Revolta desconhecida

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A maior revolta da vida de Lee Minho aconteceu antes mesmo do beta completar seis meses dentro da barriga da mãe. Ele não sabia — e nem tinha como saber, mas começou a ligar os pontos depois do décimo aniversário, quando reparou que, apesar de estar extremamente satisfeito com sua família e a relação carinhosa que mantinham, faltava alguém.

Foi a partir daí que notou que a única coisa que desejava de alfas, era a distância.

Sua mãe não contou, mas dava para ver claramente em seu rosto a expressão caída sempre que o assunto vinha à tona. A ausência do pai, antes mesmo de Minho nascer, nunca pareceu um problema, não até perceber que o motivo de sua mãe não ter mais um marido era culpa sua.

Ficou remoendo-se até os quinze de idade, quando, após um longo tempo de reflexão que durou por anos, deu-se conta de que não tinha a mínima culpa por ser quem era. Se seu progenitor não queria um filho beta, ótimo! Pois ele também não queria e não precisava da presença de um alfa, nem que fosse somente para chamar de pai.

E não que esse rancor paterno servisse para todo mundo, porém era o suficiente para perceber que, ao longo de sua curta vida, nenhum alfa lhe fez realmente algo bom.

Isso até conhecer Han Jisung. Ele era uma exceção, aparentemente. Seu subconsciente insistia em dizer que não deveria se aproximar, mas era difícil ao passo em que ele sempre estava por perto, seja na escola, como irmão de seu amigo e agora no BSU. Minho não sabia que feitiço aquele alfa tinha, mas pelo visto estava o conquistando aos poucos.

Tinha medo disso. Contudo não sabia se fugir era uma opção.

Estava começando a olhar Jisung com outros olhos e o sentindo com outro coração.

— Hey, o que faz aqui? — a voz calma, porém alta, veio junto ao vento em direção aos ouvidos distraídos do beta. O terraço da Levanter IV era restrito, todavia nem sempre todos respeitavam aquilo. Han Jisung quem o diga, já que aquele era um de seus lugares mais frequentes na escola, depois do ginásio.

O Han aproximou-se, desviando de uma ou duas linhas do chão, tocando levemente a grade de proteção com as mãos frias. Estava nervoso, por algum motivo — sabia exatamente qual era.

Minho deu de ombros, observando cada mínimo movimento do recém chegado, somando com os detalhes nunca reparados antes de seu rosto único.

— Nada, estava só fugindo do intervalo barulhento. Então apenas passei uma lista de exercícios ao Seungmin para a aula de mais tarde e deixei Christopher discutindo com Changbin sobre marcas de frango. — Dedilhou a grade de proteção, varrendo a vista com o olhar distraído. — E você?

O alfa negou.

— Gosto de vir aqui. Hyunjin costuma ficar com o time ou com meu irmão, então…

A frase morreu, tão morna na boca do Han quanto o clima agradável daquela manhã. O beta aproximou-se, dando um tapinha de consolo ao alfa, querendo afagar seus fios brilhosos, porém contentando-se com o toque simples.

— Pode ficar comigo, se quiser. Sou uma ótima companhia, apesar de não ficar te idolatrando igual as ômegas do segundo ano. — Sorriu aberto, mostrando os dentes bonitos e a alma leve.

Jisung soltou um sopro envergonhado pelo nariz, coçando a nuca enquanto dava mais um passo à frente. Estavam cada vez mais próximos, em ambos os sentidos.

— Gosto da atenção delas, mas você sabe que eu prefiro a sua, Minho gatinho hyung.

Minho não queria, contudo sentiu claramente as próprias bochechas esquentarem.

𝐁𝐒𝐔 𝐂𝐥𝐮𝐛: 𝐀 𝐑𝐞𝐯𝐨𝐥𝐭𝐚 𝐝𝐨𝐬 𝐎𝐩𝐫𝐢𝐦𝐢𝐝𝐨𝐬 | minsung Onde histórias criam vida. Descubra agora