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Yoongi on:

Isso tudo é tão novo pra mim, fugir da polícia. Tá certo que não é nenhuma perseguição igual aos filmes mas ainda sim estou me escondendo deles. Não é algo que me preocupa, já que eles são todos burros o que me preocupa é a Mellany. Ela quer dar uma de espertinha e eu odeio pessoas assim, só não odeio ela porque é impossível. Hoje eu vou contar um pouco da minha infância, não minha infância mas a minha vida antes de chegar aqui.

Tudo começou quando eu tinha 4 anos, minha mãe e o meu pai tinham se separado recentemente e por algum motivo a minha mãe pensou que eu me sentiria menos solitário com um animal de estimação, como se um animal correspondesse a presença do meu pai. O meu pai havia sumido com toda a grana e não deu um tostão para nós, fomos morar numa pequena casa que os meus avós alugavam, uma casa sem segurança nenhuma.

Imaginem, uma criança de 4 anos, um gato que miava a noite inteira e uma mulher de 27 anos que não tinha experiência nenhuma em ser mãe. Foram tempos difíceis, ela conseguiu um trabalho de meio período numa cidade vizinha e enquanto ela trabalhava me deixava com os vizinhos. O que mais me marcou nesse tempo foi o dia que fiquei na rodoviária com alguns hippies que minha mãe nunca tinha nem visto, fiquei esperando a minha vizinha e ela não apareceu. Naquele dia eu vi algo que me chamou atenção, eu vi um animal.

O animal estava em decomposição no lago principal da cidade, todo mundo ficou surpreso quando o tal hippie viu algo boiando na água verde que vivia toda cheia de lodo. Alguns bombeiros chegaram e tiraram os restos em decomposição de lá, mas não souberam dizer do que se tratava. E nem tinha como, me lembro até hoje de ver uma coluna vertebral de verdade e os órgãos azuis do bicho. Passei uma semana sentindo o cheiro insuportável de carniça mesmo quando o bicho já tinha sido enterrado no parque da cidade.

E ali começou, começou de verdade. Passei um mês, um ano, uma década pensando em como fazer com que corpos desaparecessem sem serem vistos ou pelo menos sem pistas. E assim como aquele animal, eu faria com que corpos ficassem marcados na mente de cada um. Eu viraria notícia, eu seria o centro das atenções. Não um babaca de terno que ficou conhecido por ter um pai "famoso". Depois disso eu só fui evoluindo mas por incrível que pareça eu nunca consegui maltratar nenhum animal ou nenhuma criança.

Matei a primeira vez com 16 anos, foi algo que não foi nada proposital, claro. Por isso não conto como um "assassinato estilo serial killer", esse caso foi arquivado e nunca foi possível ligá-lo a mim já que o verme do meu pai me ajudou com as suas influências, por isso nunca gostei da polícia. Aos 18 anos sim foi algo triunfante, meu primeiro assassinato verdadeiro. Matei um babaca que tentava estuprar uma criança num beco mal iluminado, meu sangue ferveu. Peguei a minha máscara e umas luvas que eu sempre usava para fazer biopsia de animais atropelados, meti uma pedra gigante na cabeça dele. Perguntei se estava bem e pedi para a criança ir embora e aí sim comecei dar o show. Ele caiu no chão e eu continuei quebrando o seu crânio até o idiota ficar irreconhecível. Ele teve uma morte dolorida e lenta. Eu me senti tão feliz, é estranho porque por mais que eu dê detalhes vocês não conseguiriam sentir aquele sentimento maravilhoso que é quando você sente o cheiro metálico do sangue caindo no chão.

Todo serial killer tem um estilo em específico de vítimas, pode ser algo que o agrada na aparência ou algo que trás repulsa. O meu estilo é diferente, eu mato pessoas aleatórias que tem passados horríveis por trás. Percebi isso quando tinha 21 anos de idade, eu sempre precisei procurar e saber sobre o passado obscuro da pessoa e se aquela informação for relevante, a pessoa vira uma das vítimas. Atualmente com meus 26 anos, matei cerca de 22 pessoas e eu gosto do número.

Depois de quase passar fome com a minha mãe e vivermos com uma péssima qualidade de vida, aos 15 anos o meu pai apareceu. Ele simplesmente apareceu depois de anos, nunca havia recebido nenhuma ligação dele e só o conhecia pelos jornais, e disse às piores palavras já ditas "Você virou um homem, agora está na sua hora de trabalhar e ver que dinheiro não cai das árvores". Ele me tirou da casa dos meus avós com a desculpa de que me daria a vida dos meus sonhos, eu nunca acreditei naquela lorota que ele falava. Mas em uma coisa eu tinha que dar o meu braço a torcer, consegui dar uma vida digna a minha mãe e aos meus avós graças ao sobrenome Min.

Meu sonho? Quero matar, matar as pessoas que mentem. Quero sentir o pescoço de cada uma dessas pessoas quebrando e ver elas agonizarem até a morte. Mas infelizmente pelo meu último erro, preciso me segurar até a polícia se acalmar.

Depois que conheci a Mellany algo mudou, um sentimento que eu não sentia apareceu. Acho que é amor, ou talvez simpatia, só sei que gostava de abraçá-la nas noites frias para a aquecer e sinto falta das nossas risadas bobas. Sei que ela não vai me entender e nem espero isso dela, mas quero que ela seja feliz por que merece e quero que perceba que ela não precisa de alguém para se sentir completa. Ela pode ser feliz sozinha sendo ou não mãe um dia.

-Yoongi!-Escuto uma batida já conhecida. Era a Mellany.

Abro a porta devagar e realmente era ela, ela e outras duas pessoas inúteis. O Seokjin e o tal Hosfão dela, junção de Hoseok e chefão que eu uso para me sentir menos pior.

-Ao que devo a honra?

-Viemos conversar com você a respeito do divórcio.- Disse ela cheia de convicção.

-Com eles? Pensei que isso era só entre o nosso casamento.

-Eles vieram me apoiar.- Estranho.

-Certo, entrem então.- Abro a porta dando caminho para passarem e assim fazem.

-Vim assinar com você os papéis.

-Certo.

-Confesso que achei estranho a sua ligação dizendo que assinaria.

-Percebi que quero te ver feliz.- Ela sorri e se curva agradecendo.

-Eu posso usar o seu banheiro? Deveria ter usado em casa.- Disse o Hosfão.

-Por mim você explodiria, terceira porta a esquerda seguindo o corredor depois das escadas.

-Obrigado pela consideração, camarada.- O olhei até sumir da minha visão, que cara esculachado.

-Yoon, os papéis.

-Verdade.- Peguei os papéis das suas mãos e tirei do envelope.

-Não esquece de ler direitinho.- leio por cima e percebo que ela não quer nada material.

-Você tem direito a pelo menos metade da casa.

-Eu sei, mas eu acho injusto. Quando nos conhecemos você já tinha tudo e eu não tinha nada. Achei melhor sair sem nada também.

-Acho que não posso assinar esses papéis, você deve ficar com alguma coisa Mellany.- Entrego os documentos novamente.

-Sempre teimoso.

-Enquanto vocês se despedem eu vou chamar o Hoseok, ele não deve estar bem intestinalmente.

Bom dia, boa tarde, boa noite e boa madrugada meus queridos leitores. Como vocês estão? Eu estou ótima! Capítulo novinho em folha para vocês, espero que gostem. Nem demorou tanto. Amo vocês! ❤️ 😭

Meu Marido Psicopata.Onde histórias criam vida. Descubra agora