não seja um vilão

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Coloco meu queijo em cima do peito de Cinco e observo ele simplesmente tentar acalmar a sua respiração depois do que fizemos na cama do Ben.

-Agora é você que tá fazendo. - Ele me diz ainda de olhos fechados e eu não consigo tirar o sorriso do meu rosto.

-Fazendo o que? - Pergunto inocente e ele abre os olhos me olhando.

-Me encarando.

-Talvez eu só esteja pensando no quanto você precise cortar o cabelo. - Brinco e passo meus dedos entre seus fios escuros, ele suspira revirando os olhos e pega minha mão beijando a mesma.

-Eu fiquei preocupado, hoje mais cedo, na sua briga com a Allison.

-Por quê? Ela não ia poder me machucar.

-Você podia se machucar. Mandando-a pro limpo, eu sei que não ia se perdoar. - Ele me fala e dou de ombros.

-Talvez eu não me importe mais com ela, talvez seja isso que ela mereça. - Responde despreocupada e me levanto começando a me trocar.

-Vai aonde? - Ele pergunta enquanto coloca suas roupas também.

-Viktor. Preciso falar com ele. - Cinco suspira e concorda.

-Eu vou com você. - Ele fala e me entrega a sua gravata. - Já é rotina você amarra-la pra mim, eu gosto.

-Preguiçoso. - Brinco e amarro a mesma e lhe dou um beijo. - A gente deveria arrumar essa cama?

-Não. - Cinco responde sorrindo malvado.

Nego com a cabeça e saímos do quarto indo atrás do nosso irmão. E acabamos encontrando o mesmo no escritório do velho.

-Tá se escondendo é? - Brinco me sentando em uma das cadeiras em sua frente.

-Só tava pensando. - Ele responde e olha pro Cinco. - Foi legal da sua parte. Matar a mamãe pro Diego não precisar.

-Meu Deus, somos uma família bem esquisita, né? - Cinco pergunta se sentando ao meu lado.

-Foi uma frase meio estranha, mas a gente entendeu. - Pisco pro Viktor.

-O que vamos fazer sobre a Allison? - O mesmo pergunta.

-Ainda posso jogar ela no limbo é só pedir. - Brinco.

-Eu tô mais preocupado com você Viktor. - Cinco conta enquanto pega um charuto.

-Ela matou uma pessoa. - Viktor argumenta. - Eu só tava tentando fazer a coisa certa e salvar o Harlan.

-Sabe por que a gente queria tanto que esse último salto funcionasse? - Cinco pergunta apontando pra mim e pra si mesmo.

-Pra se casarem e poderem se aposentar?

-Também. - Falo. - Mas porque a gente matou um conselho cheio de pessoas só pra voltarmos pra casa.

-Porra. - Ele murmura chocado.

-Um conselho dos dois maiores assassinos da história. - Cinco se inclina pra frente. - Não faça as contas. Essa equação não existe. Não tem uma fórmula de "salvar cinco Harlans para cada duas Claires". Pessoas como nós nunca vão salvar vidas o suficiente para compensar as que tiramos.

-Eu não aceito isso. - Viktor responde.

-Então você fica igual a mim. - Falo atraindo seu olhar. - Com medo, paranoica, em choque e se preocupando mais com a vida dos outros do que com a sua própria, implorando pela morte. Mas isso com a morte... não é a gente que tem que lidar, são os outros que deixamos pra trás. Ter o poder que a gente tem é perigoso, pisamos em formigas, matamos pessoas e temos que aprender a lidar com o peso. Temos que aprender a seguir em frente. Mesmo que seja um inferno não poder salvar todo mundo.

-E quanto mais cedo você perceber isso, mais seguros estaremos. - Cinco pega minha mão.

-E o que tudo isso quer dizer?

-Quer dizer que você é muito perigoso, Viktor Hargreeves. As decisões que você toma causam um impacto no mundo inteiro. - Cinco informa. - Não importa o quão benevolente possam parecer, você não pode decidir sozinho.

Cinco me olha e continua.

-Sabe como chamam um herói que trabalha sozinho e que não escuta ninguém? De vilão.

-Eu não sou um vilão, Cinco.

-E eu rezo para que nunca seja, irmão. - Sorrio triste.

-Mas isso é o que ainda vamos ver. - Cinco se levando me puxando pela mão. - Chega de agir sozinho. Se você precisar de alguma coisa, sabe que sempre pode contar com a gente, mas se mentir pra gente outra vez... Viktor, eu mesmo vou te matar.

-Não. Não vai. - Falo séria e me viro pro Viktor. - Mas não me abrigue a lutar com você e te mandar pro limbo.

Falo isso e finalmente saímos da sala e me viro pro Cinco.

-Você falando que temos que trabalhar juntos é bem irônico. - Rio. - Não é você que sempre tenta tomar todas as decisões sozinho e que nunca pede ajuda?

-Mas eu tenho você então eu nunca consigo trabalhar sozinho.

-Se não tivesse ia ser bem contraditório tudo o que você falou, Sr. Estressadinho.

Ele ri e revira os olhos então a casa começa a tremer e uma onda do Kugel acontece, olho assustada para o mesmo que agarra minha mão com a intenção de nos tirar de lá, mas eu me afasto.

-Temos que ajudar os outros! - Tento correr, porém ele me segura e fala.

-Eles vão sair daqui, temos que fazer o mesmo!

-Primeiro vamos tirar eles. - Me teletransporto para a sala esperando encontrar alguém e vejo Ben desmaiada no chão com o Kugelblitz crescendo perto do mesmo e tiro ele de lá o teletransportando para o hotel.

-Ei, idiota acorda! - Chacoalho o mesmo depois que jogo o mesmo no chão, mas não funciona. - Se você não acordar agora eu vou te bater!

Ele continua desmaiado e Cinco surge com Viktor.

-Ele tá vivo? - Viktor pergunta e eu o olho com raiva.

-É bom estar! - Falo ainda chacoalhando o Ben.

-Deixa eu ajudar. - Cinco se ajoelha ao meu lado e soca Ben, bem no meio do rosto.

-Aí, porra! - O mesmo grita com a mão no nariz sangrando e eu relaxo me sentando e Cinco dá um riso mínimo. - Por que fez isso?

-Pra saber se você tava vivo. - Cinco fala o óbvio. - Você não tava acordando.

-Você podia ter me beijado loirinha, aposto que eu acordaria. - Ben fala com humor ácido e eu reviro os olhos batendo em seu braço.

-Quer levar outro soco? - Cinco pergunta nervoso.

-Como será que os outros estão? - Viktor pergunta.

-Espero que vivos e vindo pra cá. - Respondo suspirando.

ᴢᴇʀᴏ ʜᴀs ᴛʜᴇ ᴘᴏᴡᴇʀ || ғɪᴠᴇ ʜᴀʀɢʀᴇᴇᴠᴇsOnde histórias criam vida. Descubra agora