𝗛𝗔𝗥𝗥𝗬'𝗦 𝗛𝗢𝗨𝗦𝗘

Daylight - Chenry.

"Aonde Henry fica bêbado e faz uma ligação e algumas confissões para sua melhor amiga, Charlotte."

Ela não acreditava que estava ali. Numa casa cheia de adolescentes que fediam a álcool, suor e drogas. Luzes de led iluminavam o ambiente escuro, luzes verdes, rosas e vermelhas eram refletidas.

Eram exatamente 01:21 da manhã quando Henry ligou para ela, revelando que estava em uma festa e ele precisava de socorro. Ele soava bêbado.

Então, no meio da noite, ela pegou o carro das mães e foi ao resgate do melhor amigo.

"I'm on the roof, you're in your airplane seat
I was nose-bleeding, looking for life out there
Reading your horoscope, you were just doing cocaine
In my kitchen, you never listen, I hope you're missing me by now"

Depois de procurá-lo pela casa inteira, ela o encontrou, na cozinha enroscado com uma garota ruiva, que tinha uma revista de horóscopo em uma mão, e passava o outro braço ao redor de Henry.

Os dois pareciam estranhamente envolvidos no conteúdo da revista.

Ela se surpreendeu quando viu um pequeno pacote com um pó branco nas mãos de Kid Danger.

── Char! ── ele exclamou quando a viu. ── Você veio! Que saudade!

Ele andou cambaleando até ela. E quanto mais se aproximava, mais o cheiro de cocaína aumentava.

"If I was a bluebird, I would fly to you
You'd be the spoon
Dip you in honey so I could be sticking to you"

── Sim, eu vim. Mas nós já estamos indo embora. ── ela falava pausadamente, como se estivesse conversando com uma criança.

── Não, eu não quero ir! ── o loiro fez birra.

Ela passou seu braço direito pelos ombros dela.

── Henry, acredite em mim. Você está bêbado e chapado. E se não formos embora agora, nós três estamos fritos. Eu, você e o Kid Danger.

O último nome foi sussurrado no ouvido do loiro. Ele riu, como se a voz da garota fizesse cócegas.

Charlotte lhe lançou o famoso olhar mortal, e então, ele se calou e andou apoiado nela, a obedecendo.

Foi um grande esforço para conseguir que Henry entrasse no carro sem cair. Charlotte já estava cansada.

── Vamos, eu vou te deixar em casa. ── disse ela.

"Daylight, you got me cursing the daylight (ooh-ooh)
Daylight, you got me cursing the daylight (ooh-ooh)
Daylight, you got me calling at all times (ooh-ooh)
Ain't gonna sleep 'til the daylight (ooh-ooh)"

── Não! Eu não posso ir para casa assim. ── ele exclamou. ── Me leva para a sua casa.

Ela sabia que ele estava certo. Se ele chegasse em casa naquele estado a mãe iria o assassinar - e Ray a ajudaria. O Capitão Men ficaria o exato oposto de feliz ao saber que o seu side-kick estava bêbado e chapado.

Ele se encolheu no banco, virado para ela, soltando um suspiro cansado. O dedo indicador do loiro se enrroscou em um dos cachos escuros da garota. Os olhos de Henry estavam fixos em Charlotte. 

── Já falei que amo os seus cachos? ── perguntou sonolento.

── Obrigada. ── ela respondeu sem tirar os olhos da estrada.

"Out of New York, I'm on the come down speed
We're on bicycles, saying there's life out there
You got the antidote, I'll take one to go, go please
Get the picture, cut out my middle
You ain't got time for me right now"

── Char? Obrigado por vir me resgatar. ── ele quase sussurrou.

── Não precisa me agradecer, Hen.

── Claro que preciso. Ultimamente você não tem tido tempo para mim. ── mesmo assim, brincava com o cabelo dela entre os dedos.

A garota se surpreendeu com a resposta. Por impulso, desacelerou o carro e encostou no lado da estrada.

── O quê você quis dizer com isso? ── perguntou um tanto revoltada.

"If I was a bluebird, I would fly to you
You'd be the spoon
Dip you in honey so I could be sticking to you"

── Sabe, se eu fosse um pássaro azul, eu voaria até você. ── ele a encarou.

── Henry, me responda, o que você quis dizer com eu não ter mais tempo para você?

── E se você fosse uma colher, eu te mergulharia no mel para que eu pudesse ficar grudado em você. ── a mão do loiro passou para a bochecha de Charlotte, fazendo um carinho delicado.

A cacheada tentou não rir com a confissão bêbada e atrapalhada do melhor amigo.

── Puta merda, você 'tá muito chapado. ── ela murmurou.

"Daylight, you got me calling at all times (ooh-ooh)
Ain't gonna sleep 'til the daylight (ooh-ooh)
Daylight, you got me cursing the daylight (ooh-ooh)
Daylight, you got me cursing the daylight (ooh-ooh)
Daylight, you got me calling at all times (ooh-ooh)
Ain't gonna sleep 'til the daylight (ooh-ooh)"

── Eu penso em você até a luz do dia. Você me faz xingar a luz do dia! ── seu tom era desengonçado. Mas mesmo assim, ele parecia dizer uma certa verdade.

── Hen..

── Char, sem você eu nem ao menos sei o que eu sou. ── a cacheada fechou os olhos e suspirou. ── Eu amo você.

Henry Hart amava Charlotte Page. Henry Hart amava Charlotte Page. Henry Hart amava Charlotte Page. - ela repetia mentalmente.

Ela tentava formular uma frase para falar, mas o loiro interrompeu seus pensamentos quando uniu seus lábios em um beijo casto, que aos poucos se tornou profundo e intenso.

"If I was a bluebird, I would fly to you
You'd be the spoon
Dip you in honey so I could be sticking to you"

Charlotte sentiu o gosto de cerveja barata e maconha impregnada nos lábios dele, junto de um leve sabor de gloss de morango. Ninguém sabe quantas garotas Henry havia beijado naquela noite.

Charlotte Page não seria apenas mais uma, ela não seria a segunda opção, o consolo. De forma nenhuma.

Ela separou seus lábios de forma hesitante. Mesmo sem querer admitir, os lábios de Henry Hart eram viciantes. Seus olhos lacrimejavam e ela sentia a bile na garganta.

── Henry, me diga isso amanhã. Me diga isso quando estiver completamente e absolutamente sóbrio. E eu juro por tudo, eu vou acreditar em cada palavra e em cada suspiro seu.