passagem só de ida pro apocalipse

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-É melhor já descermos, não quero receber outra bronca por estar quase atrasada. - Digo indo em direção à porta com cinco logo atrás de mim.

-Você sabe que não precisa falar com ele também né? A ideia foi minha, não preciso que você me apoie só porque - antes que ele pudesse terminar a frase eu falo por cima dele.

-Cinco eu só vou falar isso uma vez então é bom você prestar atenção okay? - falei enquanto me virava pra ele e me aproximei até ficar cara a cara com ele. - Podemos não ser irmãos como você adora me lembrar, por motivos que eu não faço ideia, mas eu quero isso. Quero viajar no tempo, e é melhor fazer isso com você doque enfrentar isso sozinha. Mas se você não quer que eu participe disso é bom falar agora! Porque se eu vou arriscar levar uma bronca gigante por você, eu espero no mínimo que você faça o mesmo.

-Pode relaxar okay? Não é nada disso. Só queria saber se você tem certeza sobre isso.

-Eu tenho.

Me virei e voltei a andar em direção a sala de jantar com cinco ao meu lado.

-E sobre não sermos irmão, não é que eu goste menos de você do que dos outros, okay?

-Então é o que?

Ele me respondeu com um dar de ombros e eu revirei os olhos, se a gente continuar com isso vou acabar tendo algum problema ocular antes mesmo dos trinta anos. Fui para trás da minha cadeira e esperei em pé até todos terminarem de chegar e o nosso pai falar que podemos sentar. Ben sentou do meu lado hoje com um livro que eu não conseguir identificar, mas ele parecia muito concentrado nele.

-Então Benzinho, livro legal? - sussurrei para ele sem o nosso pai perceber.

-Mais interessante do que ouvir as histórias estranhas do Klaus. - Respondeu no mesmo tom, fazendo uma brincadeira.

-Eu sei que você gosta das histórias dele, não precisa fingir pra mim. - disse pegando a mão dele por baixo da mesa e dando um aperto de leve e ganhando um sorriso do mesmo. Soltamos as mãos quando ouvimos um barulho alto do outro lado da mesa, cinco tinha acabado de fincar uma faca na mesa, não sei se foi para chamar a atenção do nosso pai ou a minha, mas agora todos na mesa estavam olhando para ele.

-Número cinco! - nosso pai chamou a atenção do mesmo.

-A gente tem uma pergunta. - Ele disse apontando para mim e para ele ainda olhando o nosso pai.

-A busca pelo conhecimento é algo admirável, mas conhecem as regras. Nada de falar durante as refeições. Está interrompendo Herr Carlson. - Sr. Hargreeves respondeu e voltou a comer como se o assunto estivesse encerado.

-A gente quer viajar no tempo! - eu disse entrando no diálogo antes que eu fosse deixada de fora.

-Não! - nosso pai respondeu sem olhar para a gente.

-Mas estamos prontos. Estamos praticando os nossos saltos espaciais, como você pediu. - Cinco respondeu e olhou para mim antes de nós teletransportarmos para o lado do nosso pai, que nem se importou. - Viu?

-Um salto espacial não é nada, se comparado aos mistérios da viagem no tempo. Um é como deslizar sobre o gelo, o outro é como descer ás cegas para as profundezas da água congelante e reaparecer como noz, já tivemos essa conversa antes zero.

-É, mas a gente não entendeu isso. Não faz o menor sentido essa frase. - Respondi exasperada.

-E é por isso que vocês não estão prontos.

Olhei para a Vanya no fim da messa e pude ver ela negando com a cabeça e nos pedindo para voltar aos nossos lugares, mas quando olhei para o cinco percebi que nenhum de nós dois estamos perto de desistir

-Não estamos com medo. - Ele disse.

-O medo não é o problema. Os efeitos sobre os seus corpos e suas mentes são imprevisíveis. Chega! Eu proíbo vocês de continuarem falando sobre isso.

Com uma última olhada para a Vanya peguei a mão do cinco e olhei para o mesmo, porra iriamos mesmo fazer isso? Como se ele tivesse lido os meus pensamentos ele me puxou em direção a porta da casa e começamos a correr.

-Número zero! Número cinco! - nosso pai chamou, mas nenhum de nós se quer chegou a olhar para trás. - Vocês não pediram licença! Voltem já aqui!

Eu quero gritar e rir daquele pedido estupido, mas estou mais concentrada em correr para fora da UMbrella Academy com cinco. Quando descemos as escadas e estamos na rua empurramos o portão com força e rimos juntos.

-Quando voltarmos ele vai matar a gente! - falei rindo alto, correndo de mãos dadas com cinco.

-Vamos mostrar pro velho que estamos prontos. - Ele disse nos levando para o primeiro salto no tempo, passado. - Não estamos prontos é o cacete! - falou sorrindo orgulhoso.

-Tudo bem minha vez! - não soltamos nossas mãos ou desaceleramos o passo nem por um momento estamos orgulhosos demais pra isso agora. Então fiz o salto, para o futuro, estava nevando o que fez a gente se encolher um pouco. - Desculpa, estava com saudade da neve. - disse rindo e fazendo cinco rir comigo. -Vamos tentar um juntos, o que me diz?

-Pensei que nunca ia perguntar, futuro okay? E sem neve. - Apertamos nossas mãos mais forte e nós preparamos para o salto, mas quando atravessamos paramos imediatamente.

Tudo estava destruído e pegando fogo, mas isso não é possível! Quer dizer ainda estamos na mesma rua da Academia. Olhei para cinco e ele parecia tão confuso e assustado quanto eu, continuamos a olhar ao redor e então puxei ele para voltarmos para a Umbrella Academy, correndo tão rápido quanto conseguimos. Não, não, não, não! Estava tudo destruído, tudo!

-Vanya! - gritamos juntos e entramos nos destroços da Academia, soltei a mão de cinco e cada um foi para um lado gritar por alguém.

-Ben! Klaus! Diego! Pai! Qualquer um! Por favor!

-Zero! Zero! A gente precisa voltar agora! - cinco me puxou pelo braço e tentou saltar no tempo, algumas vezes, mas sem sucesso. - Zero, precisa ser você, eu tô sem energia!

Tudo bem, eu consigo! Eu posso fazer isso é claro que eu posso! Okay, pensa na época que você quer, no lugar nos detalhes, os cheiros, lembra da Vanya e que você prometeu não abandonar ela!

-Aaahhh! Merda eu não consigo tem algo me puxando, me desculpa! Eu não consigo! - eu me sento no chão a pouco segundo de chorar, eu menti, deixei ela, deixei eles, eu e o cinco estamos presos na porra do fim do mundo e eu não tenho como fazer nada! Cinco se ajoelha ao meu lado também chorando. Eu pego a mão dele e ele me segura próxima dele. Tudo o que temos agora é um ao outro até conseguirmos voltar para casa.

ᴢᴇʀᴏ ʜᴀs ᴛʜᴇ ᴘᴏᴡᴇʀ || ғɪᴠᴇ ʜᴀʀɢʀᴇᴇᴠᴇsOnde histórias criam vida. Descubra agora