Prólogo

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Por mais clichê e redundante que seja, Eddie Munson sempre soube que morreria cedo. Isso não por uma questão de coragem ou bravura, muito menos uma questão de perigo, mas sim porque ele sabia que em uma perspectiva grande das coisas não existia um futuro para alguém como ele em um mundo como o qual ele vivia. Então, sim. Eddie Munson sabia que morreria cedo, porque nenhum fracassado como ele provavelmente conseguiria viver depois dos 30 anos.

Mas honestamente, morrer de um ataque de morcegos em um mundo invertido não era exatamente o que ele imaginava para sua tão grande morte aos 20 anos. Se qualquer coisa, pelo menos seria uma história interessante para ele contar quando chegasse no inferno, mil vezes melhor do que morrer sendo espancado em um beco do lado errado da cidade de Indianapolis, que era sua primeira opção.

O humor disso tudo é que, pela primeira vez em sua vida, Eddie Munson decidiu não ser um covarde e lutar por alguma coisa. Claramente uma decisão horrível, agora que ele sabia qual era o resultado, mas já não havia volta.

Deitado nos braços de Dustin e se engasgando em seu próprio sangue, o homem só conseguia pensar em como, mesmo tomando uma decisão que ele imaginava ser a certa, nada havia feito diferença. E ele não estava pronto para morrer.

"Eu não fugi dessa vez." Disse entre soluços a Dustin. O mais novo lhe olhava com lágrimas nos olhos, ainda tentando estancar o sangue que não parava de jorrar de seu pescoço e abdômen. Eddie sabia que aquele esforço não faria diferença. Faltavam poucos segundos para seu tempo acabar.

Ele não estava pronto para morrer. Mas Dustin não precisava saber disso.

"Não, cara, não." Era perceptível que Dustin abraçava seu corpo cada vez com mais força, mas Eddie não conseguia sentir nem sequer as lágrimas escorrendo por seu próprio rosto, que dirá o desespero do jovem que tentava fazer com que ele se mantivesse vivo por mais um único minuto. "Steve e as meninas já devem estar voltando, aguenta só mais um pouco."

"Eu disse que esse seria meu ano." Sussurrou para o menino, sentindo o último aperto em seu coração que deixava de bater.

Eddie tinha que ser corajoso pelo menos uma última vez. Pelo menos por ele.

the art of dying (twice) | steddieOnde histórias criam vida. Descubra agora