Acordo em um quarto branco e estranhamente familiar. Eu vestia roupas de hospital e ao me sentar na cama consigo reconhecer que estava no laboratório de Hawkins. O desespero começou a tomar conta de mim e quanto mais eu olhava ao redor mais ofegante ficava e mais lágrimas escorriam.
Passei a mão pelos meus cabelos que agora estavam raspados novamente. Na parede um desenho infantil estava colado com os nomes "11 e papa" escritos em baixo.
Quando levantei senti o chão gelado em contato com minha pele, o que me fez arrepiar, fui caminhando rápido até a porta na tentativa de acordar daquele pesadelo. A medida que ia andando pelos corredores parecia menos um sonho, eu estava em Hawkins?
Tudo o que me lembro antes de vir para cá foi do Dr. Owens falando que recuperaria os poderes, e depois do Brenner aparecendo e tudo se apagou. Agora eu acordei no laboratório. Enquanto corria pelos corredores pude ver as duas portas principais, assim que entrei vi várias crianças brincando e um grande arco-íris na parede.
━ Ora, ora - ouvi alguém falar atrás de mim. ━ Olha quem decidiu se juntar a nós. Alguém estava bem dorminhoca hoje.
━ Onde estou? - perguntei olhando em volta.
━ Ainda não acordou direito né? - respondeu soltando uma leve risada.
━ Estou em Hawkins? - sussurrei me afastando do maior e saindo de lá.
━ Não vá para longe dorminhoca, as aulas começam as dez em ponto - o mesmo falou vendo que saia.
Corri para a saída de emergência me deparando com a sala a qual acabará de sair novamente.
━ Ora, ora - ouvi alguém falar atrás de mim novamente. ━ Olha quem decidiu se juntar a nós. Alguém estava bem dorminhoca hoje - ao me virar vejo o mesmo homem com quem havia acabado de falar.
Tentava de qualquer jeito sair de lá, mas a cada porta que eu entrava dava para o mesmo lugar, eu estava em um loop estranho e estava quase perdendo a cabeça. Sempre acabava na sala do arco-íris, um lugar onde não tenho muitas lembranças, mas as que tenho são horríveis.
Entrei novamente a sala notando uma câmera no canto da parede, peguei uma das cadeiras de uma mesa pequena que tinha lá e a coloquei em baixo da pequena câmera.
━ Parem! - gritei com o aparelho. ━ Me deixem sair daqui! - voltei a olhar ao redor percebendo um espelho ao lado da câmera, desci da cadeira me aproximando lentamente dele.
Ao parar em sua frente vejo meu reflexo, mas não de um jeito normal, era a Eleven mais nova, a Eleven criança. Toco meu rosto lentamente sendo acompanhada do reflexo.
━ Em 1786 - escuto uma voz familiar falar pelos radios. ━ Nicolas Dalayrac escreveu uma ópera chamada Nina - era o papai. ━ A história é sobre uma mulher cujo amado morreu em um duelo. Nina ficou tão traumatizada que bloqueou a memória. Era como se nada tivesse acontecido. Todos os dias, ela voltava à estação de trem e aguardava a volta do amado. Um retorno que jamais aconteceria. Se ao menos Nina pudesse saber a verdade.
━ Isso não é real - penso alto voltando a olhar ao redor.
É uma memória.
━ Me deixa sair! eu quero sair! - voltei a gritar procurando onde quer que ele esteja.
━ Desculpa Eleven, mas vai ter que achar a saída sozinha. Pare de esperar. Ache sua estação de trem. Concentre-se, ouça, lembre-se - falou por fim.
━ Eu não entendo! - gritei mais uma vez vendo as luzes piscarem.
━ Ora, ora - o garoto fala mais uma vez, e então me viro para ele tentando me lembrar ━ Olha quem decidiu se juntar a nós. Alguém estava bem dorminhoca hoje.
━ Estou encrencada? - perguntei um pouco receosa me lembrando de meu passado.
━ Não, por que estaria? só perdeu toda a diversão, os treinamentos começam daqui a pouco.
━ Certo - abaixo a cabeça encarando o chão preocupada.
━ Ei, não precisa ficar nervosa, vai se sair muito bem hoje. Eu sei que vai - Henry disse antes da porta ser aberta pelo papai.
━ Bom dia, crianças - falou enquanto formavamos duas filas ao redor do mesmo.
━ Bom dia, papai - respondemos em coro.
━ Como estão hoje?
━ Bem, papai - respondemos em coro novamente.
━ Ótimo. Número doze, faria a gentileza de abrir a porta? - pede e assim ela faz.
Uma das crianças então abre a porta e seguimos para a sala de treinamentos. Seguimos em uma fila e ainda sentia um enorme desespero no fundo de meu peito, estar nesse lugar me dava arrepios e uma enorme vontade de chorar.
Já vestimos outra roupa e estávamos na sala de treinamentos, o número dois estava movendo uma luz para várias lâmpadas rapidamente, enquanto os outros, e eu, estávamos apenas assistindo esperando nossa vez.
━ Muito bem dois, muito bem - elogiou papai assim que ele parou, Henry tirou os aparelhos de sua cabeça e o mesmo voltou para o seu lugar. ━ Quem quer ser o próximo? - perguntou se virando para nós.
━ Eu! eu, eu, eu - todos repetiam de forma sincronizada.
━ Eleven? - o maior se dirigiu a mim, fui ate a cadeira me sentando lá.
━ Você consegue - sussurrou o loiro enquanto colocava o pequeno aparelho em minha cabeça.
Comecei a me concentrar para acender uma das lâmpadas. Tentava de todos os jeitos mas nada aconteceu, soltei um suspiro frustrada ouvindo risada das outras crianças.
━ Por que perde tanto tempo com ela? - perguntou o dois rindo.
━ Calado! - brigou o papai se ajoelhando em minha frente. ━ Estão rindo de você, acham que é fraca. Mostre para eles Eleven - falou com as mãos em meus joelhos.
Ele saiu de perto e tentei novamente, e dessa vez uma das lâmpadas se acendeu, não tão forte mas acendeu.
━ Ótimo! agora faça se mexer - ouvi papai dizer e assim fiz, ou tentei, antes que pudesse tentar a luz se apagou, fazendo todos voltarem a rir.
━ Perda de tempo - repetiu dois.
As luzes voltaram a piscar, apagando em um momento. Logo se acenderam novamente, mas ninguém estava lá, só eu, e nas minhas mãos tinham sangue, muito sangue.
Tentei me levantar mas não consegui, tudo se apagou.
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𓈒 ꔛ ˙ ˖ 𝗘𝙉𝘿 𝗢𝘍 𝗖𝗛𝘼𝖯𝖳𝘌𝘙 ! ഒ
⌕ 𝗻𖦹𝙩𝘦𝗌 :: ━ Chegamos ao fim do capítulo, o que acharam? Dois capítulos saindo seguidos? que milagre é esse? Bom, sei que não estou focando tanto no Elmax, porém elas estão separadas e não queria dar outro salto temporal, acho que entendem.
━ Espero que tenham gostado, vejo vocês no próximo capítulo <3.
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