelo menos a metade dos itens em mais ou menos dois ou três anos — contou, sorrindo pequeno quando a cabeça do beta repousou em seu ombro, lhe dando a chance de sentir o cheirinho gostoso de seu shampoo.

— Nunca parei pra pensar nisso. Quer dizer, existem coisas que eu pretendo fazer antes de partir, como dar mais visibilidade à causas importantes e garantir o devido direito dos betas na sociedade, mas fora isso, nunca pensei em algo que fosse pra mim e somente pra minha felicidade. — Divagou, pensando em possíveis tópicos para preencher sua mais recente lista. — O que tem na sua lista, Hannie?

— Uh? Desde quando você me chama assim? — Surpreendeu-se com o apelido inesperado.

— Desde hoje. — Deu de ombros.

Jisung fez um biquinho, mas gostou da maneira em que o nome foi proferido pelo rapaz ao seu lado.

Caminhavam tranquilamente, mesmo que o céu de nuvens escuras e relâmpagos os alertasse da tempestade, que aos poucos começou a cair. Todavia nenhum dos dois pareceu incomodado com os pingos atrevidos de chuva.

— Ahm… a primeira coisa é que minha música seja admirada, mas isso é complicado, porque não sei se tô pronto pra mostrar pra alguém ainda, só fiz isso com minha avó… — Suspirou, com uma pequena dor no peito ao lembrar da ômega, porém inundado por um bom sentimento ao recordar-se dos bons momentos. — Fora isso, quero viajar com o Minho gatinho hyung, dançar na chuva, beijar o Minho gatinho hyung e ganhar uma medalha de ouro no estadual de vôlei. Um já foi, faltam apenas quatro.

Os fios molhados do beta grudavam em sua testa franzida, parando o passo novamente em meio à calçada, levantando o rosto para enxergar os olhos redondos do alfa.

De voz rouca e bochechas vermelhas, ele questionou: — Há quanto tempo tem essa lista?

Jisung sequer precisou pensar muito.

— Já faz uns bons meses, provavelmente mais de um ano. — O fitou de volta, apoiando a palma aberta rente às sobrancelhas para evitar que os pingos caíssem no olho.

Minho pensou que ele era louco, mas também chegou à conclusão de que não ficava muito atrás. Jisung viajava muito na maionese, mas ele próprio embarcava junto, por livre e espontânea vontade, uma prova disso era a roupa encharcada e o possível resfriado que viria no dia seguinte.

— Então… conte como três!

— Como assim?

O Lee sorriu sincero antes de deixar um rápido selar nos lábios alheios, puxando as mãos de dentro do moletom molhado para que pudesse rodopiar Jisung, que sequer ligou de ter pisado nas linhas do meio-fio.

— Está dançando comigo?

— Sim, sinta-se honrado, eu sou um dos melhores dançarinos que você vai conhecer na sua vida todinha.

Os passos eram desengonçados, o alfa tropeçava a cada segundo e por vezes pisava nos sapatos do beta. Os cabelos grudavam na testa e as mãos entrelaçavam-se num ritmo bagunçado, porém sintonizado na melodia bonita que a chuva os proporcionava.

Minho juntou os corpos e descansou a cabeça sobre a curva espaçosa do pescoço alheio, respirando fundo como se pudesse sentir o cheiro gostoso de laranja, esquecendo-se do mundo e focando apenas no exato momento. Podia escutar a vibração do coração dele, pulando dentro do peito como se estivesse batendo em conjunto ao seu.

Dentre tantas revoltas que poderiam ser encontradas em seu caderninho de reclamações do BSU, Minho percebeu que o principal para conquistar o seus objetivos era um abraço quentinho e palavras de conforto. Porque nenhuma sociedade se faz justa sem amor.

Não faria mal algum gostar de um alfa, ainda mais sendo este uma das melhores pessoas de sua vida; Han Jisung não precisou de nada mais do que paixão — e um pouquinho de insistência — para que tivesse o sentimento retribuído da melhor maneira possível.

No fim, a revolta dos oprimidos era só o primeiro dia de uma década completa.







foi um capítulo bem simbólico só pra dizer que eu fiz um final mais ajeitadinho kdkskskk

enfim, peço desculpas pela tentativa fracassada de escrever abo, juro que tentei me esforçar, mas chegava umas horas durante as revisões que eu esquecia completamente que se tratava de um universo abo (isso pq o plot é todo em volta do ódio por alfas 😭😭😭). eu não tinha muita expectativa, mas quis fazer msm assim pra tentar me desafiar um pouquinho, e ent saiu essa história que ficou completamente diferente do que eu tinha imaginado inicialmente 🤡

outra coisa que me deixou murcha foi minha escrita decaindo a cada capítulo skskksks me passou bastante a sensação de que eu só tava colocando palavras aleatórias aqui, espero que pra vcs não tenha sido assim aaaah 

agradeço todo mundo que acompanhou, amo muito vcs e guardo todo mundo no coração 😔❤️ eu sou emocionada, ent desculpa a nota maior q o capítulo skksksksk

feliz ano novo, desejo um ótimo 2023 pra vcs 🎉❤️❤️

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𝐁𝐒𝐔 𝐂𝐥𝐮𝐛: 𝐀 𝐑𝐞𝐯𝐨𝐥𝐭𝐚 𝐝𝐨𝐬 𝐎𝐩𝐫𝐢𝐦𝐢𝐝𝐨𝐬 | minsung Onde histórias criam vida. Descubra agora