Capítulo 3

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16 de Fevereiro de 2023

  Já haviam se passado quase um mês desde o comunicado de meu pai. Eu não estava com um pressentimento bom sobre essa mudança. Algo de sombrio estava por vir, eu podia sentir isso em minha pele. E isso tem me tirado meu sono quase toda noite.

  Ainda presa em meus pensamentos quando sou despertada pela voz de alguém chamando meu nome repetida vezes, era Lisa.

- Aconteceu algo? Você está mais distraído do que o de costume - ela disse me dando um sorriso.

- É por causa da mudança? - Gabriella me pergunta.

- Sim, eu não estou preparada para deixar São Paulo, Brasil. Vocês eu estou, não vejo a hora de me livrar das suas caras! - falo rindo.

- Não se preocupe, também não sentiremos sua falta! - Lisa respondeu em um tom irônico.

- O ruim é que agora não vou mais receber todo mês para ser sua amiga, sua mãe me pagava bem! - Gabriella falou.

- Sou sua amiga por pena! Nem sua mãe te aguenta - falei em um tom irônico e todas acabamos por rir.

- Vou sentir muita saudade de vocês, sério! Me visitem por favor! - disse, triste.

- Nós iremos! - elas responderam em unisson.

  Levantamos da cadeira de onde estávamos sentada, e fomos em direção a saída do shopping indo para o estacionamento.

  Quando o motorista de Lisa entrou na rua da minha casa para me deixar lá, noto um caminhão grande parado em frente ao meu portão.

- Achei que você iria se mudar semana que vem - Lisa disse.

- Eu também! - respondi.

  Antes de descer do carro, dou um abraço em Lisa e Gabriella que durou alguns segundo a mais que o normal. Saio do carro e quando vejo que o automóvel já não esta mais sob meu campo de visão, entro para dentro de casa, me deparando com as empregadas, indo de um lado para o outro agitadas.

- Caramba, Luna! Eu te liguei diversas vezes. Eu já falei para você tirar a merda desse celular do mudo! - minha mãe indagou, brava.

- Me desculpa, eu esqueci - falei.

- Vem me ajudar a embalar as coisas do porão - ela falou me puxando pelo braço, para que eu a seguisse com rapidez - O frouxo do seu pai tem medo de lá, então mandei ele ir arrumar as coisas do sótão.

- Achei que iríamos partir somente semana que vem - falei.

- Ouve alguns... imprevistos... então iremos amanhã! - minha mãe disse.

  Depois de percorrer alguns corredores, finalmente descemos as escadas, que dava direto para a porta do porão. Minha mãe retirou uma chave do bolso da sua calça e abriu a porta. Eu esperava que fossemos cobertas por uma onda de poeira que havia se acumulado com o tempo, um lugar escuro cheio de caixas velhas com bugigangas que estariam ali apenas pelo apego emocional a objetos totalmente fúteis e sem nenhuma utilidade. Porém não era nada disso.

  Me surpreendi ao ver um local muito bem limpo e organizado, aquilo não se parecia nada com um porão comum. O que me era estranho, já que ninguém costumava descer aqui, nem as empregadas, ou pelo menos era o que eu pensava visto em conta o cuidado do local.

- Eu já desci algumas caixas. Pegue elas e coloque com cuidado as coisas! - ela ordenou e apontando para o canto onde continha uma pilha de caixas de papelão vazias.

  Fiz o que ela mandou, peguei uma caixa grande de papelão e comecei a guarda as coisas dentro.

  Enquanto retirava algumas tralhas da estante, notei que um dos tijolos da parede estava solto, o que não me impressionou, já que essa casa foi construída no tempo da minha tataravó. Quando empurro o tijolo para dentro, para que ele ficasse alinhado com os demais, ele colide com algo, então retiro e me aproximo do buraco.

Que nojo! Deve ser um rato morto.

  Meu pensamento era esse, mas eu estava completamente enganada. Vejo algo brilhante em meio aquele negrume. Coloco a mão e puxo o objeto para fora.

  Era um livro. Sua capa possuía uma fênix, em um tom bronzeado, na barriga da mesma havia um símbolo, que me era famíliar mas não me recordava daonde. Ele continha uma fechadura que o impedia de ser aberto. Fênix era o brasão da minha família, o que me deixava mais instigada a querer lê-lo.

  Ler é um dos meu hobbies favoritos. Amo sair do mundo e me perder ao meio de palavras que desbloqueiam a minha imaginação fértil. Os livros me trazem sentimentos, sentimentos intensos que a vida real não consegue me proporcionar. Eu sou grata por poder desfrutar do prazer da leitura.

- Mãe, olha o que eu achei - mostro para ela o livro em minhas mãos.

- Esse é o diário da sua tataravó. Além dela, sua bisavó também escreveu nele. Porém quando tentaram roubar, sua bisa o trancou com algum feitiço e infelizmente perdemos a chave - minha mãe falou.

- Por que tentaram roubar? - perguntei.

- Eu nunca soube o motivo certo - ela respondeu.

- Entendi.

  Algo naquele diário me chamava a atenção, então decidi ficar com ele. Continuei a embalar as coisas e colocá-las dentro da caixa.

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  Estava jantando com meus pais. Já havia embalado tudo em meu quarto e ajudado Maria com algumas coisas.

- Onde ficaremos? - perguntei a eles.

- Seu tio tem uma mansão em Beverly Hills, nós moraremos lá com eles - minha mãe respondeu.

- Moraremos todos na mesma casa, para maior segurança - meu pai acrescentou.

  Continuei a degustar a minha refeição. Até que eles se olham e depois pousam o seu olhar a mim.

- Luna, você deve saber que entraremos em uma batalha - minha mãe falou.

- E iremos vencer, mãe! - disse firme - Nós nunca perdemos para ele, e não é agora que isso irá ocontecer. Mãe, me deixe ajudá-los!

- Luna, nós acreditamos em sua capacidade mas você não está pronta, você nem sequer é transfomada! Você é tecnicamente uma humana ainda - meu pai indagou.

  Eu apenas abaixei a cabeça e aceitei a verdade. Eu era uma inútil para ele nesse quesito, apesar de ter uma mente brilhante.

  Termino meu jantar e vou para o meu quarto. Após fazer minhas higiêne noturna, deito em minha cama, procurando o sono, mas ele era bom nessa brincadeira de se esconder.

  Já haviam se passado uma hora e nada do sono aparecer. Me levanto e vou para o lado de fora da varanda do meu quarto, me apoio em suas barras de ferro esbranquiçada, e observo a Lua.

- Oh, minha querida Lua. Assim como você, estou prestes a entrar em uma nova fase da minha vida. A única coisa de que tenho certeza, é que algo de ruim nisso está por vir! Não sei se estou preparada para isso.

  Fico ali, por alguns minutos, observando aquele belo astro iluminado.

  Me deito novamente, e depois de um tempo, finalmente, tenho o meu tão esperado encontro com o sono.

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