III O Boticário

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Andava sorridente o boticário
Separava suas ervas, fazia perfumes
Fazia chás, remédios e poções como mandava os costumes

Era um dia de chuva, em sua botica,
Ninguém aparecera para comprar naquela tarde fatídica
Preocupado com o vento, desfez sua barraca
Contou suas moedas, e seguiu a estrada

Andava pensante o boticário
Pelo terceiro dia ninguém comprava nada de sua botica
Não podia continuar naquele estado precário
Precisava lucrar para satisfazer sua cobiça

Andava tristonho o boticário
Cansado estava, contando as pedras do caminho, sentia se solitário
Não vendia, não falava, não sorria
Andava calado preso em agonia

Andava cansado o boticário
Já era a terceira vila que visitara
Parar por aqui ? Desnecessário
Pensava triste e desmotivado
Pobre boticário

Por toda sua vida, perambulou pelo mundo, vendendo suas ervas, remédios e perfumes
Quando jovem, onde parava, enchia de gente sua botica
Comprava suas ervas, flores, frutas e legumes
Hoje já velho, lembrava do passado com bons olhos, vender, ajudar e curar, eis aí a sua política

Andava esgotado o boticário
Sentia o peso da idade em seu corpo
Sabia que a cada minuto ficava mais sedentário
Se perguntava quanto tempo ainda tinha, sabia que em breve estaria morto!

Sentia se doente o boticário
A tempos perdera as esperanças
Sentia se velho, esgotado e cansado, o bom e pobre boticário

Outrora muito gente ajudou,
muita gente conheceu, e mais ainda curou
Em suas andanças sentia se livre, como se nascera para a profissão
Há muito no passado lucrara, mas há tempos vivia a água e pão

Um dia numa estrada qualquer sob torrente chuva e ainda solitário
Morreu o bom e velho boticário

Das memórias de todos que ele ajudou
As pessoas o homenagearam
E no meio caminho entre uma vila e outra, sob árvores que o sombravam
Ergueram uma estátua do bom e velho o boticário

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