Capítulo 3.2

343 42 1
                                    

ANNABETH

Suspirei entrando no prédio de Piper e eu me sentia muito estranha por não estar indo para o apartamento dela e ainda passando direto pelo andar dela, que era o penúltimo antes do térreo. Perseus morava no último andar e pelo que entendi das descrições de Piper, ele tinha a área dos dois apartamentos e construiu apenas um para ele. É um choque sair do elevador e achar até o corredor mais chique e olha que Piper é rica, mas Perseus? O cara parece que limpa a bunda com uma nota de cem dólares.

Passei meus dedos por minha nuca e toquei a campainha, passando meu peso de um pé para o outro, esperando ele vir atender a porta e, assim que a porta se abriu, fui recebida por um cara de um metro e oitenta de cabelo úmido e com um conjunto de moletom cinza. Mordi o interior da minha bochecha o observando e ele deu espaço para eu entrasse em seu apartamento, suspirei pela milésima vez desde que saí de casa e arqueei um pouco minhas sobrancelhas ao reparar um pouco no local. Eu só conseguia definir o local de uma forma: caro. Muito caro.

Era surreal que ele morasse em um local tão grande sozinho, a sala dele era o meu apartamento inteiro. Passei meus dedos pelo couro da minha jaqueta preta e apenas o segui até o sofá, ele se sentou em uma poltrona e sinalizou para que eu me sentasse no sofá ou em qualquer outro lugar, acho que ele não se importa realmente onde eu vou sentar ou se vou ficar em pé.

— Isso significa que você já pensou na minha proposta — ele disse casualmente e eu assenti, olhando rapidamente em direção às escadas. Tem escadas no apartamento dele.

— Sim — falei, voltando minha atenção para ele e mordi o interior da minha bochecha, eu não conseguia nem olhar ele direito sem me sentir irritada pela irreverência que ele exalava. Detesto isso nele. Detesto que ele não ligue para o dano que causa na Olympus não cuidando da imagem dele. As pessoas começaram a questionar que caracteres estão se formando lá dentro, tudo por causa de um ator. Engoli em seco para conseguir continuar, eu precisava disso, eu não ia conseguir manter minha carreira, faculdade e sobrevivência sozinha e eu me negava a deixar que o dinheiro das minhas amigas virasse caridade, pelo menos com Perseus eu posso fingir que não sinto que é uma caridade, ele disse que precisa de mim. Então, que seja. — Se eu aceitar — coloquei ênfase no "se", fazendo ele assentir. — Eu tenho condições e se eu aceitar, todas essas condições precisam ser atendidas. Todas.

— Contato que você não me diga que não dorme sozinha, acredito que irei cumpri-las tranquilamente.

Apertei meus lábios e me encostei contra o sofá, cruzando meus braços sobre meu peitoral e o ouvi bufar antes de assentir, apoiando as mãos contra os próprios joelhos antes de falar novamente.

— Diga suas condições, eu também tenho algumas — disse, tentando soar falsamente educado. Contive meu revirar de olhos e aproveitei aquela pequena brecha para dar meus termos.

— Tudo que iremos combinar terá de estar no papel e eu quero renovar a cada dois meses, e...

— Não concordo — interrompeu, me fazendo olhar totalmente irritada para ele, não concorda? É totalmente justo! — O tempo precisa ser maior, no mínimo cinco meses.

— Seria apenas o tempo de renovar, não precisa de tanto tempo — observei, apoiando minhas mãos em minha cintura.

— Eu preciso de no mínimo cinco meses primeiro, podemos diminuir o tempo depois se precisarmos renovar, mas não vou correr o risco de você cair fora com apenas dois meses. É muito pouco tempo, não vai rolar — seu tom de voz era completamente definitivo. Ele não achava que ia continuar discutindo o tempo. Bufei baixinho.

— Quatro meses — falei, cruzando meus braços para não correr o risco de ficar mexendo na minha roupa de forma nervosa. Ele me encarou obviamente contrariado, mas era quatro meses e não se fala mais disso, estou cedendo o dobro do que eu queria. Ele deixa um suspiro escapar e eu mordo meu lábio para não sorrir, venci.

— Tudo bem, quatro meses. Quais as outras exigências?

— Você não pode atrasar a Olympus nem meu salário que vou ter com isso, nunca. — Ele assente, a parte financeiramente provavelmente era o que o incomodava menos, agora vamos lá... — Não pode sair com outras garotas enquanto estiver comigo.

Silêncio. Ele me observou por tempo suficiente para eu me sentir desconfortável e deu risada em seguida, revirando os próprios olhos. O principezinho se irrita, então.

— Isso é ridículo, não precisamos cobrar fidelidade um do outro.

— Precisamos, sim — resmunguei, o encarando nos olhos agora. — Se alguém te flagra quem fica com fama de corna e otária sou eu, então, se quer esse acordo comigo você vai ficar esses meses sem ter relações com outras mulheres. Eu também não vou ficar com outras pessoas, não se preocupe.

— Essa é sua preocupação? — perguntou, claramente debochando do meu posicionamento. Assenti, apertando meus braços ao meu redor.

— Sim, diferente de você, eu me preocupo de verdade com meu nome, não é apenas um capricho meu, eu não vou entrar nessa para sair como idiota, Perseus. Se você ferir esse acordo, eu pulo fora — avisei e ele olhou para cima por alguns segundos antes de baixar o olhar novamente e assentir, passando os dedos pela própria nuca. — E você vai ter que ir nas minhas apresentações, se vai me usar para melhorar sua vida, vou fazer o mesmo.

Ele ri e assente, erguendo os ombros. Pelo menos nós dois concordamos que é completamente justa minha colocação.

— Você sabe que não vai pagar nada da sua vida por meses, não é?

— Ah, vou sim. Vou estar pagando todos os meus pecados convivendo com você — disse, com o tom de voz mais doce possível e ele sorriu com aquilo.

— Será um prazer ser seu capataz. — Ele ergueu os ombros, passando uma das mãos pelo cabelo. — Minha vez de dizer algumas coisas: Terá de publicar fotos e outras coisas comigo regularmente, minha vida pessoal não é da conta de ninguém então o que você descobrir nos próximos meses deve morrer com você, teremos cláusulas de sigilo, não pode falar mal de mim em redes sociais públicas e terá de comparecer a maioria dos meus compromissos. Ah, e você vai ter que morar comigo.

Eu estava processando tudo muito bem, até mesmo tive espaço para me perguntar se por acaso a vida dele não era uma eterna cláusula de sigilo, mas a última frase... Aquela parte me pegou, principalmente porque ele não havia citado aquilo em momento algum. Nunca foi parte da minha linha de raciocínio ter que morar com o Perseus.

— Não posso morar com você — falei, e agora que disse em voz alta parece mais uma pergunta que uma afirmação. — Por que eu teria de fazer isso? É um namoro, não um casamento.

— Porque estamos apaixonados — ele disse, sorrindo de forma doce agora. — E morando comigo o risco de termos furos a respeito um do outro é muito menor, vai ser mais fácil assim, confie em mim.

— Não confio nem um pouco — resmunguei, ouvindo ele murmurar "idem" enquanto apoiava as próprias costas na poltrona onde estava sentado. — Mas eu preciso aceitar sua proposta. Não é como se eu estivesse cheia de opções.

Infelizmente, acrescentei mentalmente. Ele se ajeitou rapidamente na poltrona e eu o observei por um momento, eu realmente estava concordando morar com um cara que mal conheço? Quero dizer, eu já morei em lugares com situações muito piores, não é a toa que fugi dele, mas ainda assim parece meio irreal na minha cabeça. Se me dissessem que eu ia mesmo concordar em ter um namoro falso com O babaca dois dias atrás, eu riria e falaria que a pessoa claramente precisa de ajuda psiquiátrica, mas hoje... Suspirei, hoje aqui estou eu, dizendo que concordo entrar nessa maluquice em troca de ter minhas contas pagas. Que fodido.

Apoiei minha nuca no sofá quando ele começou a explicar sobre os advogados que estariam envolvidos e eu estava ouvindo pela metade, como cursava marketing, entendia perfeitamente como funcionavam alguns acordos. Eu tinha uma pequena curiosidade ainda, o que realmente fez ele querer propor isso a mim? Com certeza tinham outras pessoas para pedir isso. Por que eu?

Porém, pelo bem da minha saúde mental, decidi deixar isso em uma caixinha na minha cabeça, de coisas que era melhor não saber.

Suspirei. Eu realmente conhecia a teoria desses acordos no meio da fama muito bem. Só não esperava ter sair da teoria para a prática agora.

INDUSTRY BABY | AU TEXT PERCABETHOnde histórias criam vida. Descubra agora