[BÔNUS] Decades of happiness...

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Michelle acordou escutando o barulho dos dois pares de pezinhos com pressa e brincalhões no corredor do lado exterior do quarto.
Enquanto o sol de Londres luminava o ambiente com raios dourados, ela abriu os olhos levemente, tateando a cama em busca do marido. Queria abraçá-lo e enterrar o rosto no pescoço dele, sendo envolta pelos grandes braços que eram seu conforto, aproveitando os poucos momentos em que o tempo parava nas manhãs e eles viviam eternamente. Entretanto, Michelle encontrou a cama vazia.

Abrindo mais os olhos levemente inchados, suspirou ao constatar que Vin não estava em nenhum lugar do quarto, e nem sequer ela escutava barulho no banheiro nem closet deles.
- Ei, ei, mais devagar, não façam barulho... - Michelle ouviu a voz abafada e silenciosa de Vin do lado de fora do quarto, no que os pequenos pés pararam imediatamente. - Vamos deixar a mamãe descansar um pouquinho mais hoje?
- Mas papai, não é o aniversário da mamãe hoje? - A voz inocente de Luna ressoou pelo corredor um pouco mais alto do que o esperado, e então Rafa fez um alto "shhhh" para que ela falasse mais baixo e Vin provavelmente estaria olhando para eles com um sorriso bobo no rosto. Aquilo fez com que Michelle fechasse os próprios olhos e aproveitasse a conversa, não percebendo como seus lábios continham uma pequena risada.

- Papai, você quer que a gente acorde a mamãe?
- Eu quero que a sua mãe descanse mais um pouco. Ela está trabalhando muito duro essa semana. - Vin respondeu de maneira que os gêmeos compreenderam e logo os passos começaram a se distanciar, descendo as escadas.

- Vocês vão trabalhar hoje? - Rafa questionou.

- Sim, mas eu tinha planejado um café da manhã bem gostoso para sua mãe. O que vocês acham? - Vin sugeriu aos filhos.
- EBA! - Ambos praticamente gritaram, mas em seguida começaram a rir, os dois pequenos tentando fazer com que o outro parasse de falar alto.
Mal sabiam eles que Michelle já estava acordada.
Ela mesmo não conseguiu conter uma breve risada enquanto se sentava na cama. Vin tinha razão: ela estava cansada.
Levantando-se enquanto se espreguiçava para ir ao banheiro fazer sua higiene matinal, Michelle pensava nas palavras de Luna. Sim, era seu aniversário.

Antes de iniciar o dia saindo do quarto, Michelle encontrou algo de diferente e interessante: uma carta, deixada ao lado de um pequeno ramo de trigo dourado, no criado mudo dela. A letra era de Vin, a caligrafia impecável dele escrita no papel cor de creme.
Curiosa, Michelle pegou o papel de textura macia entre os dedos, abrindo a carta e se sentando no sofá do quarto para ler o que o marido havia lhe escrito.

Michelle,

Eu espero estar contigo tanto aqui na terra, nesta encarnação, quanto depois. Sei que toda essa felicidade é finita, pois tudo é finito nessa vida, mas gosto de acreditar que o que temos é tão forte que permanecerá além da eternidade. Segurarei sua mão para sempre - e tenho certeza que você segurará a minha de volta.
Feliz aniversário, meu amor.

Espero sempre conseguir parar o tempo quando estiver com você, nos nossos pequenos momentos de eternidade pelas manhãs silenciosas (quando as crianças não trazem o barulho).
Hoje, eu faço uma promessa: te amarei até o túmulo.

Vin.

Michelle não sabia em que momento as lágrimas começaram a escorrer de seus olhos. Eram simples palavras, mas o fato de que Vin não poupava esforços quando o assunto era ela, sempre a fazia se sentir emocionada.

Nada do que ele pudesse comprar e dar a ela podia superar aquelas palavras escritas com tanto carinho. Simples palavras, mas que como sempre, a atingia de um jeito que apenas ele conseguia.
Ela teve que dobrar a carta com cuidado e respirar fundo durante alguns momentos enquanto chorava sem restrição alguma. Vinte anos, em todo aquele tempo, seu amor por ela não mudara - ou melhor, somente aumentara e tornara-se cada vez mais especial. E o sentimento dela por ele também.
Ouvindo a família rindo no andar de baixo enquanto preparava o café da manhã, Michelle começou a tentar secar as lágrimas ou tinha certeza que não pararia de chorar. Aquela era uma realidade um pouco improvável.

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