O garoto da casa amarela

Capítulo 05

"Domingo, 8 de abril de 2007

Hoje minha mãe quis fazer um jantar com a família da Dona Dora. É sempre divertido quando ela vem à nossa casa com os garotos e mais divertido ainda quando não vem com seu marido chato.

De uns tempos para cá, eu e o Teo andamos nos aproximando. Descobri que ele já está na faculdade de Medicina há dois anos e que ele não gosta da profissão.

Depois do jantar, enquanto minha mãe e a Dona Dora conversavam na sala e Daniel, Carmem e Carlos brincavam no chão da sala, eu e Teo ficamos do lado de fora, sentados na beira da piscina, com os pés dentro d' água.

Ele é um cara legal. Sempre consegue me fazer rir e por incrível que pareça, ele me acha engraçada também, ele ri bastante das minhas brincadeiras e não parece que está fingindo.

Hoje estávamos á, na piscina, conversando o motivo pelo qual o pai mala dele quer tanto que ele faça Medicina, enquanto ele quer estudar e trabalhar com Informática.

Eu sei que não deveria intervir, mas se ele quer tanto estudar Informática, então o pai dele não deveria se opor. Os pais devem apoiar os filhos em suas escolhas e não se opor a elas ou impedi-los de se realizar.

Pelo que entendi, o Doutor Cláudio acha que Teo deveria seguir os seus passos de médico, afinal, ele é o primogênito, é inteligente e Medicina dá muito dinheiro e essas coisas. Então, tive que brigar com o Teo. Disse que ele já era maior de idade e que ele é responsável pelos seus próprios atos e não o pai dele. Então, se ele quer estudar outra coisa, que não seja Medicina, arranje um emprego para pagar o curso. Não é impossível!

O engraçado é que Teo detesta quando comento sobre sua vida. Ele sempre diz que estou sendo atrevida. Mas dessa vez ele não falou nada, ficou quieto me ouvindo e suspirou, sabe aquele suspiro de exaustão? Então, foi assim. E depois ele me abraçou. E eu percebi que Teo nunca havia me abraçado. O clima pesou um pouco e eu me senti incomodada. Então disse para ele "Vamos entrar, já está tarde," Ele soltou do abraço e olhou para o seu relógio de pulso e me respondeu "Calma Sandra, ainda está cedo.". Mentira dele, porque eu sabia muito bem que já passava das onze horas da noite, então peguntei "E que horas são afinal?" e a única coisa que ele me disse antes de me beijar foi "Não importa."

Foi o beijo mais estranho da minha vida. Deve ser porque esse foi o primeiro, mas foi o melhor beijo da minha vida. Quem diria que o estranho pode ser tão bom."

Sábado, 25 de junho de 2011

- Ei gata. Vim garantir que você vai estar linda nesse encontro. - Sílvia chegou carregando uma bolsa gigantesca com roupas, sapatos e maquiagem, jogou sobre a minha cama e viu que eu olhava para meu guarda-roupas a procura de algo para vestir. - Já pensou no que vai vestir?

- Que tal este aqui? - retirei um vestido verde do guarda-roupas, eu gostava dele, combinava com meus olhos, tinha um decore quadrado, mangas curtas, era apertado nos seios e na barriga, mas soltos abaixo da cintura, era um dos meus favoritos.

Sílvia olhou durante um bom tempo para o vestido, Não é que eu precisasse da opinião dela para me vestir, mas era bom saber que eu não estava me arrumando exageradamente para um encontro.

- Eu tenho sapatos que combinam perfeitamente com esse vestido!

Sapatos altos de bico arredondados e beges, ela tinha razão, ficaram perfeitos com o vestido.

Sílvia arrumou meu cabelo. Prendeu algumas mechas para trás com pequenos grampos e cacheou as pontas. A maquiagem também não estava exagerada, o que é surpreendente vindo dela. Um pouco de blush, sombra dourada, rímel, lápis de olho, delineador e batom coral, sempre uso batom coral, é o que mais combina comigo.