Capítulo 2

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"Não é nada pessoal, são apenas negócios."
—Otto Berman

POV Anastasia

Pior do que eu esperava.

Susana estava primorosamente dobrando uma blusa e colocando dentro de uma mala em sua cama.

Ela vestia uma camiseta muito grande do pássaro do Twitter e meias natalinas, e maços de papel higiênico jaziam espalhados por seu quarto.

Há alguns anos, Susana passou por uma fase rebelde e cortou seu cabelo em um corte pixie. Eu não tinha visto minha mãe mais horrorizada. Susana tinha perdido seu cartão de crédito, suas classes de atuação na nossa escola só-para-garotas, e recebeu olhares ameaçadores todos os dias por um mês. Seu cabelo cresceu em ondas médias agora, mas foi nessa época que eu aprendi que cortar seu cabelo era pior do que assassinato nessa casa.

Com paredes azuis escuras, mobília branca e detalhes em dourado, o quarto de Susana poderia parecer se encaixar em alguma peça... se não perecesse que uma figurinista tivesse vomitado nele. Pôsters de peças famosas como O Grande Gatsby estava pendurada nas paredes. Adereços estranhos estavam largados na penteadeira: penas, chapéus e mascaras. Coisas que faziam sua cabeça doer enquanto descobria o porquê de sua existência – como a cabeça gigante de coelho em cima de sua cama.

Eu não acreditava que Papà sabia que estava pagando por cada centavo que Susana gastava com os adereços de palco da escola de artes dramáticas. Mas meu pai, de fato, não se preocupava muito com minha irmã. Enquanto ela ficasse onde devesse ficar, ele estava feliz. Ele apenas não a entendia, nem ela a ele.

Com um suspiro eu tirei a blusa de sua mala e entrei em seu closet para pendura-la de volta. Ela ignorou minha presença, roçando seu ombro no meu enquanto passava com um par de sapatos.

__O que é todo esse papel higiênico? - Eu perguntei, deslizando uma camiseta em um cabide.

Ela fungou, mas não respondeu.

A última vez que a vi chorar foi no funeral do nosso nonno quando ela tinha treze anos. Minha irmã mais nova era uma das pessoas mais emocionais que eu já conheci. De fato, eu achava que a ideia de emoções repelia ela. Meu estomago torceu com preocupação, mas eu sabia que Susana apreciava pena tanto quanto ela amava filmes de garotas.

E ela odiava filmes de garotas.

Eu peguei o jeans e me dirigi para o closet.

__Então, onde você está indo?

Ela passou por mim com um biquíni de bolinhas amarelas.

__Cuba. Arabia Saudita. Coreia do Norte. Escolha um.

Nós continuamos essa dança de empacotar e desempacotar como uma esteira rolante humana.

Minhas sobrancelhas franziram.

__Bem, você não me deu exatamente uma boa lista. Mas Arabia Saudita está fora da lista se você está planejando usar esse biquíni. - Eu o dobrei e coloquei a distância.

__Você o conheceu? - ela perguntou, passando por mim com uma robe com estampa de zebra.

Eu sabia que ela falava sobre seu futuro marido.

Eu hesitei.

__Sim. Ele é, uh... bem legal.

__Onde eu vou colocar todos os meus adereços? - Ela joga as mãos em seus quadris e fita sua pequena mala de viagem como se acabasse de perceber que aquela não era a mala de Mary Poppins.

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